Pesquisar este blog

29 de novembro de 2018

{Resenhas de quinta} Biblioteca Histérica Marvel: Surfista Calhorda 2 - Preso em um mundo que não criou

"Com quase toda minha ILIMITADA velocidade como é simples frustrar a ação dos LENTOS mísseis e provocar sua colisão frontal".

Essa é, na minha opinião, a frase que sintetiza mais que qualquer coisa o estilo narrativo de Stan Lee: Hipérboles que não fazem sentido e frases longas bastante confusas.

E claro, a aliteração constante e os constantes apelidos que combinam a aliteração quando podem (Stan - The Man - Lee, Jack - The King - Kirby).

Mas verdade seja dita, o Surfista Prateado apesar do baixo sucesso (a série é cancelada com apenas 18 edições), que se inicia com edições mas longas com 40 páginas (no original eram ainda mais longas, chegando a 72 páginas) e diminui para uma periodicidade mensal e hqs bem mais integradas ao universo Marvel (trazendo Homem Aranha, Quarteto Fantástico, a SHIELD e o vilão Abominável só para citar alguns exemplos), que foge bastante da estrutura bem mais filosófica que Stan Lee tenta criar com a série... Mesmo que termine meio em aberto dando vazão tanto para uma nova série ou uma reinterpretação futura do personagem (algo que não viria a acontecer até quase duas décadas depois, iniciando em 1987 e chegando a marca de 146 edições).

De novo, entendo plenamente que é a série que usa quase toda a ilimitada velocidade pra evitar algo lento, mas lembremos que eram os anos 70 quando uma hq custava quinze centavos (e Stan Lee sozinho escrevia umas quinze edições por mês).

O Surfista Prateado serve, em grande parte, como uma figura messiânica (começando com sua gênese no planeta natal para servir a um Deus todo poderoso e resultando no sacrifício de sua própria humanidade para confrontar essa criatura em favor da vida), e Stan Lee usa o personagem para distilar filosofia (barata, é verdade) enquanto contemplando a humanidade e averiguando seus erros de maneira mais isenta - sendo literalmente um alienígena impassível.

Nisso o personagem encara mais de uma vez o próprio demônio e muitas vezes o pior que a humanidade tem para oferecer, analisando os quês e porquês das ações e vidas humanas, enquanto preso em um mundo que não criou. E calha de, repetidas vezes, se ver em prantos sob sua prancha...

Existem uma série de problemas que são evidentes para qualquer leitor - um exemplo bem simples está nas discrepâncias e confusões entre os poderes do Surfista, que numa edição se vê incapaz de curar um ferimento, enviando sua amada Shalla Bal para o espaço, enquanto na seguinte salva um inimigo de ferimento mortal - mas eu acredito que o crédito deve ser reservado onde ele é merecido. John Buscema arrasa na arte, e, Stan Lee mesmo com todas suas restrições técnicas e orçamentárias produz um material bastante rebuscado. Droga, tem coisa produzida hoje em dia com pior qualidade (sim, eu assisti aquele filme do Quebra Nozes).

O problema mesmo reside no preço absurdo que a Panini colocou na capa do material, que realmente não se justifica... Nem se justifica em outros materiais da Panini, diga-se de passagem, mas aqui menos ainda.
São histórias bem datadas e com valor bem mais arraigado na importância história que no quanto se mantém atuais (o que não fazem - e qualquer pessoa que duvide, que vá ler a origem do Holandês Voador antes de refutar nos comentários).

Vale a pena mais pela curiosidade - e de preferência com algum grande desconto.

Nota: 5,0/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário