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3 de julho de 2025

{Resenhas de Quinta} 20th Century Pet Shop Boys.

20th Century Boys foi publicado originalmente entre 1997 e 2006 e reverenciada bastante na época de sua publicação original como o 'Watchmen japonês', a série de Naoki Urasawa foi publicada em boa parte do mundo e é bastante renomada... E eu não tive vontade de ler até agora.

Quer dizer, verdade seja dita, a série foi publicada originalmente no Brasil pela Panini em 2012 (uma época que eu estava lendo muito pouco quadrinhos - e, fugia de mangás como o diabo foge da cruz), e depois disso nada. Nenhuma republicação, nenhum animê ou filme...

Eu lembro que via notícias no Omelete na época sobre a série (então você já deve ter entendido o motivo das comparações com Watchmen), e, nesses quase vinte anos da conclusão original do mangá, o material parece que foi sumindo e se perdendo.

Semana passada ou retrasada eu encontrei o volume 1 da nova republicação da Panini (agora em 2025 mesmo) na versão "Edição definitiva" e tudo o que eu falei nos parágrafos anteriores passou a fazer bem mais sentido.

Quer dizer, as comparações com Watchmen parecem bastante óbvias nesses primeiros capítulos (uma gigantesca conspiração global enquanto eventos se desfraldam em diferentes linhas do tempo, enquanto o assassinato de uma pessoa reune o restante de seus antigos conhecidos), enquanto algumas outras coisas menos óbvias vão dando sinal também  (quer dizer, spoiler talvez, mas a identidade do pai da bebê Kanna não é uma surpresa pra ninguém, né?).

Mas nada disso é o que faz Watchmen uma obra interessante e relevante quarenta anos depois. Está no estilo narrativo (com os trechos no final dos capítulos que mudam para anexos, como trechos de livros, de revistas ou demais materiais) enquanto a narrativa abstrai para entre personagens terciários e uma história de ficção dentro da obra de ficção com os contos do Cargueiro Negro ainda mesclando elementos não lineares para a história. Isso com personagens complexos e bem desenvolvidos e uma história que tenta explorar a metalinguagem do universo de quadrinhos estadunidesnses de super-heróis em contraste com o mundo real.

20th Century Boys não faz nenhuma dessas coisas, só as batidas narrativas rasas mesmo.

Um dos pontos relevantes da história é a conspiração de uma seita macabra que parece surgir do nada e cativar cada vez mais fiéis, algo que é um ponto análogo com algo, infelizmente, bastante comum no Japão, e que permitiria a construção de metáforas e analogias mais complexas sobre este mundo e personagens.

Infelizmente não é o que vemos, com uma visão bastante rasa e até mesmo simplista sobre essas seitas e seu apelo (e, até mais que isso, sobre sua capacidade de influência).

Mais até que isso, a conspiração toda que se desfralda na história de Naoki parece boba em comparação (e, eu sei que li apenas o primeiro volume de 12, mas, sejamos honestos, uma seita de um líder espiritual chamado 'Amigo' que era um moleque esquisito e paranormal além de colega de classe de um pessoalzinho quase 30 anos atrás?).

Olha, os personagens são muito bem escritos e desenvolvidos e suas histórias pessoais e suas interações interpessoais são absolutamente fantásticas. Os trechos do passado enquanto as crianças tem planos são um deleite constantemente, e boa parte das cenas em que os amigos estão só curtindo ou fazendo alguma coisa comum (sabe, como cantar num karaokê ou, absurdo, trabalhar) são incriveis em sua simplicidade e talento e, com toda a certeza isso é mais do que motivo para ler ou recomendar.

Só que a história não engrena ou empolga como deveria. O mistério do 'Amigo' e sua seita (que se inspira numa brincadeira de crianças de 30 anos atrás...? Droga, o volume 1 da série termina com um assassinato e nem isso me deixou com vontade de ler a segunda edição (pra ser honesto eu tive que reler parte do material para concluir essa resenha).

Talvez o material encontre seu tom depois de um tempo, afinal são quase 250 capítulos (além de um epílogo com mais 16 intitulado 21st Century Boys), e eu mal li dez porcento disso, mas se eu disser que do que li me empolguei pelo resto, estaria mentindo.

Então isso me coloca na terrível condição de não desrecomendar... Quer dizer, tem seus momentos e coisas que são realmente boas, mas a história principal não anda o suficiente para formar algo interessante para empolgar (talvez um dos motivos pelos quais a série não foi republicada em quase dez anos pela Panini e pelo qual não tem nenhum animê ou filmes), indicando a falta de interesse em geral.

Se você achar numa promoção, tente pelo menos para ver se funciona para você. 

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