Quando saiu em 2013 a série chamou a atenção de muita gente (eu, inclusive), e, sem dúvidas por uma enormidade de motivos.
A primeira edição é bem diferente de tudo que existia no mercado (e eu diria que existe até hoje) com uma arte fascinante e estupidificante de Matteo Scalera (em conjunto com Dean White) que realmente dá o tom de mundos bizarros, assustadores e lindos ao mesmo tempo.
É fácil se perder por horas nos detalhes, nos meandros e no quanto existe e exala a cada página destes mundos estranhos e peculiares e, mais que qualquer coisa, quanto há de fato de vida nestes mundos.
Não são meras alegorias, meras figurações. Cada mundo bizarro e louco tem suas regras e está vivo e pulsando de acordo com suas estruturas sociais e sociedades, e isso transparece nas páginas.
Seja um mundo habitado por homens peixe que são escravizados por homens sapo, seja num mundo com símios evoluídos (com braços mecânicos) ou shamans com armaduras do Homem de Ferro, cada sociedade tem suas estruturas e regras que exala a cada página e que fazem sentido dentro de seus mundos, mesmo que eles apareçam por uma edição apenas e isso mostra o esmero e qualidade do trabalho.
Os mundos nunca parecem vazios ou sem uma estrutura coerente, como rotineiramente ocorre na ficção que tenta expandir universos sem manter sua lógica inerente (vide o universo Marvel - cinematográfico ou não - que constantemente ignora que a existência de super heróis mudaria a sociedade para algo mais parecido com o mundo de My Hero Academia que do nosso, e mesmo que metade do universo desapareça em um instante, não parece haver tanta diferença).
Enquanto tudo isso é fascinante e brilhante por si só, não é o suficiente para construir uma história interessante para se navegar.
Sim, os mundos são embasbacantes e cada página é de tirar o fôlego, mas, e...?
E os personagens e seus conflitos e dilemas? Bem, aqui é onde o negócio acaba degringolando um pouco conforme a série avança e é o ponto mais fraco da série sem sombra de dúvidas.
Tudo é rico de detalhes e coisas aterradoras e lindas, mas os dilemas pessoais e privados de cada personagem ou grupo parece vazio e clichê.
O cientista invejoso que sabota o projeto (e cobiça a esposa do protagonista). Os filhos sem uma personalidade definida além de se meterem constantemente em perigo (tipo Jonny Quest). O soldado que quer constantemente demonstrar seu valor...
E por aí vai.
Ninguém particularmente tem uma história rica, e, ninguém particularmente oferece uma história interessante.
Tá, Grant McKay está tendo um caso e esse caso é (ou pode ser) o fator motriz para todos os problemas decorrentes do uso da 'ciência sombria' mas tudo isso parece tangencial e vazio aos universos fantásticos e criativos que a arte nos apresenta.
Esse cara tão inteligente que construiu o pilar que liga as dimensões não se vê capaz de prever e antecipar os riscos inerentes do uso indevido...? Do que poderia (e acaba por) acontecer?
Isso até pode(ria) desenvolver e desenrolar nos capítulos futuros e apresentar coisas interessantes nessas histórias, só que, bem, verdade seja dita não faz.
No primeiro volume mesmo (na edição 5 ou 6) já nos é apresentado um Grant McKay de uma realidade alternativa, e, o volume 2 nos mostra outros e mais destas realidades alternativas e mundos paralelos com ramificações diferentes para as consequências e ações dos personagens...
Isso até pode(ria) desenvolver e desenrolar nos capítulos futuros e apresentar coisas interessantes nessas histórias, só que, bem, verdade seja dita não faz.
No primeiro volume mesmo (na edição 5 ou 6) já nos é apresentado um Grant McKay de uma realidade alternativa, e, o volume 2 nos mostra outros e mais destas realidades alternativas e mundos paralelos com ramificações diferentes para as consequências e ações dos personagens...
O grande problema para essas ideias da série em si reside na concorrência pra lá de desleal com Rick and Morty (que surge no mesmo 2013 que a série de Remender), com muito maior desenvolvimento de personagens enquanto propondo basicamente a ideia de explorar universos paralelos e realidades alternativas como mote e chave para desenvolvimento.
Só não tem uma arte tão incrível quanto a de Scalera...
Nisso, depois de algumas edições em que a história dos personagens em si não chama qualquer atenção é fácil que tudo pareça só ruído, e, como aconteceu em 2014 comigo com a série, deixar para lá para acompanhar séries mais interessantes.
Os mundos alternativos e as variações do mesmo personagem fazem muito mais com que nada importe e tenha conseqüência do que, de fato, que os riscos sejam relevantes e importantes (como é a impressão nítida na primeira edição enquanto o protagonista corre freneticamente por sua vida).
Os mundos alternativos e as variações do mesmo personagem fazem muito mais com que nada importe e tenha conseqüência do que, de fato, que os riscos sejam relevantes e importantes (como é a impressão nítida na primeira edição enquanto o protagonista corre freneticamente por sua vida).
Vale a pena conferir, sem dúvidas, só não justifica o baque que a primeira extraordinária edição causa conforme a série avança.
Nota: 7,0/10.
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