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25 de junho de 2017

{EDITORIAL} Quem vigia os vigilantes?

A pergunta lançada pelo poeta Juvenal na Roma antiga ainda é válida para os dias de hoje, mas, talvez até MAIS válida nos dias de hoje.

Porque a resposta à Juvenal é fácil. A imprensa vigia os vigilantes...
O problema é que com essa imprensa...

E esse é um grande ponto da grande e complexa situação, que não vale apenas para o Brasil atual (não vou me ater a exemplos de Joesleys e outros sacripantas nacionais quando Trump e a Fox News dão um baile no exemplo - e fica mais difícil de algum idiota que não lê o texto tentar me chamar de petralha ou coxinha) pois, e digo isso sem falsidades ou exageros, é na força da imprensa que se constrói a força de uma sociedade.

No obscurantismo e ignorância da opressão da censura nos vemos acreditando que tudo vai bem e muito bom quando na verdade temos uma situação econômica calamitosa (tudo bem que não se faz necessário um diploma em economia para entender que diversas mudanças de moeda em poucas décadas não é um sinal de uma economia sólida), uma cortina de ferro para nos mascarar da realidade do restante do mundo (como na Coréia do Norte, Cuba ou a China) ou de um controle religioso e fundamentalista que não se baseia em qualquer noção prática ou lógica (como em vários dos países do Oriente Médio).

A imprensa surge como o limiar para facilitar o acesso do grande público à informação e, em tempos de internet ela é um veículo cada vez mais necessário - e, infelizmente, cada vez menos crível.
Muitos são os motivos que vão do sucateamento do modelo de negócios nas décadas de desvalorização enquanto dinossauros observavam inertes para o meteoro - no caso a internet - que vinha para destruí-los e solapar sua indústria... Afinal, grande parte dos anúncios advinha da necessidade de vincular propagandas e classificados com um atingimento maior de pessoal, coisa que qualquer rede social ou site de leilões te propicia, gratuitamente, até o imediatismo da rede - que pode trazer em tempo real uma informação (vide os casos de mortes de celebridades ou de catástrofes naturais), enquanto um noticiário ou mesmo um telejornal depende de tempo de preparação para consulta e verificação dos fatos.

E essa ponte parece cada vez mais difícil e até mesmo intransponível enquanto a pulverização de agentes criadores de conteúdo permite cada vez mais e mais pessoas produzindo suas próprias peças e ideias sobre assuntos diversos e variados (e, não, não me escapou a ironia de que este é exatamente  um texto opinativo sobre um assunto diverso e variado) parece mais buscar nichos e criar sua estrutura divisiva do que, em termos gerais buscar o que sempre foi o papel da imprensa (de simplificar e traduzir para o grande público as notícias e informações gerais).

Não existem respostas fáceis, mas se fazem necessárias mais alternativas do que revistas de fofoca glorificadas como jornais (acesse o site da folha ou estadão em qualquer dia da semana e me diga se uma das principais notícias não é sobre uma pseudocelebridade qualquer) ou a contínua tendência de transformar as notas policiais em espaço e chamariz para programecos que fariam corar cinegrafistas de filmes de horror da década de 80 (achando esses programas sanguinolentos e com violência gratuita demais) enquanto espaços relevantes de ciência, tecnologia, economia e política são relegados a estagiários semi-remunerados com jornadas extensas em frente a computadores procurando por termos chaves e traduzindo notícias de sites mais respeitáveis...

De novo, não existem respostas fáceis, só que o que está aí está longe de ser uma resposta válida também.

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