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22 de maio de 2025

{Resenhas de Quinta} Afundação - Isaac Asimov

Vamos começar do começo: Não eu não li todos os livros (mesmo desta primeira trilogia na ordem cronológica e compilados no volume que comprei e serviu de base desta resenha) e não posso comentar sobre o que acontece onde eu não li (ou se faz mais sentido num volume posterior) e antes mesmo de comentar o livro eu acho que é importante contextualizá-lo.

O livro foi escrito entre 1942 e 1950 sob a forma de contos que depois foram compilados em livros entre 1951 e 1953, e, bem, isso é um momento bem mais analógico na história do tempo que hoje para dizer o mínimo, ainda que, se publicado em qualquer momento entre 1600 e 1950 ele continuaria tão relevante e pertinente quanto em qualquer outro período pois sua visão da compilação de uma enciclopedia (sem spoilers, por mais que seja um livro de 1950) de todo o saber faz sentido em um mundo analógico.

Em um mundo digital é só pesquisar em alguma aba qualquer e em questão de segundos um número gigantesco de informações está disponível para você... Mas criticar um escritor que não previu a invenção e popularização da internet nos anos 1940 é bastante desonesto, para dizer o mínimo, ainda mais quando o livro oferece algumas reviravoltas aqui e acolá e a história vai se transformando em algo completamente diferente.

No entanto, esse é o começo do livro (de que um cientista prevê o fim das estruturas governamentais como conhecemos em um período distante e é necessário reunir um gigantesco grupo de cientistas num planeta remoto para escrever uma enciclopedia - para auxiliar a reconstrução do mundo após o colapso), e essa ideia da enciclopedia galática, talvez eu esteja errado, é justamente o mote de algumas das piadas de Douglas Adams no Guia do Mochileiro das Galáxias (inclusive ao comentar que o Guia é ligeiramente mais barato que a Enciclopédia, no primeiro livro).

Só que, e isso é importante também, A Fundação não é um livro, ou se preferir, apenas um livro. Cada sessão do primeiro livro conta a história sob a perspectiva de um personagem ou grupo e, ao final dessa sessão há um salto de uma quantidade indistinta de tempo (30, 50 ou bem mais anos), inclusive com um salto te tempo entre os capítulos (mais curtos, mas dificilmente os eventos de um capítulo dão imediata sequência no capítulo seguinte - geralmente se passaram dias ou semanas, ou, em alguns casos, muda-se a perspectiva para outro personagem em outro lugar).

Isso inclusive oferece um contexto e perspectiva muito maior no que essa instituição é e representa num contexto maior do universo - ou em sua pequena porção do universo - com um grupo de pouco mais de 150 mil no começo e que se tornam toda uma sociedade independente e força a ser reconhecida, permitindo com cada capítulo oferecer maior perspectiva neste universo (ainda que pouco ou quase nada sobre os personagens).

Verdade seja dita, Asimov trata o livro quase como História (com H maíusculo, da matéria que analisa o passado, mas dessa vez verificando o futuro), retratando apenas pontos de interesse e os momentos cruciais destes personagens no que definiria os rumos do futuro, e isso é claramente o que o separa e diferencia de outras obras do gênero.

Não apenas isso, Asimov sempre trata a ciência como fato essencial para a ficção científica (e não como se fosse quase magia por se tratar milhares de anos num futuro e basicamente qualquer coisa é possível), e o processo científico que é dificil e exige trabalho duro para se conseguir avançar minimamente (se é que qualquer avanço possível).

Vale muito a pena, principalmente se você gostar de ficção científica, mas para quem não gosta muito do gênero, é uma sugestão interessante para começar a desbravar.

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