Com o aniversário de dez anos do incêndio criminoso na boate Kiss, fica um pequeno vagalume brilhando em nossa mente aqui e acolá quando lembramos e pensamos mais a fundo sobre, por maior que seja a tragédia e nada possa se comparar ao comportamento monstruoso dos empresários responsáveis pelo estabelecimento, o que nós temos que realmente tirar dessa situação é o quanto ela realmente diz sobre o empresariado brasileiro, porque ela efetivamente não está sozinha e isolada.
Sim, temos que analisar com muita certeza que o fato desse desastre não ter ocorrido antes e em maior escala em diversas ocasiões dos anos 1990 - com o cigarro não só liberado dentro dos estabelecimentos como patrocinando eventos com artistas gigantes, ou seja, efetivamente endossando e pedindo para as pessoas consumirem um produto capaz de iniciar incêndios sem grande dificuldade, ainda mais com tanto álcool, que é um perfeito combustível para o fogo, em quantidades enormes e disponíveis. E, vai por mim, só falo dos anos 1990 porque eu vi e vivi esse período, mas não seria de se suspeitar que em décadas anteriores que mais cigarros e álcool estariam em estabelecimentos semi-enclausurados.
Mas para economizar uns centavos, para reduzir meia dúzia de custos - e, se for conveniente ou o caso, aplicar um gigantesco golpe nos investidores e fornecedores desde que o empresário saia com dinheiro ao final. Como a UcconX (lembra desse? Que o pessoal responsável tá aí ainda aplicando golpes e já está nessa toada há quase uma década fazendo esses eventos furados) e, agora recém-descoberta a gigantesca fraude das Americanas (e, para a surpresa de absolutamente ninguém de outras empresas de propriedade dos bilionários que são donos da mesma).
Esse é o capitalismo em que o empresário reclama que tem muitos impostos a pagar (e por isso sonega) mas corta os custos de toda a forma indiferente de quem será prejudicado no processo (afinal, ele próprio não o será).
Corte gastos, corte gargantas... O que for necessário para que sobre um pouco mais de dinheiro no seu bolso, não é mesmo?
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