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24 de abril de 2015

{RESENHA} Mortal Kombat X


Primeiro e mais importante: Não, não é culpa da Pitty que o jogo seja uma merda (ainda que eu não joguei até o final).
Ela dubla apenas uma das personagens, e, enquanto é um tanto irritante ouvir a voz dela nos diálogos, igualmente é ouvir qualquer outra voz em português com esses personagens. Claro, ela não faz nenhum trabalho excelente (provavelmente será lembrada como Tommy Wiseau de The Room é lembrado), mas jogar nela a responsabilidade de tudo que há de ruim na versão em português? Qualé! Até porque na dublagem acabam exacerbando os absurdos do roteiro, e o que a gente deixaria passar pela legenda (que mantém sóbrio mesmo o diálogo mais estúpido), acaba como exatamente é: Estúpido.
E nunca funciona, diga-se de passagem, em videogames.
Ou alguém acha que a dublagem do Tiago Leifert ou do Silvio Luiz sejam o tom certo pros jogos de futebol?
Desculpa, mas justificar que o problema da versão brasileira está na dublagem da baiana é frescura...
É ruim mas não quebra o jogo...

Segundo e igualmente importante: Eu não joguei tudo que há pra se jogar.
Joguei com alguns amigos num PS4 o jogo (PS4 e jogo de um dos amigos), e vi alguns dos modos, enquanto joguei algumas das coisas.
Não joguei online, não vi todo o modo história (acho que mal completei o primeiro capítulo, mas joguei o reboot de 2011 e Injustice, então eu conheço bem o esquema de modo história da Netherhealms), e solo mesmo eu joguei as torres de desafios. Divertidas para partidas rápidas, ainda que menos imaginativas que a versão de 2011.
E mais importante, acho que o estúdio comete alguns erros que tornam a opção de compra menos interessante. Os downloads de extras que incluem um dos personagens mais interessantes da franquia (o monstro de quatro braços Goro) e um modo mais fácil de fatalities (que é bem ridículo em qualquer senso da palavra) só justificam a espera de uma versão completa do jogo que deve sair até o final do ano ou no mais tardar ano que vem com alguma alcunha como "Game of the year" ou "Komplete edition" (e sim, com 'k' pois é Mortal Kombat).
Não caio mais nesse golpe, sinto muito (e sem dúvidas não consigo recomendar a ninguém que compre esse jogo, indiferente de gostar ou não).

A jogabilidade está apurada, talvez a melhor desde que inventaram a franquia, ainda que leve um bom tempo só pra se acostumar à quantia abissal de informação na tela por segundo (tem umas duas barras que são importantes para saber se é possível quebrar um combo e/ou fazer um golpe especial, além dos objetos interativos no cenário que podem mudar drasticamente o rumo de uma batalha), e os três modos diferentes de ação de cada personagem oferece uma complexidade única.
Com certeza é um jogo fácil de entrar de cabeça para aprender, mas bem difícil de progredir e dominar.

Joguei apenas com três personagens diferentes (Kothal Khan - que é uma espécie de deus do sol Inca, ou algo que o valha - o monstro Goro e Kenshi, meu personagem favorito da franquia), mas deu pra sentir bem as diferenças entre cada um deles e até mesmo entre seus estilos.
Os fatalities são de fato bastante violentos, com excessos e absurdos que se espera da franquia, e é bastante satisfatório na conclusão de uma peleja. Pena que alguns são menos interessantes que os ataques especiais de Raio X (que mostram os ossos se quebrando e outras lacerações ocorrendo conforme a surra segue), mas nenhuma novidade aqui.

E é justamente nisso que o jogo se diferencia de seus competidores, ele é complexo pra caramba mesmo dentro de seus limites.
A forma de lutar muda bastante a ponto que mesmo que dois lutadores escolham o mesmo personagem se estilos diferentes são selecionados, há uma incrível diferença entre ambos (algo que mesmo a franquia teve grande dificuldade com os ninjas com uniformes diferentes em iterações passadas), e o uso inteligente dos recursos pode mudar toda a dinâmica de uma batalha, o que torna a estratégia muito mais decisiva, e cada luta mais emocionante.
Só isso já justifica o jogo (afinal, jogos de luta assim como pornografia ninguém vai procurar por motivo da história), afinal é o modelo ideal para torneios, e, é realmente bom nisso.

O que, para quem não entende muito dos parangolês significa que é feito para quem vá se obcecar suficientemente para jogar obsessiva e compulsivamente para dominar cada ataque, defesa e estratégia (de ambos) para disputar em campeonatos. Ou seja, é bonito, com gráficos fascinantes e tudo mais para chamar a atenção do jogador ocasional e casual, mas é bastante complexo e refinado para manter o jogador mais hardcore.

E, nesse momento, é só esse cara que de fato deve investir no jogo, afinal é justamente esse jogador hardcore que investirá horas, dias e talvez até os próximos anos de sua vida no domínio de estilos e personagens como arte (eu não uso o termo futilmente apesar de parecer, existe uma certa beleza em ver alguém realmente hábil jogando um personagem do qual domina, vide exemplo), e cada minuto é crucial para chegar a isso.

No geral, acaba parecendo incompleto quando comparado ao jogo de 2011, parece menor, mas a verdade é que aquele jogo foi lançado com um escopo gradiloquente sem igual (pretendia compilar os eventos dos três primeiros jogos em apenas um somado a corrigir a estrutura da cronologia corrente), e com todo o medo de que poderia ser um fracasso e consolidar o fim da franquia, todas as apostas foram para fazer o máximo.
Com o sucesso obtido, eles puderam relaxar um pouco e produzir algo diferente, focando em personagens novos nunca vistos e variações interessantes dos clássicos, mas invariavelmente parece menor.

Pra todos nós demais meros mortais, podemos esperar mais um pouco pela versão completa sem ter que pagar custos adicionais por jogadores extras.
Só que mesmo para nós meros mortais, é um jogo bacana que vale uma conferida.

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