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24 de julho de 2016

{EDITORIAL} Que tipo de pessoa...?

Enquanto lia um material para um curso, eu estava com a tv ligada mais por inércia que qualquer outro motivo, e, acabei topando com um dos mais de dezenas reality shows que existem e estão no ar neste momento.

O programa em questão segue o mesmo tipo de formato que tantos outros (um grupo de juízes sem muito caráter ou talento mas com enorme propensão para destruir sonhos avaliando ideias e projetos de gente que tanto pode ser brilhante ou da maior inaptidão visível da história da Terra), e, particularidades ou pormenores não mudam exatamente a dúvida ou questão afinal ela se repete e se aplica a praticamente todos os programas que cabem no rol de 'programas de realidade'. A pergunta, como o título propõe: Que tipo de pessoa se sujeita a esse tipo de coisa?

Sério, não é uma pergunta retórica e aberta porque eu simplesmente não consigo entender.
Eu entendo o apelo popular em assistir (de ver os sonhos esmigalhados e uma pessoa publicamente humilhada enquanto em algum vácuo de possibilidade um diamante bruto surja para realinhar o universo e nos fazer acreditar de novo no espírito humano) eu entendo a lógica de quem está julgando (vide o parêntesis anterior, afinal o propósito de quem julga é justamente criar esse tipo de situação) mas eu não entendo o componente principal nessa equação que é o idiota que se sujeita a ver seu sonho esmigalhado perante milhões de telespectadores e registrado para a posteridade em reprises e retransmissões para outros países.
Qual o apelo nisso?

Porque eu entendo que talvez um ou dois ou dez pessoas sejam iludidas a ponto de acreditar que porque receberam um elogio do professor do coral da igreja em 1991 e tiram boas notas no karaokê de que são bons cantores - e o suficiente para fechar um contrato multimilionário com uma gravadora - eu entendo essa lógica distorcida e, que curiosamente às vezes funciona nesse louco e bizarro mundo que vivemos.

Sério, é incrível quando aquela história bizarra surge de um acaso completo que acontece e muda tudo o que conhecemos, como a autora J K Rowling que apesar de hoje ser uma milionária com uma franquia bilionária no bolso, teve sérias dificuldades financeiras no passado, e viu seu livro ser rejeitado vez após vez após vez por grandes editoras, e, ela não está sozinha nesse cenário - em que podemos incluir os Beatles que só conseguiram impulsionar sua projeção quando encontraram o empresário Brian Epstein e muitos e muitos outros (que você pode incluir os hoje milionários Bill Gates e Mark Zuckerberg que obviamente não o seriam se tentassem vender suas ideias para algum programa como o Shark Tank).

Só que essas exceções do parágrafo anterior confirmam a regra de que esses diamantes passariam desapercebidos em programas de realidade como esses que tanto pululam na tv.
Dave Grohl do Nirvana e Foo Fighters destacou isso ao mencionar como ele e sua banda muito provavelmente não passariam em seletivas de programas como o American Idol, ainda que com o tempo o Nirvana foi a maior banda dos anos 90.
É a situação de Moneyball, em que o olheiro não escolhe um bom jogador porque a mulher do sujeito é feia...

E a coisa não é exatamente melhor para os poucos e parcos que vencem. Quer dizer, quantas edições do American Idol, Master Chef, Aprendiz e todos os outros milhões de programas já foram realizadas?
Quantos desses caras ficaram efetivamente famosos e/ou mudaram a cara de suas respectivas indústrias? Um dos caras do Aprendiz, que eu sei, está sendo processado por meio mundo depois de dar calotes milionários na cidade onde realizaria o grande projeto que desenvolveu no programa...
Principalmente porque eles não tem tempo de maturação - o vencedor dessa temporada mal estará produzindo seu álbum enquanto os novos nomes e sucessos (da temporada seguinte) estarão surgindo.

Então porque se sujeitar a essa exposição? A esse ridículo por uma chance em um milhão, e mesmo ganhando, mesmo conseguindo agarrar essa chance em um milhão e espreme-la até não haver mais ínfimo bagaço, mesmo assim descobrir que sua vitória representará tão pouco ou quase nada, porque tentar dessa forma e não pelos meios antigos e tradicionais?

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