Nota: 7,0/10 |
Imagine que no terceiro livro da trilogia do Senhor dos Anéis, em O Retorno do Rei, o companheiro de Frodo, Samwise simplesmente desaparecesse.
Sumisse depois de uma notinha deixada em um dos primeiros capítulos que ele partiria comprar pão e voltaria em breve...
Bem, isso é basicamente o que Mia Couto faz com o terceiro livro da história de Imane e Germano que estão partindo da África após dois livros planejando fazê-lo.
Eu até entendo várias das motivações e do decorrer da história, mas a forma como Couto trabalha o enredo faz com que ela pouco ou nada tenha em comum com os demais capítulos...
Quer dizer, não parece o Germano dos livros anteriores e seu sumiço não se parece em um pouco com algo coerente com o personagem apresentado nos volumes anteriores...
Tudo bem que a história de Imani seja realmente importante e perturbadora (com a forma como foram tratados estes prisioneiros de guerra para se expor como troféus) e até mereça um pouco mais de destaque e ganhe mais impacto na sucessão dos fatos decorridos, ainda que tenham alguns episódios semelhantes que ocorrem e são relatados...
Meu grande problema é que, como uma 'trilogia', não me parece uma única e grandiosa história, e com o propósito da história da crueldade, não apenas portuguesa como européia contra os povos africanos, bem, talvez funcionasse melhor como um livro apenas trazendo partes das passagens do segundo e contido somente no que traz este terceiro volume.
Ainda quero tentar reler os três livros de uma tacada só, mas confesso que fiquei decepcionado com o final e a forma como ele difere dos demais em sua estrutura e essência, e que não fique dúvidas que é uma grande história, e Couto um espetacular autor.
Só esperava mais.
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