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17 de março de 2014

Stanley Kubrick, senhoras e senhores.

Se a vida é tão sem propósito, você acredita que vale a pena viver?
Kubrick: Sim, para aqueles de nós capazes de alguma forma cooptar com nosso senso de mortalidade. O fato da ausência de sentido na vida nos força a criar o nosso próprio sentido. Crianças, obviamente,
começam a vida com um intocável senso de maravilhamento, uma capacidade de experimentar a alegria de algo tão simples como o verde de uma folha; mas conforme crescem; conforme envelhecem, a consciência da mortalidade e decadência começa a agir e subitamente erodir sua alegria de viver (joie de vivre), seu idealismo - e sua presunção de imortalidade. Enquanto amadurecem, crianças vêem a morte e sofrimento em todo lugar sobre eles, e começam a perder a fé na bondade definitiva do ser humano. Mas se for razoavelmente forte - e sortudo - será capaz de emergir dessa alvorada da alma em um renascimento da disposição (élan) de sua vida. Tanto porque a despeito de sua compreensão da falta de sentido da vida, que se pode forjar um novo senso de propósito e afirmação. Não será capaz de recapturar o mesmo sentimento puro de maravilhamento com que nasceu, mas poderá moldar algo mais resistente e durador. O fato mais aterrador sobre o universo não é que ele é hostil, e sim que é indiferente; Se formos capazes de aceitar essa indiferença e aceitar os desafios da vida entre os limites da morte - quão mutáveis o ser humano seja capaz de moldá-los - nossa existência como espécie poderá ter um sentido genuíno e realizado.

Indiferente de quão vasta seja a escuridão, devemos prover nossa própria luz.


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