{Resenhas de Pilgrim} Scott Resenha - A Série

Scott Pilgrim é uma série sobre um garoto de 20 e poucos anos que tem dificuldade para encarar o mundo real e - não apenas por isso - enxerga o mundo como um grande jogo de videogame. Isso se mostra entre as muitas referências tanto visuais e contextuais como na forma como o personagem titular lida com, bem, absolutamente tudo (encarando a vida romântica como um jogo de luta em que precisa enfrentar os antigos pretendentes de seu interesse romântico ou como ele encara um emprego de maneira idêntica a um jogo de RPG - ganhando experiência e algumas moedinhas por um dia de trabalho).

Para todos os efeitos, Scott não é um dos caras legais (com seus cabelos e sorrisos perfeitos e que pegam geral) de seriados como Friends ou tantos outros que permeavam os anos 1990. Ele é mais para o cara esquisito que fica ao canto falando sobre videogames a noite toda entediando os outros, e isso, ao menos para mim, sempre bateu muito próximo de casa.

A série em quadrinhos tem 6 volumes, que inciaram em 2004 e já foram republicados várias vezes - em branco e preto e em cores - e o material foi adaptado para um filme em 2010 dirigido por Edgar Wright. Hoje, próxima de completar 20 anos de existência e com o Scott da série mais próximo dos 40 que dos vinte e poucos de 2004, o criador Bryan Lee O'Malley produziu um projeto bastante ambicioso em parceria com o diretor do filme de 2010 e boa parte de seu extremamente famoso elenco - que inclui vários atores e atrizes de filmes da Marvel - para retornarem a seus papéis.

Antes de continuar eu acho no mínimo apropriado destacar que a tradução brasileira fracassa ao mudar o título - usando somente 'A série' quando no original é 'Takes off' ou algo como 'Decola' - e essa distinção é importante uma vez que a série animada toma uma bela guinada do material original a partir do final do primeiro episódio (sem spoilers) e desenvolve os personagens de maneira mais tridimensional, dando mais espaço para que os personagens secundários funcionem melhor.

Confesso que não gosto de todas as decisões tomadas, e a princípio eu genuinamente não estava particularmente gostando dos rumos (como a porca justificativa para dois personagens 'entrarem' em filmes para lutarem), e eu realmente acho que a cena de Ramona pintando os cabelos que inicia boa parte dos episódios, bem, são preciosos segundos que a série utilizaria melhor de outra(s) forma(s).

Mas a animação é divertida, a trilha sonora funciona muito bem (ainda que eu ache difícil bater a trilha composta por Beck para o filme de 2010, agora, sejamos honestos é possível falar qualquer coisa de negativo da abertura da série?) e a partir do quinto episódio (com o documentário falso e maior enfoque no Jovem Neil) melhora bastante e na minha opinião a partir daqui a série flui brilhantemente. Mais até que isso a variação da narrativa para uma estrutura que ao mesmo tempo é fiel à essência do material enquanto muda completamente sua estrutura e narrativa.

Eu gostei bastante, espero que a série tenha chance para uma segunda temporada e genuinamente recomendo que todo mundo confira.