Durante o Carnaval, muita gente comentou comigo sobre o caso do cantor Roberto Carlos fazendo comercial daquela carne que tem nome segundo o Tony Ramos.
O preço do cachê que escalonou assombrosamente entre cada conversa que eu tive (a primeira pessoa falou no sábado algo em torno de dois milhões, mas a versão final foi 25 mi). Dentre as reclamações teve de tudo, inclusive gente querendo botar o Lula na história (que eu não entendi como entrou, a empresa existe desde 1953, e é de Goiás - Lula nasceu no Recife, e boa parte de sua carreira política se deve ao trabalho de metalúrgico em São Bernardo), e muita gente questionando o absurdo da marca tentar vender que um vegetariano optaria por comer um bife que até quem come carne perde a fome vendo - no comercial, onde deveria parecer mais atraente.
Porém, se teve uma coisa que eu vi como consenso de fato entre os críticos é que todo e qualquer um deles faria o mesmo comercial por uma fração do valor...
E eu acho que isso é o que realmente me assusta, porque mostra que a preocupação não é com o fato aterrador em questão - afinal temos um homem vendendo seus valores por uma cifra (indiferente de quão alta) - e será que somos capazes de entender isso?
Será que eu me venderia para uma Monsanto, que eu tanto critico, por alguma quantia obscena? (Se bem que nesse caso é capaz d'eu acabar me juntando aos X-men com membros extras, surgimento de fluorescência ou mesmo de me tornar geneticamente dotado de glifosato - Eu seria o Roundupman!)
E eu posso julgar se eu nunca passei por situação similar, e, pela minha falta de influência, provavelmente jamais passarei?
É a questão ética da coisa toda que é o grande problema e entrave, e que deve nos fazer refletir ao menos um pouco mais sobre o poder do dinheiro e sua influência sobre nós.
Porque um homem que tem mansões à beira das praias mais caras do Rio de Janeiro se venderia a um frigorífico por qualquer dinheiro que seja? Ainda mais um vegetariano, se vender pra indústria da carne...

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