Peep Show é aquele programa que, bem, a princípio é fácil não dar nada e enxergar como algo difícil de se assistir, seja pelos protagonistas pouco ou nada empáticos (e conforme o programa avança, cada vez mais sociopáticos) enquanto o estilo e edição fogem um bocado do convencional como com a escolha de câmera em primeira perspectiva.
Esse baque passa conforme se avança pela mente bizarra dos protagonistas e se aventura (ou desventura) pelo mundo de Mark e Jeremy em suas frustrações de viverem, se relacionarem e entenderem o mundo moderno como seres humanos comuns e normais, sendo eles duas aberrações terríveis se escondendo sob uma faceta de tradicionais britânicos em valores e condição.
Mas é justamente essa estranheza que permite ver o mundo através das lentes do(s) protagonista(s) e desfrutar de sua perspectiva peculiar, ver a estranheza de seu mundo mais de perto e, até mesmo, encarnar suas neuras, seus traumas e ver o quanto estas são tão mais próximas de nossas próprias neuras e traumas, e, mais até, do que gostaríamos de admitir.
Com um humor ácido, cheio de cinismo e sarcasmo, a série vai abordando cada vez mais as nuances do dia a dia de pessoas aparentemente comuns em suas situações incomuns (ou seria o contrário?).
Claro que ao longo das nove temporadas da série ela segue para cada vez mais extremos bizarros, mas isso não a deixa menos interessante ou seus personagens menos relacionáveis ao nosso bizarro normal. As frustrações de Mark em sua vida romântica assim como os fracassos na(s) carreira(s) de Jez enquanto músico e posteriormente guru de auto ajuda ressoam, dados seus devidos extremos, em muito do que nos é comum e normal, e ambos acabam como dois lados de uma moeda (insana).
E é impossível ignorar os brilhantes coadjuvantes, sejam (Super) Hans, Johnson, Dobs e cada um dos outros personagens que surgem para atrapalhar ainda mais a já complicada vida dos protagonistas, que sem sombra de dúvidas acrescentam enorme variedade e cor ao cenário londrino de Peep Show.
Uma das melhores comédias que já assisti, e vale a pena conferir sem medo.
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