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25 de janeiro de 2018

{Resenhas de quinta} Conan de Rívia volume 1

Eu já tentei no passado ler a obra de Robert E. Howard em mais de uma ocasião, mas foi recentemente após ler alguns dos volumes dos quadrinhos da Dark Horse que eu realmente consegui me empolgar, e, calhou da Editora Pipoca e Nanquim lançar o primeiro volume de Conan, o Bárbaro no final do ano.

É um material lindo, em capa dura com a espetacular arte de Frank Frazetta (ao lado) e traz as origens do personagem sob a forma de contos publicados na década de 30.

Por coincidência, eu li quase na mesma época do material de Andrzej Sapkowski (e não, eu não tentaria falar seu nome três vezes rápido nem por um decreto) que inspirou a série de jogos de videogames (e o que mais consumiu meu tempo em frente uma console no ano passado) The Witcher.

Comprei o primeiro volume da saga do 'bruxo' (a tradução dada para a palavra 'witcher', que ainda que não elegante e perdendo parte do sentido original, faz até o seu sentido) da WMF, relançado após o terceiro game da série (que ganhou mais prêmios que seria imaginável em 2015) e eu fiquei pasmo com a quantidade de similaridades entre os dois personagens.

Dos livros, claro, um é capa dura enquanto o outro capa mole, um tem um prefácio auto-indulgente e desnecessário enquanto o outro quase não tem informações extras (e até por isso é bem mais barato), mas não existe em nenhum dos dois lados grandes falhas ou excesso de primazia na tradução e produção gráfica.
Pode ser impressão minha ou falha na minha edição em algumas páginas, então nem entro nos
detalhes disso e parto para a comparação dos textos em si ao apontar as inúmeras similaridades.

Quer dizer, além dos fatos óbvios que ambos são homens, de origem humilde (e que mal ou não conhecem os pais), que vagam pelo mundo de lugar para lugar em busca de oportunidades (e, eventualmente encontrando a próxima grande aventura, vencendo muito mais na astúcia que na força bruta) aproveitando do máximo da beberragem e vida boêmia, enquanto, claro, tendo que quase se esconder das mulheres pelo tamanho alvoroço que causam simplesmente por existirem (se, qualquer dos personagens aqui citados entra num bordel com 10 garotas, 15 se apaixonam por eles e se pá uma meia dúzia de homens também).

Existem algumas diferenças sutis, como a época em que se passam as histórias, da pré-civilização heboriana de Conan em contraste com a sociedade feudal temeriana do Witcher, mas pra mim a maior diferença consiste nos personagens secundários/recorrentes, que, nos contos de Conan são quase inexistentes - enquanto Geralt está sempre rodeado por amigos, conhecidos e inimigos recorrentes que pululam nos diversos contos. Além disso, Conan tem uma condição mais volátil de ocupação (ora é ladrão, ora pirata, ora rei de acordo com a demanda da história) enquanto Geralt é sempre e somente um mercenário vagando de cidade em cidade em busca de emprego (que consiste em caçar monstros a troca de dinheiro).

No frigir dos ovos, eu não acho que o material de Sapkowski desse primeiro volume seja o seu melhor. Sim, é um universo fascinante, incrível e rico (e os jogos demonstram isso com louvores, ao que imagino que os outros livros também), mas as histórias não são de todo interessantes, e, existe um excesso pós-modernista revisionista que acha brilhante trazer a Branca de Neve como uma mulher vingativa que teve de se prostituir depois de fugir do castelo da Bruxa Má, e francamente não me recordo de nenhum conto particularmente cativante ou brilhante.
A história entre as histórias (que vai tecendo mais sobre o universo particular de Geralt) me parece mais cativante que os contos individuais.

Por outro lado, o material de Howard não envelheceu bem - numa constante que temos de livros da época (como o caso de Monteiro Lobato ou dos quadrinhos de Hergé) - e, ainda que seja possível relevar pelo contexto histórico, fica difícil ignorar.
A construção de cenas é muito boa, com um vocabulário rebuscado e um mundo cheio de perigos em cada esquina que só os mais fortes podem (e conseguem) sobreviver, mas o que realmente me incomoda nas histórias de Conan é o personagem em si.
Tudo lhe surge e aparece com imensa facilidade (se resolve assaltar uma torre impenetrável, encontra um hábil ladrão que resolveu assaltar o local na mesma noite, ou se existe um complô orquestrado contra ele, bem, ele é transportado magicamente para um templo desaparecido e perdido onde receberá auxílio sobrenatural).

No fim, os defeitos de um se equiparam aos defeitos de outro e as virtudes de ambos são praticamente as mesmas com mínimas diferenças.

Conan, o Bárbaro - volume 1
Nota: 5,5/10
The Witcher volume 1: O último desejo
Nota: 6,5/10

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