Começando do começo, eu entendo o direito ao boicote a empresas por motivos ideológicos: É um direito de liberdade de expressão e eu mesmo faço (não compro nada da Volks ou da IBM por uso de mão de obra semi-escrava durante a 2ª Guerra Mundial, assim como costumo pesquisar antes de comprar qualquer roupa para ver se a marca é listada por uso de mão de obra infantil).
Isso provavelmente só faz deste senhor um xarope, mas o que fazer?
Sobre o caso Boticário, porém, o problema bateu em dois pontos, e os dois estão na mesma palavra do primeiro parágrafo (ideológicos). Não há uma ideia nem é lógica a argumentação de tal boicote.
Boicotar porque a empresa apoia a diversidade? Pra mim isso é motivo pra boicotar as outras que não o fazem, mas ei, como já estabelecemos nesse texto eu sou apenas um xarope.
Só que isso é estúpido de diversas maneiras e por diversos motivos - o mais simples que para ser lógico esse boicote teria de estender praticamente ad infinitum, uma vez que quase toda empresa/mega corporação hoje tem uma grande parcela de homossexuais, e por tabela apoia a diversidade. Numa tacada só os boicoitados perderiam a indústria fonográfica e cinematográfica, ou basicamente toda a indústria do entretenimento.
A lógica faz ainda menos sentido quando alguém tenta dizer que a propaganda é ofensiva... Talvez eu não seja referência, é verdade, já que assisto South Park há uns doze anos e navego a internet há mais que isso... Eu já vi praticamente tudo de absurdo, nojento e repulsivo que esse mundo tem para oferecer (juro que só parcialmente intencional). E eu trabalhei com dinheiro em um banco e juro que já vi cédulas que eu não colocaria na minha carteira nem que valessem o dobro (juro que uma das cédulas que depositaram uma vez estava com merda e eu não quis e não quero saber como ela foi parar lá).
O comercial em questão? É bem conservador por qualquer padrão.
Eu diria até que bunda-mole, se alguém me perguntasse, sem ousadia.
O anúncio mostra alguns casais se preparando para um encontro e trocando presentes. Alguns são gays, e o máximo que qualquer um dos casais faz é trocar abraços. E toca uma versão de elevador de uma música do Lulu Santos.
É isso.
Não é o tipo de coisa de Don Draper, mas é bem (politicamente) correto, e pra mim acerta as notas que precisa.
Eu particularmente iria além, talvez com uma montagem à "A garota ideal" (Lars and the real girl, 2007) pra tentar causar algum choque com a revelação de que a mulher perfeita do protagonista é uma boneca inflável (tá, tá, não é inflável, ela é feita de silicone e blá, blá, blá) no mesmo tom de que contanto que as pessoas sejam felizes, o que importa como?
Mas eu admito que já é mais politicamente incorreto e bem mais ousado que qualquer agência de publicidade aprovaria.
No mais, eu adoro o Boticário.
Sério! É uma empresa que fácil figura entre aquelas que eu adoraria de trabalhar algum dia - vi diversas palestras de profissionais fantásticos que trabalham/trabalharam lá e TODA VEZ me vi motivado e empolgado só por ouvi-los falar. Sei que os trabalhos deles são mais com biologia (que não é minha praia), mas acho fantástico o material que eles desenvolvem, tanto em quantidade como qualidade. É IMPRESSIONANTE.
É uma empresa que faz um trabalho fantástico pelo desenvolvimento regional sustentável, que investe pesado em pesquisa e desenvolvimento e que acredita no potencial de patentes da fauna/flora brasileira.
Se esse parágrafo não basta, é só ver todo o trabalho da Fundação Grupo Boticário (com divulgações anuais de relatórios sobre suas realizações - vide o link), e vale a pena dar uma conferida.
Mesmo que os motivos de boicote fossem coerentes (o que não são, é como quem boicota vacina nos EUA - e depois reclama que filho fica doente...), pra atacar uma empresa desse cacife eles teriam que fazer alguma propaganda defendendo a pedofilia ou coisa do tipo.
Mais ou menos como a igreja católica fez defendendo os padres pedófilos... Ei, não era um dos argumentos contra o comercial que na bíblia diz que homossexualismo é errado?
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