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14 de maio de 2016

{Explicando o fim} A última tira de Calvin e Haroldo


A última tira de Calvin e Haroldo (acima) não tem exatamente nada de grandioso sobre ela como qualquer um pode ver.
Não existe mistério ou grande revelação ou uma incontestável reverberação (ela traz o tom que a série se deu: O da magia da infância e do fascínio da exploração, com uma metáfora sobre a visão do artista diante de uma página em branco).
É uma despedida (veja a primeira fala de Haroldo - "Tudo que é familiar desapareceu! O mundo parece novo!"), e traz o tom do que Watterson queria dizer a seus fãs com o fim da tira e o início de sua aposentadoria.

Esse é o ponto deste episódio de explicando o fim.
Watterson se aposentou, depois de dez anos de incrível sucesso (17 coletâneas vendendo mais de 45 milhões de cópias, suas tirinhas traduzidas para mais de 50 países, sendo que no auge da popularidade foram 2.400 jornais no mundo todo), em grande parte devido a sua personalidade. Ele se via frustrado com a mídia, com os excessos de cobrança e as restrições impostas pela condição narrativa nos jornais.
Ainda em grande forma, com tiras contundentes e com enorme sucesso, o autor resolveu parar sua publicação em 1995.

Ainda assim o artista nunca viu com bons olhos a estrutura mercadológica (porque você acha que não existem produtos licenciados, filmes, desenhos animados e o que mais?) e cansado e frustrado com os rumos e imposições a seu trabalho o artista resolveu pegar suas coisas e viver recluso em sua cidade natal em Ohio, o artista só aparece quando lhe apraz. Como em 2014 com a tirinha do colega cartunista Stephan Pastis de Pearls before Swine, e agora em 2016 em Bloom County, mas a suma é que o autor resolveu abrir mão do sucesso e viver sem se vender.

Essa tirinha final traz justamente esse propósito, de mostrar Calvin e Haroldo íntegros a seus princípios, continuando por fazer o que eles sempre fizeram (brincando num dia de inverno e partindo explorar mais um dia num mundo mágico). Eles são dois otimistas incorrigíveis com enorme imaginação e uma amizade que jamais desaparecerá, não faz sentido que partam de outra forma, que num dia cheio de possibilidades.

E esse é o final (ao contrário da versão deprimente criada por 'fãs' [?] anos atrás em que Calvin começa a tomar remédios e deixa de ver Haroldo), bem, pelo menos até agora.

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