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13 de janeiro de 2018

{Resenhas} Black Mirror Quarta Temporada

Do começo, eu já me assusto com a idiotice da campanha para a nova temporada do seriado.
Com uma ideia de que 'Black Mirror' previu o futuro em algumas ocasiões e blá-blá-blá o que, bem, em se tratando de ficção científica é claramente esperado. Bem, é só ver 2001: Uma odisseia no espaço.
No distante ano de 1968 trouxe previsões sobre tablets, comunicação por vídeo (como facetime) e mesmo a inteligência artificial capaz de realizar interação com humanos e no entanto também trouxe um hotel Hilton na Lua (é, se você assistiu a segunda temporada de Mad Men isso fica mais bizarro, né?) e viagens espaciais tão rotineiras como viagens de avião, inclusive com a mesma estrutura e serviços.

Isso é o que acontece com a extrapolação lógica, partindo de um conceito conhecido e (e)levando-o até seus limites para chegar a algum absurdo, e, efetivamente na parte da 'ficção' enquanto atém-se ao enorme pretexto científico.

Sem dúvidas as duas primeiras temporadas de Black Mirror fizeram isso brilhantemente, mas desde que o show migrou para a Netflix a coisa não andou assim tão bem, e, a quarta temporada, bem, devo dizer caminha muito mais por lugar comum que é até vergonhoso trabalhar com tamanha publicidade sobre como eles previram o futuro... Ainda mais quando os Simpsons são bem mais famosos por isso (e acertaram bem mais coisas, inclusive mais variadas).

Principalmente quando dos seis episódios da temporada atual, quatro episódios representam ideias recicladas de outras fontes, por serem lugar comum como um episódio do próprio seriado na terceira temporada (com a ideia de jogos e realidades virtuais tão imersivos que se tornam um perigo para o usuário), ou dois episódios de Gravity Falls e Rick and Morty (com um personagem que é 'o diabo' compilando objetos malignos cada qual com sua história perversa) e claro, os M.O.U.S.E.R.S. das Tartarugas Ninja como a grande ameaça de outro episódio...

Começando com a resenha propriamente dita, é difícil focar numa questão mais genérica, afinal, cada episódio é contido em sua própria e única estrutura e não influencia direta (ou indireta) mente os demais episódios, portanto, resenha episódio a episódio:

1 - USS Calister - Ruim, talvez o pior de toda a série (não só da temporada). Parece algo produzido pelos escritores de The Big Bang Theory pela percepção de ficção científica que existe.
Droga, tem uma máquina que clona pessoas (?) para colocá-los em um jogo de videogame (??) mas essa clonagem também transmite a CONSCIÊNCIA (??????) e MEMÓRIAS (PQP, Black Mirror!)!
Pra mim foi uma desculpa bem da sem vergonha para fazer paródia de Star Trek, depois 'pensaram' no roteiro e deu no que deu.
Fraco até dizer chega, e, pode até ser que eu exagere mas acho que é o pior episódio de toda a história do seriado.
Nota: 0,5/10.

2 - Arkangel - O melhor da temporada e peita qualquer um dos episódios originais da série de igual para igual. Ideia concisa, terror tecnológico coerente (tanto em seus encantos quanto seu lado assustador e tenebroso) além de excelente atuação dos protagonistas na composição da história.
Extraordinário e não digo mais nada para não estragar qualquer momento da trama.
Nota: 10/10.

3 - Crocodile - Francamente, parece um episódio rejeitado de Fargo que, os roteiristas de Black Mirror pegaram para fechar os seis episódios da temporada. Pra ser honesto É um episódio rejeitado de Fargo (uma decisão ruim que leva a atitudes questionáveis que mudam a vida de uma pessoa e vão acavalando decisões ruins levando a uma conclusão absurda), só que sem o mordaz humor negro e a inteligência do roteiro.
Principalmente porque é um cenário bastante insosso... Eu realmente não consigo aceitar como tanta coisa precisa dar certo para a protagonista (?) se safe até o ponto que ela consegue se safar...
Sério, é câmera de segurança que não funciona, é hotel que não verifica que hóspede deixou as dependências, é carro que não dá partida (puta merda, hein? Essa já era velha nos tempos do primeiro Sexta Feira 13 em 1980)...
Nota: 4,0/10

4 - Hang the DJ - O segundo melhor da temporada, ainda que tenha um final incrivelmente ruim (sem spoilers, mas preste atenção no quanto ele não faz sentido com o restante da história).
A dupla de protagonistas tem uma química incrível e sua absurda condição é muito bem explorada pelo roteiro que empresta de uma série de narrativas clássicas para compor uma história interessante e reviravoltas inteligentes.
Se perde no final tentando aquele belo e satisfatório laço para amarrar a coisa toda - que acaba bem forçado e fazendo a ideia toda do que aconteceu até ali como incongruente.
Nota: 7,0/10

5 - Metalhead - Fraquinho. Perto do restante da temporada, até parece bom... Mas falta engajamento com os personagens para que o espectador se sinta investido na sua fuga do monstro da vez, que é algo nada original por uma série de motivos, afinal, a ideia do robô assassino e implacável já foi utilizado vez após vez após vez em seriados, filmes e games ao ponto que eu passaria o restante do post só descrevendo todas elas, e ainda não conseguiria elencar todas...
Talvez se tivesse o tempo extra dedicado ao péssimo primeiro episódio para desenvolver os personagens (e fazer com que o espectador se importe), seria um episódio bem melhor, como é o caso do episódio anterior.
Nota: 5,5/10

6 - Black Museum - Olha, esse tipo de história é lugar comum pra caramba.
O diabo monta um tipo de show de horrores (representando desta forma o escritor/diretor do programa) enquanto um incauto turista se vê diante das mais perversas histórias (representando o espectador) e eu já comentei alguns parágrafos atrás de como outros programas recentemente já usaram esse tipo de premissa, mas tem bem mais versões disso...
De novo, é lugar comum para propor antologias (e, diga-se de passagem, Black Mirror já fez um episódio fantástico com uma antologia no especial de Natal).
Isso, especificamente, não é um problema, e sim o final idiota que o episódio assume para a premissa, querendo 'chocar' com uma inversão de papéis que, bem, acaba somente como algo idiota.
As histórias individuais até são interessantes, mas ficam um tanto desconexas com contexto geral que meio força a coisa toda güela abaixo pra uma reviravolta final que faz pouco ou nenhum sentido (na minha perspectiva é o ponto mais idiota do episódio e que faz com que todo o restante perca o sentido também... Não dá pra simplesmente dizer 'Ei, eu hackeei seu sistema' como se isso fosse mágica).
Nota: 4,5/10

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