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29 de maio de 2019

{Editorial} Os Simpsons em números

Maio foi o mês em que a Fox resolveu abraçar de vez a noção de que os Simpsons são o carro-chefe do canal e exibiram uma temporada da família amarela por dia até a estreia da temporada 30.

E enquanto as discussões sobre o seriado decair em qualidade já serem bem velhas (eu escrevi sobre isso em 2015, e tem esse vídeo de 2017 além de mais uma dezena de outros exemplos que eu poderia postar). Eu acredito ainda nas palavras que escrevi em 2015 sobre nostalgia nublar nossa opinião de fãs mais velhos que acreditam que o material era muito melhor do que realmente era (droga, tem um episódio em que o irmão do Homer inventa uma geringonça que traduz o que crianças e cães dizem!).

É verdade que muitos episódios realmente ruins vieram nas temporadas mais recentes (como aquele com a Lady Gaga ou aquele com as drogas do vovô que fazem seus olhos pularem fora de órbita ou ainda aquele incrivelmente estúpido episódio que tenta homenagear Star Trek levando os Simpsons para o planeta de Kang e Kodos que não é um especial de Halloween).

Claro, claro, fica difícil criar novas ideias que consigam ao mesmo tempo referenciar eventos atuais enquanto criticam de maneira inteligente os mesmos - e sem parecer repetitivo com o que já foi feito bem melhor temporadas atrás, como Milhouse como Fallout Boy na sétima temporada em O Homem Radioativo criticando a indústria de entretenimento de Hollywood enquanto repete a mesma trama com Homer estrelando um filme sobre o 'Everyman' na 21a primeira temporada...

Mesmo as referências que eram discretas e parte de uma narrativa maior, principalmente nos especiais de Dia das Bruxas como Homer vendendo a alma por uma rosquinha (algo que parece coerente com os personagens e suas idiossincrasias) para, bem, paródias que fazem Seth Macfarlane parecer sútil. Tem aquela suruba de menções a Kubrick em A Clockwork Yellow que não consegue nem ser engraçada, inteligente ou interessante (ou homenagear Kubrick direito), ou o episódio 600 com uma versão sem graça de Jogos Mortais e dos filmes de espiões (com direito a uma canção sem graça baseada em filmes de espião).

O que esses episódios sem a menor imaginação denotam é que são como aquelas ridículas produções de 'comédia' como os Espartalhões e filmes similares que querem citar o máximo possível de filmes como se isso fosse engraçado sem de fato entregar alguma piada (veja A Clockwork Yellow acima e me diga se estou errado).
Mas isso não significa que todos os episódios sejam de fato ruins.

A vigésima quinta temporada traz alguns ótimos episódios em Roube esse episódio (sobre pirataria na internet), Blocos Vorazes (em que os personagens se tornam Lego) ou A Guerra da Arte (sobre, bem, o valor de arte). Depois disso ainda tem Simpsorama e Barthood por exemplo. Mas a queda da audiência do show é notável. Os números não mentem e enquanto 2009 chegavam a 14 milhões de espectadores americanos, com mínimo de 5, a temporada 30 terminou com 1,5 milhão de espectadores e pico de 8,2!

Se olharmos mais pra trás, a situação fica AINDA mais gritante com 30 milhões de espectadores nas duas primeiras temporadas, caindo para menos da metade disso nos dez anos seguintes para recuperar o fôlego a partir da 12ª temporada (voltando a cair na 17ª)!

Os números da 30ª temporada são desalentadores.
A audiência é baixa, as notas não são exatamente animadoras (53% no Rotten Tomatoes, enquanto a temporada anterior teve 81 enquanto o IMDB traz quatro notas abaixo de 6,0  sendo a nota mais alta 7,1!) Em comparação, a primeira temporada não tem um único episódio abaixo de 7,0 no IMDB, assim como a 10ª, mas eles aparecem na 20ª...
O que eu quero dizer é que a média vai baixando (o que pode significar mais a má vontade dos críticos do que efetivamente má qualidade, afinal mesmo ótimos episódios de temporadas anteriores também tem notas baixas, Nasce Um Burns, o ótimo episódio crossover com O Crítico da sexta temporada tem um mísero 8,5!), mas no geral ainda se mantém na faixa do 7,3, o que seria um equivalente a um 'B', mantendo essa média mesmo com algum solavanco aqui e ali.

É verdade que comparando com BoJack Horseman são notas bem menores (pontos baixos a 7,1 e alto em 9,8 com média 8,2) ainda que sejam bem menos temporadas... Ao mesmo tempo que Family Guy, igualmente com menos temporadas tenha notas beeem piores (3,8 na última temporada com o episódio 'You can't handle the booth'), e uma média de 7,2.

O problema reside mesmo com a audiência que chegou a pontos muito baixos, ainda que possa ser relativizado (afinal, muita gente pode assistir em reprises ou aguardar para ver tudo de uma vez no Hulu ou num futuro próximo no Disney+) afinal tem mais a ver com nossos padrões de consumo de entretenimento ainda que não seja exatamente algo animador para os produtores e executivos...
Quer dizer, se os dados da Netflix tiverem alguma validade com os 40 milhões de espectadores para You ou Sex Education há de se esperar que sistema por demanda com os Simpsons consigam manter alguma audiência.
Sei que tiveram várias críticas às medições da Netflix não sendo precisas, mas não me parece tão improvável considerando-se tudo (mesmo neste pequeno texto com os 30 milhões de expectadores para os Simpsons em 1989).

Agora, vale levar em conta que outras animações como South Park (que possuem notas bem melhores, com uma média de 8,1) mal chegando a 1 milhão de espectadores na última temporada e números acima dos 3 milhões de espectadores somente em 2010. E mesmo Family Guy (que vai um bocado melhor com 3 milhões de espectadores em média) também vem decaindo ano a ano.
Archer sofre do pior destino com números insignificantes (abaixo do meio milhão de espectadores) e caindo e o único exemplo que localizei em que os números aumentaram conforme as temporadas avançaram é o novato Rick and Morty, mas que mal chega aos 3 milhões de espectadores (que é a média de Family Guy).

Cai na análise dos números, que obviamente os investidores da Disney fizeram e estão fazendo nesse exato momento, do propósito de se manter o seriado por mais algumas temporadas no ar e, mais que isso, se existe algum propósito maior (Passar dos 750 episódios - pro qual faltam aproximadamente 88 episódios ou 4 temporadas de 22 episódios...? Chegar a uma marca como o episódio 1000?), mesmo que seja apenas com o propósito de expandir um pouco a variedade do segmento de animação/programação adulta do Disney+.

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