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25 de abril de 2015

Dose Dupla da Era de Ultron

Assistir "Vingadores - A Era de Ultron" é uma das experiências mais gratas e confusas do universo Marvel cinematográfico.

Grata porque é um filme fantástico. Facilmente superior ao primeiro, briga pelo topo dos filmes da produtora (Guardiões, pra mim é melhor por ser mais conciso), e queimou minha língua em diversas instâncias.
Eu fui dos sujeitos que reclamou de Ultron não ter vínculo com o Homem Formiga (e não é que funciona? Só quero ver o Homem Formiga funcionar, mas aí é problema pro Paul Rudd), e a simples presença de James Spader com sua voz e maneirismos faz você esquecer completamente qualquer falha lógica do personagem.
Spader é tão magnífico (e vale ressaltar que estamos num momento em que tem bastante filmes sobre androides saindo, como Chappie, Ex Machina, Automata...), mas a performance é tão impecável, tão incrível que a única outra atuação que eu consigo comparar a dele é a de Douglas Rain como a robótica e assombrosa presença de Hal 9000 em 2001: Uma Odisseia no Espaço. Pra eu comparar com Kubrick é preciso notar o quanto eu achei bom!

O filme é incrível. Se eu tiver que estabelecer uma comparação fácil para quem não assistiu, é como Indiana Jones - Os Caçadores da Arca Perdida (O primeiro filme da franquia em que ele caça a arca da Aliança no deserto, ou pra ficar ainda mais fácil, o filme com a pedra gigante rolando atrás dele).
É simples, acessível pra qualquer um (mas ter alguma bagagem ajuda), e é fácil embarcar no enredo aquém de suas falhas.
Juro. Acho que teria de ver várias vezes - provavelmente sem uma sala cheia de molecada ajudaria - para criticar as falhas do roteiro que quebram a suspensão de crença. A história é muito bem conduzida e mantém o ritmo de começo a fim, e, ainda que eu seja suspeito como fã de quadrinhos, eu não sou fã babão que lambe as bolas da Marvel em tudo que ela faz (minha resenha do seriado do Demolidor na próxima quarta mostrará isso), e ver isso mostra o quanto é difícil não se empolgar, deixar de investir na história e personagens.

Mesmo os momentos menores são cruciais e magistralmente conduzidos!
Porra, eles justificaram o Gavião Arqueiro! Eles fizeram o que os quadrinhos vem tentando há décadas com menos sucesso!

Eu reclamei vez após ver do excesso de humor dos filmes da Marvel e... Bem, aqui, mesmo cheio de piadinhas (algumas bem forçadas), elas funcionam para amenizar o tom denso e grave do filme! Ninguém fica mais pasmo que eu com isso!
É, eu estou elogiando o uso de piadas num filme da Marvel!
(Se esse parágrafo continuar aqui amanhã é porque eu não mudei de ideia, lembre disso!)

E mais que isso, os dois atores que estragaram Godzilla mostram que não foram eles! Quer dizer, foram, mas o roteiro horrível do filme do rei dos monstros ajudou mais que a atuação terrível deles!

Dito isso, é importante destacar que eles são o ponto mais fraco do filme.
Com tantas histórias secundárias e tanto foco dispersado para e por todos os lados, faltou um pouco de atenção aos personagens para desenvolver melhor suas motivações na primeira parte do filme enquanto antagonistas. Ainda assim eu sei que essa falha pode ser corrigida, afinal, no blu-ray podem acrescentar cenas extras e tudo mais, e, quem sabe a motivação e o desenvolvimento dos dois não foi excluído para reduzir tempo de filme e aumentar as cenas de ação?

{{{{SPOILERS}}}} Tá, tá, eles viram a família ser assassinada por um míssil Stark e tudo mais, mas nisso as motivações da dupla para trabalhar com Barão Strucker e depois o androide Ultron, bem, por falta de uma palavra específica se resume a falta de uma ou duas cenas de desenvolvimento/contexto.
Quer dizer, eles se aliaram a um androide maligno assassino... O que realmente eles esperavam que ele tivesse como plano?

Fora isso, sobram mais algumas reclamações, claro, mas elas são meio estranhas, e é onde entra o território do confuso do primeiro parágrafo.
Quer dizer, eu sei que esse filme é o segundo desde Vingadores e é sua continuação, mas não é exatamente como se fosse a continuação direta. Esse é o grande ponto do que defendem com unhas e dentes os fãs do Universo Marvel Cinematográfico...
Eu já disse uma vez e repito: Não entendo essa merda. As histórias acabam se interligando pouco, o fio narrativo não se cruza (justamente porque é feito por equipes diferentes que tem qualquer comunicação, até porque o exemplo do súbito acordo da Sony com a Disney sobre o Homem Aranha mudou o cronograma de filmes futuros, removendo Pantera Negra da lista ilustra bem...)
Só que é um quebra-cabeças que não encaixa.
Quer um exemplo bobo que não precisa nem de spoiler pra você entender? Jane Foster está cotada para um prêmio Nobel.
É. A personagem da Natalie Portman em Thor, por algum motivo que vai além da lógica e qualquer circunstância apresentada nos dois filmes, ela se tornou uma pesquisadora altamente respeitável e... E eu nem consigo terminar essa frase! É a Jane Foster, porra!
Sério, já é uma ofensa que ela se chame 'astrofísica', mas ser indicada ao Nobel pelo trabalho que ela desenvolve como 'astrofísica'? Não fode!

Só que isso não é exatamente culpa do filme!
Ou é? Quer dizer... Cada um deles detém peças diferentes de um quebra-cabeças, mas, aparentemente algumas não se encaixam.
Existem outras situações em que isso é até mais marcante, como uma das subtramas mais desenvolvidas no filme: O relacionamento da Viúva Negra com o Hulk.
É estranho analisado fora do filme porque não parece coerente com o que foi apresentado nos outros filmes do universo Marvel cinematográfico (considerando ou não O Incrível Hulk do Edward Norton, já que Betty Ross parece tão pouco importante que seu nome sequer é mencionado), uma vez que não é sequer tangenciado a qualquer momento.
Quer dizer, em O Soldado Invernal parece que a Viúva está arrastando uma asinha para o Capeitão, enquanto em Vingadores há alguns momentos em que se sugere que ela e o Gavião Arqueiro ao menos tem um passado... E não há qualquer tangente às idas e vindas do casal...

Acho que é Homem de Ferro 3 que me perturba mais sobre sua relação com Era de Ultron, mas se eu tiver que ser completamente honesto, Homem de Ferro 3 me perturba mais que muita coisa nesse mundo, então não sei até que ponto isso é uma crítica, mas sem dúvidas as pontes entre os filmes parecem inexistentes (Tony parece abandonar as armaduras sobressalentes ao final de HdF3, aqui elas aparecem logo na primeira cena; Ao final ele parece em paz consigo mesmo e com sua posição no mundo, aqui ele toma um atalho e tenta construir a mais avançada inteligência artificial para que possa tirar férias...)

Resumo da ópera: Grande filme em si próprio, melhor que Vingadores, pouco abaixo de Guardiões e o primeiro Homem de Ferro, pau a pau como O Soldado Invernal.
Nota: 9,0.

Agora à segunda dose;

Se você sofre de excesso de dinheiro em caixa, seu bolso está pesado com tantas cédulas, e você já é incapaz de contar tão altas cifras... Bem, você pode fazer uma doação pra mim, não é mesmo?
Mas se não quiser, aqui está um exemplo de coisa para gastar dinheiro sem qualquer tipo de retorno.

Brian Michael Bendis, que pra mim já foi um dos nomes mais promissores do mercado de quadrinhos ,entrega nessa... História (?) uma tamanha e estúpida confusão que nem Bryan Hitch em toda a exuberância de sua arte consegue salvar.

São bobagens de viagens temporais sem sentido que fariam o roteiro dos últimos Exterminador do Futuro parecerem dignos do Oscar... Tudo parece meio bobo e sem propósito, as ações e interações entre personagens despropositais e, ao final tudo parece como a maior definição de 'não história', sabe?
Aquele final 'foi tudo um sonho' ou algo que o valha.
É um futuro alternativo que é alterado mas pode acabar acontecendo (ou não) e a trama não parece se importar nem em definir uma contextualização própria (que independe da noção da continuidade convencional como muleta, algo que Frank Miller fez brilhantemente como O Cavaleiro das Trevas, e Grant Morrison também com Grandes Astros Superman), e consiga contar uma história interessante e coerente.
Só que isso é praticamente impossível com tanta volta ao redor do próprio rabo (que invariavelmente acontece com roteiros de viagem no tempo mal escritos).

Fraco de tudo. Não vale o papel que foi impresso.
A Panini podia lançar 'Ultron Ilimitado' para pegar a onda do filme... Seria mais inteligente (até porque é boa parte do material que usaram como base pra história).
Nota: 2,0/10.

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