(Stan Lee, Moebius, Marvel Comics, 136 páginas US$8,99)
O meu problema como 'Parábola' reside no sentido literal de quanto isso, bem, é uma parábola e não uma história (e nem se esforça pra ser).
Galactus não é um personagem, é uma anedota. O Surfista? Um mero condutor da lição moral...
E mesmo que Stan Lee seja o criador de ambos, ele realmente não demonstra qualquer tom ou inspiração para construir uma história inteligente (e com todos os 'moebiusmos' acaba apenas presunçosa), uma vez que a trama (e reforço que 'trama' é uma palavra usada com muita permissividade nesse sentido) é parva e cheia de inconsistências.
Toda a ideia da 'igreja de Galactus' e dos 'aproveitadores' tentando lucrar como falsos profetas do deus intergalático e etc acabam falhando numa reflexão mais abrangente da situação humana (que, sim, é o objetivo desta parábola), mas isso é algo amplamente complexo, e francamente um tema bastante difícil com uma ampla reflexão filosófica (que requer a resposta para perguntas como 'Nós desejamos o fascismo?') cujas respostas nunca são mera ou minimamente preto no branco. Há uma necessidade por muito mais que respostas e sim pelas reflexões, mas para isso as perguntas tem de ser bem conduzidas, bem trabalhadas e agir de acordo com um roteiro coeso e bem escrito.
Esperar qualquer uma dessas coisas do homem menos sutil do mundo Stan Lee... Bem, é querer demais.
Com certeza vale pela arte espetacular, e é um passo substancial na direção certa, só é difícil levar a sério.
Nota: 6,0/10Sandman Overture #5
(Roteiros: Neil Gaiman, Arte: J. H. Williams III, DC Comics, 32 páginas, US$3,99).
Digo com toda a honestidade, eu não sei o que aconteceu na última edição...
Fazem seis meses (tá, cinco) e eu li uma caralhada de outras coisas, mas eu não me importo, só por essa edição isolada e além de tudo e todos os eventos anteriores ela é um espetáculo visual digno da espera.
Williams é um monstro (e olha que ele não precisa provar mais nada depois de Promethea), e está inspiradíssimo. Cada página, cada painel, cada cena é o cara se superando e criando algo que é ao mesmo tempo absurdamente fantástico, complexo e... Curiosa e incrivelmente crível.
Williams nasceu para esse trabalho e Gaiman sabe quem é o dono do show, então é o que vemos... Uma história pouco interessante, meio sem nenhuma inspiração que é escrita no modo automático mas que é mero cenário para o maior artista da atualidade.
Só que verdade seja dita, é o epílogo e bis que Sandman merecia (por mais confusa e convoluta que seja até o momento e eu definitivamente precise reler tudo de novo quando terminar). Só por apresentar o pai e mãe dos Perpétuos de maneira tão genial já vale o preço da entrada.
E a primeira página dessa edição, que coisa linda de haikai (ainda mais se você reparar a estrutura - que pode ser lida do centro para as pontas (em espiral) ou no sentido ocidental da leitura (da esquerda para a direita de cima pra baixo) ou no sentido inverso (de baixo para cima da direita para esquerda). Duvida? Tente:
Nota: 9,5/10.
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