O mais difícil de criticar um livro ruim de um autor que gostamos é que constantemente caímos na defensiva. "Ah, mas o melhor livro do fulano ainda não chega aos pés do pior desse autor" e coisas do tipo.
Não muda o fato que o livro é ruim.
Com Saramago é bem isso pra mim, mas eu não sei dizer se Caim é um livro ruim especificamente, porque, com toda a sinceridade, quando o li não me pareceu. Pelo contrário, eu me vi bastante empolgado e devorei o livro como poucas vezes o fiz ultimamente, e, em um final de semana havia lido todo o material compulsivamente.
Então porque eu digo, logo no primeiro parágrafo inclusive, que o livro é ruim? Bem, pra começo de conversa ele não tem um final... Simplesmente acaba, ponto, finito e é isso. Até existe a questão de que o argumento final o próprio livro veio desenvolvendo nos demais capítulos, mas isso é meio preguiçoso.
Faltou um arremate, um argumento final, um belo laço para fechar a obra de maneira pungente e categórica e encerrar o material... O que, bem, simplesmente nunca acontece, e, eu sei que é o último livro publicado por Saramago ainda vivo - e talvez ele já estivesse cansado e doente e simplesmente não tivesse conseguido aquele arremate fantástico para encerrar o livro... Ou talvez ele simplesmente quisesse escrever esse livro do jeito que ele fez - com uma história da Bíblia analisada sob uma perspectiva cínica mais realista e coerente, com a sagacidade característica do autor, e isso vale muito a pena.
Só que falta um final, algumas das passagens parecem completamente desnecessárias (como as várias cenas de sexo do livro) e outras redundantes (como algumas histórias com o mesmo ponto e conclusão).
O que, talvez, seja mais o fato de que minhas expectativas eram maiores do que o livro efetivamente entregou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário