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5 de maio de 2017

{RESENHETORIAL} É possível fazer amostragem...?

Isso não é uma resenha, e o ponto principal dessa postagem é justamente essa discussão dos motivos pelos quais isso não é uma resenha.

Quer dizer, o livro ao lado - Contra o Dia, de Thomas Pynchon publicado pela Cia das Letras em 2012 e com todas suas 1088 páginas (e quase dois quilos) é um enorme desafio literário e não apenas pelos motivos citados anteriormente (como o peso e número de páginas).
É um livro difícil que me fez parar umas duas vezes e me perguntar se eu estava lendo no idioma correto (ou se eu fui ensinado o idioma correto) porque certamente um de nós (livro ou eu) não estava sintonizado no mesmo idioma.

Sendo mais franco, não é como se eu não entendesse o que está escrito (me dê um pouco de crédito, por favor), mas não é como se o que eu estou lendo fizesse algum sentido. São tantos personagens com histórias que parecem tão pouco ou nada conectadas, mas mais do que isso são situadas em um mundo que é, ao mesmo tempo semelhante ao nosso, ainda assim bizarramente diferente (com balões de ar navegados por grupos de crianças que vivem aventuras e gente utilizando dinamite da mesma forma que se usa revólveres).

E aí as coisas ficam estranhas - ainda mais porque eu mal terminei o segundo capítulo por volta da página 220 - com um portal dimensional que traz forças ocultas e demoníacas para o mundo (com uma descrição que eu não consegui entender se bizarra ou detalhada do paralelo entre possessão demoníaca como um tipo de estupro - no caso, de uma cidade).

Até chegou um ponto em que há uma certa sucessão lógica (um dos personagens, que é um sindicalista radical é perseguido e assassinado e seus, muitos, filhos se reúnem, indo dois em busca dos assassinos), mas o que isso tem com os grupos de guris voando o mundo em balões e a cidade possuída, bem, é tão palpite seu quanto meu.

Aqui está meu dilema. Eu sei que o livro é bem escrito, e, pelo bem ou pelo mal, eu estou bastante intrigado com os rumos que a história pode tomar (eu travei em duzentas e poucas e já aconteceu mais que em vários livros que eu li juntos), mas eu simplesmente não vejo como as coisas vão fazer mais sentido (se vão fazer algum), e isso é algo que me atormenta muitas vezes.

É errado julgar com tão pouco do conteúdo, ou partir de um sistema de amostragem pode fornecer campo suficiente para avaliar e saber o que está por vir?
Tudo bem que isso cabe em alguns casos (quando tentei ler, o francamente dispensável, Battle Royale, não foi necessário mais que alguns capítulos para ver o padrão se formando, e entender a seqüência que o livro tomaria até o final), mas aqui em que eu já não estou entendendo muito a lógica e estrutura, eu fico até perturbado se eu finalmente entenderei mais para frente, e se continuar lendo o livro não é apenas um teste de resistência...

Mas vai que na página 789 tem uma cifra secreta que explica tudo o que aconteceu até ali e o livro se torna uma experiência muito mais fascinante?

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