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18 de agosto de 2017

{Resenhas} Dunkirk (2017)

A segunda guerra mundial foi o evento que moldou, não apenas o século XX, e, bem provavelmente ainda ressoará por muitos e muitos anos por vir, ao mudar as fronteiras geopolíticas de nosso planeta.

Ainda assim, existe uma enorme aura casimística sobre o evento, como uma grande batalha do bem contra o mal em um inequívoco jogo de videogame para milhares de pessoas simultaneamente... E, não, eu não estou exagerando (muito).
Perdeu-se a noção do elemento histórico desse momento hostil que foi a grande guerra, numa ideia constantemente vendida pela cultura popular (quase sempre americana) com constantes sobre os envolvidos (os covardes franceses, os fracos ingleses e os heróis americanos - que inclusive, e não obstante, já reescreveram a história para eles serem os assassinos de Hitler com direito a replay).

Quase sempre há a noção de heroísmo, e, quando não, de justiça, e mais que tudo de uma clara noção de quem são os vilões.

Dunkirk, seguindo um bocado do que Christopher Nolan segue um bocado dos passos de Stanley Kubrick em seus filmes de guerra (principalmente meu favorito do diretor barbudo 'Glória Feita de Sangue' de 1957) questionando e discutindo a moralidade d(n)a guerra, e abordando se de fato existe lugar para mocinhos e bandidos ou apenas gente que foi jogada em uma situação difícil/impossível por motivos que mal compreende, e, mais inexoravelmente que isso, para servir como meros números (há um diálogo genial entre Kenneth Branagh sobre os números esperados pelos líderes ingleses e os números reais de soldados nas praias do norte da França).

Efetivamente, é um filme diferente de filmes de guerra tradicionais, seguindo uma estrutura mais complexa como é típico e comum de filmes de Nolan (não seguindo uma narrativa linear, entrecortando por três narrativas que tem uma série de dias/horas umas com as outras, no que faz o filme saltar para frente e trás várias vezes ao mudar do foco de sua ação), e mais que isso, ao quase nunca mostrar os soldados inimigos (somente o som de seus aviões cortando o ar como monstros míticos prontos para erradicar tudo em seu caminho, ou o som das balas zunindo em busca indistinta por seus alvos), ou a nomear os personagens (afinal, não é a história de um ou outro indivíduo mas de um evento, e, buscando colocar o espectador mais próximo do assento do protagonista).

Com isso o filme provavelmente não apele ao grande público, e, mesmo os críticos mais ávidos e fãs de Nolan tenham de dar o braço a torcer que não é seu melhor trabalho também está longe de ser o pior como Interestellar (que soa parvo em sua forçação de barra para o ato final).
É um filme cheio de momentos de tensão, com várias cenas para atormentar os claustrofóbicos da sala de cinema e com um grande momento da história moderna.
Ainda prefiro Glória Feita de Sangue (se não por muito pelo incrível final e, claro, o discurso inflamado de Kirk Douglas na corte em defesa dos soldados franceses) em se tratando de filmes sobre a guerra, mas Nolan não desaponta, e eu adorei a história do piloto vivido por Tom Hardy, que, pode ser impressão apenas, mas ressoou muito uma de minhas histórias favoritas de Hellblazer de todos os tempos.

Recomendado, sem dúvidas, mas com algumas ressalvas.
Nota: 8,0/10

Um comentário:

  1. O trailer foi a chave para captar o espectador. Christopher Nolan como sempre nos deixa um trabalho de excelente qualidade, sem dúvida é um dos melhores diretores que existem, a maneira em que consegue transmitir tantas emoções com um filme ao espectador é maravilhoso. Dunkirk é um filme com un roteiro maravilhoso. É um filme sobre esforços, sobre como a sobrevivência é uma guerra diária, inglória e sem nenhuma arma. Acho que é um dos melhores Christopher Nolan filmes é uma produção que vale a pena do principio ao fim. É um exemplo de filme que serve bem para demonstrar o poder do cinema em contar uma história através de sons e imagens, que é, diga-se de passagem, a principal característica da sétima arte.

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