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7 de setembro de 2019

{Editorial} A Cruzada dos Canalhas

Eu estava aproveitando uma pequena temporada de férias do blog, repensando o que fazer, me focando em concluir meu MBA quando vejo uma notícia tão atroz e ridícula que se tornou impensável não comentar: O Prefeito do Rio de Janeiro fez um mutirão para perseguir uma história em quadrinhos.

Além do absurdo de uma polêmica ridícula e sem sentido de um sujeito financiado por uma organização calhorda, mentirosa e criminosa que se diz religiosa que traficava crianças na África agora age como o grande cristão moralista que se importa com as crianças...?

No mínimo curioso, que o prefeito de uma cidade que já não vai muito bem em inúmeros quesitos (de segurança pública, contas públicas e, claro, educação) num país que é o penúltimo em ranking de educação (que num ranking de 2016 sequer incluía uma única cidade do estado do Rio de Janeiro nas QUINHENTAS melhores cidades em educação, o que mostra que rankings mais recentes com apenas 11 cidades ou o ideb de 2017 - que inclusive mostra outras opções mais rebuscada de resultados), de novo, esse prefeito que foge de debate e que é claramente um enorme corrupto investigado num vasto esquema de corrupção consegue achar tempo para gastar esforços de agentes da prefeitura da cidade para proibir a ação do pessoal da Bienal do Livro (que não respondem à prefeitura, diga-se de passagem).

Proibir uma hq publicada entre 2005-2006 nos EUA, disponível em inúmeras plataformas como Comixology, lançada aqui em formato mensal pela Panini e republicada já umas duas ou três vezes, e, uma hq que traz dois personagens homossexuais (sim, esse é todo o pecado dessa hq, se eles estivessem aceitando propina tava de boa).

E é difícil olhar para esse tipo de absurdo e tentar raciocinar.
Isso é pra ser levado a sério? Censurar uma material vendido na feira do livro - que ainda assim pode ser encontrado em qualquer sebo, banca, loja online e cópia digital (inclusive pirata)?
Censurar um material que expõe um relacionamento homossexual (bastante sadio e amoroso, de maneira bem singela e recatada) enquanto o presidente da república posta de maneira bem aberta em suas redes sociais um filme pornô, em algo que pode ser visto e acessado por praticamente qualquer pessoa a qualquer lugar?

Enquanto nossos aparelhos televisores nos brindam desde a mais tenra manhã com imagens chocantes de cadáveres e sangue no que urubornalistas como o sr Datena ou aquele clone de dezessete anos do Silvio Santos de aparelho trazendo o sensacionalismo da violência sem o mínimo de pudor distilando o medo de uma criminalidade galopante e explosiva em cada esquina - mas o problema é o retrato de um beijo.

Enquanto dizem que se preocupam com as crianças esses hipócritas que até ontem achavam bonito a Xuxa rebolando ao lado das coxudas Paquitas para entreter os jovens em meio a rios de desenhos animados sem o mínimo de conteúdo educativo ou cultural, ou ainda aquele outro palhaço patenteado com o rabo cheio de cocaína nas manhãs do outro canal, que para ajudar também exibia nos domingos o material masturbatório obrigatório com uma banheira cheia de mulheres semi-novas se esfregando para pegar sabonetes - mas o problema reside numa hq sobre jovens descobrindo seu lugar no mundo.

Fico com uma pulga atrás da orelha quando, obviamente é uma cortina de fumaça para distrair o público dos enormes escândalos dos quais esse sujeitinho está envolvido, além dos óbvios disparates de incompetência de sua má gestão, mas no Brasil de 2019 é realmente difícil saber o que isso de fato significa.
Obviamente surgirão os idiotas que concordarão e exigirão classificações indicativas nas hqs como já acontecessem com filmes, seriados e outras mídias - mas para esses, vale destacar que as indicações já existem (é só ver no próprio site da Panini, por exemplo) enquanto outros delirantes seguindo a onda da mamadeira de piroca e outras sandices ímpar continuarão a se empenhar para fiscalizar o furico dos outros. E claro, ainda existirão outros idiotas mil para defender esse tipo de barbárie - num momento que até Maurício de Souza (que é bem reaça) está cogitando a criação de um personagem gay para a Turma da Mônica depois que seu filho se assumiu.

Mas ei, corra para as colinas... É o Marxismo cultural...
Querem perverter a mente de nossas crianças com (sic) conhecimento!

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