"Me venda essa caneta", é o que o personagem de Leonardo di Caprio diz mais de uma vez no filme, e, que por algum motivo é o que vai ficar para muita gente como o mote e lição desta obra de Martin Scorcese, exatamente aquele tipo de pessoal que acha que as pessoas se vangloriando de seus ternos de US$3,000.00 e relógios de US$40,000.00 com estratégias de venda a qualquer custo, que idolatram a Vênus da venda casada (ou Venus of the Hard sell, se preferir). Basicamente os yuppies e os yuppies profissionais (quem vende curso de liderança e outros produtos motivacionais do tipo).
E eu sei... Isso é triste pra caralho (sério, é o melhor trabalho do Scorcese e, além de quase certo que não vai ganhar prêmios - já que é comédia - é provável que escape do radar e a sua mensagem se perca do grande público).
Por um lado expõe a genialidade de Scorcese a um nível que talvez nem o próprio acredite estar lá (principalmente depois da maldita cena do rato em Os Infiltrados), expondo com uma crítica ácida e satírica uma realidade que de fato é assustadora. Ainda que exista a veia cômica no filme, não deixa de ser verdade o que, por exemplo, o personagem de Matthew McConaughey diz bem no comecinho do filme, sobre uma grande verdade do mundo das ações - que não há dinheiro real, além daquele da comissão recebida pelo corretor - que vai ficando mais e mais claro conforme o protagonista vai adentrando o mundo e cenário da bolsa de valores. Não importa a queda das ações, a subida ou o que for... Foda-se que o comprador perca o dinheiro da hipoteca para pagar as ações (podres) compradas como dica segura, contanto que o dinheiro da comissão do corretor seja pago.
E a grande piada é justamente como o filme expõe através de sátira toda a fragilidade do sistema financeiro mundial, sem poupar uma clara e nítida demonstração a partir da flutuação do mercado e falta de escrúpulos dos envolvidos (além da pungente expressão de ignorância e incompetência dos 'profissionais' responsáveis).
Claro, claro, o mercado regulou estratégias e regulações pra impedir que ESSE tipo de comportamento descrito no filme venha a acontecer de novo, mas a questão imaterial persiste.
Afinal, as bolhas imateriais não ficam só em Wall Street (a quitenete de R$2.000.000,00 no centro de São Paulo é um exemplo nítido de uma bolha se moldando devido ao único propósito de especulação para valorização)...
Mas ei, tem peitinhos, piadas envolvendo pessoas diminutas e algum papo sobre vender canetas - pra quem estava cansado do monólogo de Alec Baldwin de "Glengarry Glenn Ross" de 1992...
E daí se o grande público (e provavelmente a academia - e obviamente os órgãos reguladores que se farão de cegos) perder a lição sobre economia porque estava observando os peitinhos?

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