Nota: 6,0/10 |
Eu tenho quase certeza que eu já li esse livro alguns anos atrás, mas acredito que li em inglês e antes de ler outros livros tanto de Terry Pratchet e mesmo Neil Gaiman.
Pratchet tem um talento cômico bastante memorável, é verdade, mesmo se algumas vezes for uma versão pobre de Douglas Adams.
Gaiman já é bem mais renomado (e premiado) ainda que sua carreira literária em si não seja efetivamente memorável, e, o livro lançado em 1990 se dá bem antes da primeira empreitada solo dele como autor. Sim, é verdade que na época ele estava brilhando com Sandman e angariando bastante atenção, mas escrever quadrinhos e escrever livros são dois processos bem diferentes...
Na época que li o material, ao menos do que me lembro, não vi nada de particularmente memorável e acredito que sequer terminei de ler. Fiz agora em 2019 uma nova tentativa com uma versão em português da Bertrand Brasil (apoiando-se no lançamento do seriado da Amazon), e, eu tenho que dizer que apesar de seus momentos e suas sacadas inteligentes, o material teima em ficar abaixo do esperado com uma conclusão que parece bastante apressada, para não dizer anticlimática.
E no desenvolvimento mesmo a trama acaba se embananado tirando o foco da dupla bastante carismática de personagens (o anjo Aziraphale e o demônio Crowley) que estão perdidos na Terra e se afeiçoaram com a vida no planeta o suficiente para trabalharem para impedir o Apocalipse. Nisso a história é realmente interessante e brilha.
Depois ela muda para uma frenética inclusão de personagens, como os cavaleiros do Apocalipse, o Anti Cristo pré adolescente e uma brigada de caça às bruxas, assim como uma descendente de uma bruxa que fez inúmeras previsões antes de vir a morrer para citar alguns, e eles nem nos seus melhores e mais interessantes momentos são tão cheios de nuance e graça como Aziraphale e Crowley... E, como já disse, a conclusão acaba um tanto anticlimática ao ponto que fica difícil entender o papel de cada um desses personagens ou o que de fato representam no grande esquema das coisas.
Tem boas sacadas, eu de fato ri um bocado (o que acaba sendo difícil mesmo em se tratar de um livro de comédia), ainda que evidentemente muita coisa tenha envelhecido bastante (como as citações aos "ultrapoderosos" computadores dos anos 90 como algo fascinante), mas eu ainda acho que é a tradução da Bertrand que merece a maior ressalva.
Não é ruim de um todo, só falha em um excesso de gerundismos (o prólogo já inicia com uns dois na primeira página), e ainda melhore conforme o livro avança, ainda fica a impressão que faltou uma revisão mais apurada.
Vale a pena para uma lida descontraída, só não espere muita coisa.
(Ou tenha em mente que é um livro de humor em que um anjo e um demônio se unem para impedir o apocalipse antes de criticar que é uma blasfêmia e fazer um abaixo assinado para a Netflix cancelar o seriado exibido pela Amazon).
Nenhum comentário:
Postar um comentário