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2 de junho de 2016

{Resenhas de quinta} Barry Lyndon

Do que vejo, Barry Lyndon é o filme que serve mais como analogia e metáfora que qualquer outra coisa.

Quer dizer, é um filme sólido e eu não só posso como DEVO recomendar a todo e qualquer ser humano vivente que assista a esse filme. Droga, pra que assistir ao péssimo próximo capítulo dos X-men dirigidos pelo chatíssimo Bryan Synger nos cinemas se você pode assistir a essa pérola?

E, sim, eu devo admitir que existem defeitos - o filme é longo demais pro meu gosto (são 184 minutos, afinal, quase três horas de um filme dividido em dois grandes atos) em alguns sentidos e até demora um bocado para engrenar, mas, sem sombra de dúvidas, não é o elenco mais inspirado de toda a filmografia de Kubrick, e, ele fez um filme com Nicole Kidman e Tom Cruise...

Só que enquanto existem defeitos, também é importante ressaltar o quanto existem de grandes feitos dignos de elogio, como a espetacular história que reverbera bastante com toda a situação de luta de classe e a situação de oportunidade e oportunismo.
Lyndon é um personagem complexo e cheio de camadas - tanto que entre os dois atos do filme ele é retratado ora como o herói e ora como o vilão da história - e dentro do contexto do que a história tem a oferecer, fica fácil aceitar as premissas e constantes mudanças que vão conduzindo a vida do protagonista (ora foragido, ora soldado, ora espião, ora trapaceiro) de maneira que cada mudança parece bastante natural e orgânica (mesmo que eu critique o alongado tempo do filme...)

Não quero explicar a história e remover o impacto ao espectador de entender o que Kubrick pretendia com ela - assim como mostrar cenas brilhantes que podem perder o impacto assim que você as conheça, por isso não haverá sinopse ou resumo.

Até porque, do que vejo, o mais fascinante do filme, como levantei no primeiro parágrafo, é o quanto o filme é uma analogia espetacular sobre talento. Quer dizer, se outro diretor que não Stanley Kubrick (diretor de O iluminado, 2001: Uma odisseia no Espaço, Laranja Mecânica, Doutor Fantástico e outros grandes clássicos do cinema) fosse responsável por este filme, sem sombra de dúvidas ele seria muito mais comentado e reverenciado do que é. Como um Brian de Palma, por exemplo, seria seu magnum opus.
No currículo de Kubrick ele destoa negativamente. Não é ruim (como talvez Spartacus e Lolita, que, nem são ruins, mas envelheceram bastante mal), mas também está longe de ser efetivamente memorável em comparação.
É um filme 'bom' à sombra de trabalhos que revolucionaram a história da sétima arte de um diretor visionário.

Mesmo assim, apenas 'bom' ainda é algo fascinante e complexo, com reflexões bastante abrangentes sobre a condição social, com o que talvez seja a grande compilação das visões e ideias de Kubrick sobre a sociedade - reproduzindo ou revisitando temas e motivações presentes em outros filmes dentro desse contexto histórico.

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