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23 de janeiro de 2015

A comunicação de massa e o colonialismo (Para Ler Pato Donald sem falar do livro)

Quando eu vi esse vídeo fantástico do Cracked sobre Walt Disney (vide abaixo) imediatamente me lembrei de um certo livrinho chamado 'Para ler Pato Donald - Comunicação de massa e colonialismo' um daqueles livros de cabeceira de sociólogos, conspirólogos (que vê sentido nos três 6 na assinatura do cara) e gente que realmente não gosta da empresa do camundongo...

A história de Disney é regada de subterfúgios e ações escusas. Plágio, roubo de conteúdo, racismo (aliado a alegações bem contundentes de simpatia ao movimento nazista) e misoginia (que incluem responder através de cartas à mulheres que viessem a se candidatar aos cargos na empresa com material que fariam alguns machistas corarem)... Bem, veja o vídeo, ele resume bem a trajetória de Walt.

Não é preciso muito de procura para ver o quanto o cinema (e entretenimento em geral) americanos retratam de maneira deturpada o 'terceiro mundo', o 'mundo incivilizado', e se eu tiver apenas um exemplo pra fazer, cito a fictícia nação estado de Wakanda dos quadrinhos Marvel. Ainda que sempre vendam o país como anos luz no que se trata de tecnologia, o retrato do país raramente foge dos povos Zulus (sabe, da guerra Anglo-Zulu, do século XIX e retratado no filme 'Zulu' de 1964 com Michael Caine?)... São muito mais avançados mas eles não usam drones ou armas altamente tecnológicas. Usam lanças (com alguma parafernália de um metal raro e somente existente naquela região).
O "avançado" exército de Wakanda
O 'altamente tecnológico' povo de Wakanda ainda é incrivelmente supersticioso (ao que vêem a Pantera Negra como sua deidade - que confere os poderes e a grandeza aos monarcas da nação), e para adicionar injúria ao insulto (ou é o contrário?) um dos grandes vilões da história é um sujeito negro que se veste como um Gorila Branco (chamado Homem Gorila, pra quem estava curioso) com o plano de conquistar o país e torná-lo ainda mais atrasado e submisso!

Não fosse o bastante, o governo foi passado das mãos de T'Challa para sua irmã mais nova que parece incorporar todo tipo de regime fascista africano em uma única líder - como a recente edição 07 de Demolidor de 2014 demostra bem...
Novamente vemos os 'avançados' soldados de Wakanda em ação
Outros exemplos são igualmente notórios e fáceis de se achar... Não é preciso muito para achar retratos do Brasil nos cinemas, tv e quadrinhos.
Não é raro ver o Brasil como grande vilão e responsável pela destruição de todo o ecossistema amazônico (vide os dois episódios de os Simpsons no Brasil ou a animação Rio 2) - o que, diga-se de passagem não é bem verdade - assim como uma nação onde tudo é farra, folia e festa (como num episódio de House em que o médico sabichão deixa claro que no Brasil o Carnaval tem quarenta dias!). Outros estereótipos sobre nosso país se propagam sobre as mulheres altamente atraentes (e fáceis), assim como uma propensão natural para o crime e violência (essa, é verdade, o cinema brasileiro também ajuda, mas é comum demais o retrato do crime no Brasil como algo comum, de novo vide os Simpsons, as duas animações Rio, o filme Os Garotos do Brasil sobre como o país abrigou nazistas - ao contrário dos EUA que os contrataram, o que é muito diferente [e eu não sei escrever mais sarcasticamente que isso...]).

Bem verdade que é algo comum essa estrutura de exaltar a própria nação e diminuir as demais -mesmo que não pareça, como no caso da história da guerra de Tróia, contada pelos Romanos para diminuir a capacidade do poderio bélico do exército Grego comparada ao deles, ao mostrá-los como covardes e traiçoeiros ao utilizar o ardil do cavalo de madeira para vencer a guerra - mas nunca é demais ler nas entrelinhas.
Afinal pode haver uma nova e mais perturbadora mensagem ali...

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