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14 de outubro de 2020

{Editorial} Eu juro que não é velhofobia

Alguns anos atrás eu estava com um tio meu em uma dessas casas de doces para buscar um bolo para a comemoração de aniversário de meu tio, e, eis que um senhor idoso desova a falar sobre como cartão de crédito é coisa de otário. Nesses termos mesmo, nessa condição.

O mega economista com pós doutorado em Viena e dois prêmios Nobel discorreu sobre como só idiota usa cartão de crédito e mais uma série de pérolas que, bem, se deve esperar e imaginar de alguém altamente qualificado. Pagou sua conta e saiu na sequência ciente de que fez uma enorme contribuição para a humanidade.

Constrangido, meu tio acabou pagando o produto que foi buscar no débito, mas posteriormente admitiu que era sua intenção usar a função crédito e só não o fez graças ao sermão do velho idiota.

Francamente, eu entendo que existam pessoas que tenham relutância com o uso de tecnologia (ainda que chamar cartão de crédito tecnologia em 2020 é mais ou menos como comentar essa invenção nova chamada 'papel'), e mais ainda de gente com dificuldade de entender conceitos básicos e simples de matemática - e mais importante de planejamento financeiro - mas nada justifica ou desculpa. O planejamento financeiro é individual e uma escolha individual formada pela pessoa de acordo com suas condições, metas e planos.

Isso, com certeza, acontece com muita gente, e, por educação ou para não passarmos por mal educados acabamos por ouvir polidamente e até mudar nossos hábitos para nos adequar a uma postura idiota de algum idiota expondo sua idiotice com toda a pompa e circunstância enquanto nós outros devemos nos adaptar e baixar a cabeça. E é em grande parte até o que vem acontecendo com as redes sociais - com a revoada dos idosos para redes como Facebook e sequestrando grupos de Whatsapp da família para mandar milhões de bons dias.

Por educação acabamos ouvindo quietos a esse tipo de comportamento tóxico e estúpido de gente desqualificada que acha que deve ser ouvida - mesmo que o que tenha por dizer seja tolo, parvo e idiota - e, nós ouvimos para não causar constrangimento, mesmo que nós mesmos assim fiquemos ouvindo tamanha ignorância e parvoíce. Só que não devemos fazer isso.

Essa prática de crer e fazer valer que um idiota velho vale mais que uma pessoa jovem capaz tem que deixar de ser lugar comum em nossa sociedade, e, temos de começar a mudar esses hábitos assim como ensinar aos mais jovens e às futuras gerações que velho não deve ser respeitado pela idiotice que diz, tampouco que temos de nos constranger em corrigir uma pessoa por ser idiota.

Até porque não é velhofobia. É parvofobia.

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