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23 de novembro de 2017

{Resenhas de quinta} Justiceiro de Matar 2: Agora é pessoal (Netflix)

Olha, eu tenho que ser bem franco e dizer que eu achei o seriado chato pra danar ainda que bastante competente em certos aspectos - principalmente quando lidando com os ex-militares e seus traumas/recordações do tempo servido o exército.

Essa segunda parte, inclusive que é o que conduz a trama do protagonista Frank Castle é muito bem conduzida e realmente demonstra talento e tato ao lidar com um problema bastante complexo e sério - sem tentar apontar qualquer solução além da sugestão óbvia da terapia, e deixar a pessoa encontrar seu próprio caminho, ao contrário de, sabe, filmes como Homem de Ferro 3 ou Rambo que garantem que tudo que o sujeito realmente precisa é continuar em frente disparando pra todos os lados e pew, pew, pew!

O problema, e, esse é um problema bem sério com a estrutura do seriado, é que a gente não pode esquecer o que é o Justiceiro da Marvel, e ele é um personagem genérico pra cacete. Droga, quase todo filme do Charles Bronson (Vingança de Matar, Justiça Final ou qualquer outra combinação de palavras que pareçam significar alguma coisa) e de outros 'atores' similares trazem a mesma trama genérica: O cara tem a família assassinada e resolve partir em sua trama de vingança.
Então de onde partir daqui? Abraçar essa origem nefasta (e clichê de filmes policiais) ou partir para algum rumo não explorado e trilhar alguma coisa além desses clichês?

Logo no capítulo 1 do seriado (que continua a trama da segunda temporada de Demolidor, mas isso não é exatamente importante e dificilmente que não viu vá se perder) ele concluí sua vingança. Pronto, todo mundo vagamente responsável pela morte de sua família já era, caput, tchau, finito, não mais...

Aqui o seriado toma um caminho interessante, explorando justamente essa situação que raramente tem algum espaço (ele concluiu sua vingança, e agora?) e conforme Frank segue para encontrar seu caminho no mundo e descobrir o quanto ele de fato está deslocado e, claro, qual o próximo passo. Isso podia - e renderia - boas tramas num misto de Dexter com Batman (ele quer fazer justiça mas bem, ele GOSTA de matar).

Isso seria um tom sério, sóbrio e realmente interessante. Francamente até o tipo de material para ganhar prêmios e destacar esse seriado sobre qualquer outra coisa que está na tv atualmente.
Mas como você constrói uma série com isso, certo? Ele passaria os próximos capítulos se digladiando internamente em um enorme conflito entre o homem e a fera que quer matar, tentando descobrir seu lugar no mundo enquanto... Não, você sabe que não é isso, né?

Ele descobre que ele não sabe quem matou sua família de verdade e por isso precisa matar mais gente pra descobrir! BRILHANTE!

Francamente eu não veria problema em seguir com a premissa básica e idiota que ele é o Stalone Cobra que vê o crime como a doença e ele é a cura ou algo do tipo. Abrace essa idiotice e siga que nós poderíamos ter um seriado desacerebrado e divertido pelo menos ou faça algo mais inteligente, mas não dá pra ficar em cima do muro.

Ou é John Wick ou Homeland, não dá pra ser os dois.

Aqui tentam buscar crimes de guerra que Homeland não conseguiria conduzir direito e partem para uma trama genérica sobre vingança/justiça com uma série de reviravoltas que não fazem muito sentido (sem spoilers, mas sério, não faz sentido que esses caras ganhem tanto dinheiro com crime na guerra do Afeganistão para continuarem com seus empregos normais na América...), e sem conseguir construir uma trama central que seja interessante, a coisa toda vai desmoronando fácil e fica bem difícil se investir na trama e personagens.
Principalmente porque o 'grande vilão' só começa a dar o tom de seu plano por volta do episódio 5, e, ainda tem a reviravolta que tem um outro grande vilão (meio telegrafado, é verdade, mas que soou bem mais idiota que merecido)...

Também não ajuda que as cenas de tiroteio mais parecem querer induzir epilepsia que efetivamente construir uma cena, ou tentam ser algo saído de Mr Neutron (em que o pessoal do Monty Python não tinha grana para construir a cena enorme e brinca com isso mudando a perspectiva para alguém narrando os eventos como tons de 'nossa, você realmente deveria ver o que está acontecendo aqui').
Olha, até tem umas cenas bem interessantes (de novo, no primeiro episódio a cena de luta entre o Justiceiro e o pessoal da construção é bem legal - mas logo na seqüência vem a cena para induzir epilepsia acima mencionada).

Francamente, eu queria algo melhor (na toada de John Wick, algo parvo e divertido ou um seriado que mantivesse o tom do primeiro episódio) mesmo que não esperasse lá muito.
Ou talvez seja que o primeiro episódio me iludiu dando tons de um seriado muito melhor que o realmente apresentado...

Nota: 5,0/10

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