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10 de fevereiro de 2022

{Rusagi de Quinta} Esenhas Yojimbo - Ronin

Usagi Yojimbo começou sua jornada pelo Japão fictício cheio de animais antopomorficos brandindo espadas e claramente inspirados pelo folclore japonês (como Miyamoto Usagi, o protagonista coelho curiosamente com o mesmo nome do famoso espadachim Miyamoto Musashi) em 1984, mais ou menos na mesma época do surgimento das Tartarugas Ninja. A diferença é que Stan Sakai conhece melhor as técnicas artísticas dos mangás - e filmes japoneses - e isso fica evidente no seu estilo narrativo que é bem diferente do material de Laird, Eastman e, bem, praticamente tudo vindo da América.

A diferença é que Laird e Eastman fizeram um ótimo contrato para a produção de uma série de televisão, filmes e vender bonecos enquanto os quadrinhos japoneses que inspiraram Usagi Yojimbo foram chegando ao Ocidente - com Frank Miller auxiliando a publicação de o Mandaloriano... Digo, Lobo Solitário a partir de 1987 pela First Comics, e auxiliando a popularização dos quadrinhos japoneses no resto do mundo.

E olha que Laird e Eastman até deram uma mão para Sakai mais de uma vez colocando Usagi nas animações das TMNT... Ele só não deu muita sorte, porque honestamente vendo o trabalho é muito fácil observar o quanto a peregrinação do coelho ronin é melhor escrita e no geral Sakai tem (muito) mais talento que seus contemporâneos independentes. Só que eles, como Forrest Gump estavam no lugar certo na hora certa e aproveitaram a chance.

Mas eu acho que tem um segundo ponto importante que fez as Tartarugas Ninja funcionarem e Usagi não. As cores.



A série clássica das Tartarugas Ninja assim como as história tradicionais de Usagi Yojimbo produzidas e publicadas de maneira mais independente (inclusive utilizando de fotocopiadoras para produzir edições), trabalhava como podia para economizar alguns centavos e produzir o material nos prazos. Produzir em branco e preto (com alguns cinzas) ajudava justamente nisso, enquanto seguindo com um estilo mais próximo dos quadrinhos japoneses... Com as animações dando cor e dimensão aos personagens (de novo, as Tartarugas Ninja e no Japão com os Cavaleiros do Zodíaco cada qual com sua armadura colorida e Dragon Ball e seus tradicionais uniformes laranja, sem esquecer da moto vermelha de Kaneda), Usagi ficou por tempo demais num mundo branco e preto do mangá, e, por consequência parecendo um produto de outra época.

(O que realmente não ajuda quando a história traz animais antropomorficos contando histórias que outros quadrinhos japoneses mais sérios estavam contando com pessoas, e, de novo com os mangás, animês e filmes janponeses em geral cada vez mais acessíveis para o resto do mundo).

Essa tecla inclusive é importante porque ler Usagi Yojimbo (contando a história de um coelho inspirado em Musashi) depois de ler Vagabond (contando a história de Musashi), ou encontrando a Cabra Solitária ou Zato-Ino... Todas histórias que em 1984 quando Sakai iniciou sua publicação não eram (tão) conhecidas do público ocidental.

Sakai obviamente evoluiu seu estilo e refinou a qualidade tanto narrativa quanto artística, mas essas origens, seja na versão da Hyperion Comics ou a edição colorida da IDW de alguns anos atrás (que eu particularmente achei melhor).

Ao final, é um material interessante e que vale a pena conferir - nem que seja um preview ou alguma versão gratuita/incluída em assinaturas. 

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