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13 de março de 2016

{EDITORIAL} Tudo dito é só mais um tijolo no muro...

Sabe qual o livro mais chato que eu já li na vida? Bom, eu também não.
Mentira... Eu já fiz um post sobre isso, e continua sendo 'Os Justiceiros' do alter-ego que combate o crime vestido de Stephen King à noite (ou alguma coisa parecida com isso)...

Mas tenho de admitir que existem muitos livros que poderiam brigar pelo título caso eu tivesse de lê-los novamente por qualquer motivo que fosse, como 'O Ateneu', 'O Primo Basílio' e 'O Cortiço' consegue ser mais chato - mas com certeza Eça de Queiroz se esforçou bastante em produzir materiais ainda mais chatos, pois O Crime do Padre Amaro também está ali ali nesse fosso.

Porque estou falando disso? Recentemente foi anunciado que a literatura portuguesa deixa de ser obrigatória no currículo e isso causou certa comoção.
Comoção exagerada, se me perguntarem, até porque temos um dilema muito mais complexo sobre literatura, e mais que isso a extensão da literatura para o público adolescente.

Droga, eu li 'Brás, Bexiga e Barra Funda' para o Vestibular da Unicamp e não me lembro de absolutamente nada do conteúdo do livro. NADA.
Eu me lembro mais do que aconteceu na última edição do Big Brother (que eu não assisti) das piadas do Louro José (que eu não suporto) do que um livro que eu li há menos de quinze anos. E não é porque faz quinze anos... Eu já não me lembrava enquanto FAZIA o Vestibular da Unicamp.

Não adianta empurrar guela abaixo essa literatura antiga que não reflete ou reverbera nossa sociedade atual e que só serve para estudiosos e literários como um retrato de uma época (da época que o 'crime' de um padre era se envolver com uma mulher, e pedofilia provavelmente não era uma palavra).

Isso é uma repetição de um velho tema sobre a falta de conexão entre a educação e o mundo real. Quantos dias passa sem que alguém te lembre de um tópico inútil que aprendeu na escola sem qualquer aplicação prática? Seja o teorema de bhaskara ou alguma informação sobre um lantanídio...
Eu já fiz análise em corpos de água e nem de longe considerei analisar traços de algum lantanídio - e sinceramente, tenho amigos doutores e pós doutores em química que nunca sequer os viram em seus anos de laboratório - mas que compreendem que para sua formação específica foi interessante aprender isso,

E esse é um ponto crucial.
Para uma formação específica isso é válido, não para uma formação abrangente - que é o propósito e ambição de um sistema educacional entre os 7 e 15, considerado o 'ensino fundamental'.
São conhecimentos para a vida e não trivialidades.
Alunos tem de aprender a compreender e interpretar textos não discutir estilos literários (droga, de que vale saber qual a diferença entre romantismo e parnasianismo para alguém que não seja da área de letras?).

Até porque, qual a diferença entre compreender um longo e tedioso livro e compreender um livro bom, claro, e objetivo? Porque na literatura portuguesa que consideramos não se incluem livros de Saramago como Ensaio sobre a Cegueira ou A Caverna, enquanto 'Os Lusíadas' (que, me perdoem os fanáticos, é pouco mais que uma alegoria portuguesa sobre 'A Odisseia' de Homero - e com o original à disposição, não é melhor discuti-lo?)
Ainda mais quando o propósito disso tudo é apenas a compreensão e interpretação de texto (que é crucial e necessário para a vida) e não necessariamente a compreensão e abstração de conceitos mais complexos que são meros subtemas ou implicações (e que, o cinema e quadrinhos são muito mais fácies como ferramenta para difundir e discutir essas abstrações).

E isso é o que leva a segunda parte de minha discussão literária: A publicação de Minha Luta de Adolf Hitler.
Pra todos os efeitos e causas, eu imagino esse num tópico de 'Quem se importa?', porque afinal de contas é um livro datado que já foi explicado vez após vez através de outras obras (cito o brilhante 'O Olho da Serpente' de Bergman para explicar a ascensão do partido nazista na Alemanha), e, francamente, entra na categoria 'é só um livro'.
E é justamente esse o que vejo como problema de quem quer continuar por banir ou não publicar. É dar força a uma ilusão patética de que esse livro datado e sem valor ou relevância é de sobremaneira mágico e poderoso.
É só um livro.
Só um livro sem fundamentação, sem estrutura ou lógica (escrito por um soldado ferido na primeira guerra mundial e que acabou ganhando notoriedade por suas visões distorcidas de mundo - como a economia alemã inclusivista do século XXI pôde mostrar em contrapartida com a economia alemã do século XX), mas que não podemos esquecer que existiu e existe.
É o velho ponto de vista histórico "Aprenda com os erros passados para não voltar a repeti-los".
Qual o ponto de proibir "Minha Luta" quando na campanha presidencial norte americana o candidato Donald Trump levanta vez após vez a bandeira dos criminosos que ilegalmente vão aos EUA em busca dos empregos e da destruição da raça pura americana?

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