Em As Aventuras de Huckleberry Finn de 1885 (publicado já vinte anos APÓS a libertação dos escravos por Lincoln - ainda que apenas três anos ANTES da lei áurea no Brasil), Mark Twain nos apresenta através de comentários sociais e sátiras o personagem do pai do protagonista da história.
O pai de Huck é um bêbado, iletrado e preguiçoso que, em dado momento da história, demonstra-se ainda por cima um racista de mão cheia fazendo um longo discurso sobre como os rumos tenebrosos que o país seguiria haja visto estados permitindo, que, pasme, pessoas negras pudessem votar. Isso se dá em uma cena em que o bêbado, iletrado, preguiçoso (e racista) pai de Huck se depara com um homem negro que leciona em uma universidade, e isso o dispõe a falar sobre os rumos terríveis que o país estava seguindo.
Este sentimento, como vale destacar, não é isolado e foi se proliferando e ganhando vazão ano após ano com medidas, políticas e ações racistas - que levaram a enormes quantias de simpatizantes ao movimento nazista nos EUA por mais que queiram negar esse fato (e, o fato que Jack Kirby recebia ameaças por publicar uma hq estampando um personagem socando Hitler na fuça é algo que não se deve esquecer) - e é fato que Kurt Vonnegut aborda em seu O Espião Americano (Mother Night) de 1961 sobre um nazista sendo abraçado de maneira tão lacônica por membros da Ku Klux Klan.
Não se limita a isso, claro, com inúmeras vozes negras destacando exatamente o mesmo tipo de raciossímio seja em 1979 com Octavia Butler em seu excelente Laços de Sangue ou Spike Lee em 2018 (isso mesmo) com Infiltrado na Klan - que inclusive termina justamente mostrando algumas das bizarras e chocantes cenas recentes de apoiadores de Trump e outros tipos de excrementos humanos (ou humanos excrementos, se for o nome mais apropriado).
E isso se propaga, repete e continua - explicando muita e muita coisa deste cenário em que um bizarro homem laranja e com tão baixo QI representa tantos e tantas não apenas na terra do Tio Sam.
Este lado, que por civilidade e educação quase sempre fingimos não existir ou ver mais, que é apenas uma caricatura antiga e perdida de um mundo antigo (láaaaaa de 1885 do Mark Twain) e, que, de fato DEVERIA ser, mas que longe de ser uma caricatura é retrato fiel de tantos e tamanhos ainda bem vivos hoje em 2020.
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