Nota: 9,5/10 |
Tenho que admitir que depois de meu último livro de Philip K Dick, Um Reflexo na Escuridão eu fiquei um pouco frustrado e dei um bom tempo pra voltar a ler alguma coisa do autor...
Até ver o belíssimo lançamento da Suma das Letras com seu esplendor de capa dura e essa psicodélica imagem (ao lado) me convidarem a vislumbrar que tipo de mundo bizarro o autor teria para contar dessa vez...
Ainda que eu veja na premissa alguns lugares comum de outros livros do autor - tem alguns vislumbres de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas, ao mesmo tempo que um pouco de Equipe de Ajuste e Lembramos para você a preço de atacado... Não que isso seja ruim por si só.
Longe disso, é bem do metiê do autor e reclamar de Philip K Dick escrevendo sobre gente presa entre a realidade e a percepção de realidade é como reclamar que a água está muito molhada...
Mais do que isso até, vale destacar que o O Tempo Desconjuntado tem inclusive uma série de sacadas muito mais inteligentes que os livros acima citados, e consegue criar uma história sólida e interessante por conta própria.
O livro é muito bom, e estou me esforçando ao máximo para não entregar qualquer reviravolta - o que é difícil porque cada pequeno e aparentemente nulo detalhe (como um concurso de um jornal) representa algo muito maior no grande esquema das coisas.
Se tenho que criticar alguma coisa - e, bem, eu acho que tenho - seria a obsessão da época em que o livro foi escrito e que forma a 'visão' do que seria o futuro e que acaba construindo algo muito mais para os Jetsons do que uma extrapolação científica lógica.
Não acho que comprometa (muito) porque é até bem fácil contornar isso com alguma das tradicionais explicações para os protagonistas do autor (como algum surto psicótico induzido por drogas ou transtorno mental ainda não catalogado), mas acho que é importante notar.
Recomendadíssimo.
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