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8 de junho de 2017

{Resenhas de Quinta} T2: Trainspotting Judgment Day (2017)

Sinceramente, não acredito que em qualquer mínimo momento destes vinte anos eu pensei minimamente 'Ei, porque será que não fazem uma continuação para Trainspotting?'.

Tudo bem que eu nunca fui exatamente fã do primeiro (ao ponto que tem gente realmente devotada que cita cada uma das falas), apesar de achar um filme muito bom, melhor que muitos filmes cultuados do Tarantino, por exemplo, mas, ainda assim eu assisti ao filme sempre com um enorme distanciamento, e, por mais que não me escapem os temas e o conteúdo, sempre foi uma realidade alienígena a mim, e, francamente desinteressante.

De novo, é um bom filme, eles são ótimos atores e o roteiro é excelente, mas é tanta sujeira, tanto sofrimento para mascarar os momentos de curtição que eu fico naquele ponto de observador involuntário e que, de todas as maneiras não quer se envolver.

Esta continuação começa com uma brilhante estrutura ao acompanhar individualmente cada um dos personagens sobreviventes do primeiro filme e mostrar como a vida os tratou nesses últimos, como o vício afeta e destrói vidas e como é difícil voltar aos trilhos depois que o trem descarrilha. Ou seja, tudo excelente para um drama de primeira.
Mas, meu Deus, como o filme se transforma em uma patomima depois de pouco mais de meia hora...
Depois que as peças estão no tabuleiro temos uma constante reverberação dos eventos do primeiro filme (personagens, cenas, locais e eventos que são sobrepostas sobre os eventos do presente) enquanto os personagens caem em suas rotinas e idiossincrasias da espiral de auto-destruição e vício...

E acho que o grande mal do filme se transcreve em um diálogo (que, curiosamente quem profere a frase que resume o material é dita em um outro idioma) quando a personagem Veronika (que é uma das personagens acrescentadas ao filme sem qualquer conexão com o original) explica que os demais personagens tem uma obsessão preocupante com o passado...

Talvez seja o intento de justamente solapar esse ponto que o filme serve e é essa crítica a uma obsessão idiota sobre uma nostalgia que não faz sentido: nenhum destes personagens pode realmente dizer que viveu 'bons e velhos tempos' na adolescência/juventude em meio ao abuso de drogas.
E talvez essa seja a grande e complexa problemática do vício - de ser um enorme torpor nublando a visibilidade e impedindo de ver com clareza...

Mas francamente? Dava pra fazer bem melhor, e o começo (ao mostrar como a vida destes personagens mudou e cada um seguiu seus rumos) mostra isso muito melhor do que todo o restante tentando recriar o primeiro filme.

Nota: 5,5/10

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