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22 de setembro de 2024

{Em busca do pior...} Episódio nostálgico dos Simpsons!

Geralmente quando alguém fala da série da família amarela com nostalgia acaba referindo ao material um período específico de suas melhores temporadas, e elas tendem a ser ou as dez primeiras ou as catorze primeiras ou da terceira a oitava temproadas ou uma série de outras combinações que essencialmente definem que em algum ponto a partir da décima temporada as coisas degringolaram e anos de cuidadosamente planejada construção de personagens e série caem por terra.

Eu já falei um pouco sobre isso, até porque esse ponto arbitrário da décima (ou décima e pouca) temporada coincide com a chegada de concorrentes aos Simpsons, com South Park (1997), Uma Família da Pesada (1999) e Futurama (1999) marcam essencialmente o ponto em que estamos falando (a décima temporada de Os Simpsons foi ao ar a partir de agosto de 1998, terminando em maio de 1999). Não muito depois em 2001 começava o bloco de animação adulta (não pornográfica, seu mente suja) do Cartoon Network com o Adult Swim que além de apresentar vários animês para o público norte-americano, também geraria material como Harvey Birdman, o Advogado (2000), Frango Robô (2005) e mais recentemente Rick e Morty (2013) e nesse ponto a partir dos anos 2000 com cada vez mais variados e diferentes estilos de animação, desde material voltado basicamente para crianças como Apenas um Show e Hora de Aventura (2010) ou O Incrível Mundo de Gumball (2020) passando por material bem mais adulto como Archer (2009) e diversos outros projetos e ideias com tons mais adultos ou infantis dos últimos vinte e tanto anos, o cenário mudou muito, e, em grande parte mudou muito pelas formas em que consumimos esse tipo de material.

Se em 1989 quando a família amarela se lançou como uma série (após vários curtas no Show de Tracey Ullman) você quisesse assistir a um episódio, seria necessário se programar para assistir no momento e perder um episódio provavelmente significaria não ter outra chance de vê-lo até que as emissoras assim decidissem por reprisá-lo. Levou anos para que fitas cassete compilassem episódios (mas não temporadas inteiras, isso só com os dvds ainda anos mais tarde) e nisso as emissoras produziam temporadas mais longas, e, justamente para garantir a produção contínua de episódios eventualmente apelavam para episódios de clipes.

Estes episódios de clipes tem, no geral, as menores notas de público e críticos - e não apenas para os Simpsons - afinal, são episódios que não servem para nenhum propósito atualmente num cenário em que toda uma temporada (ou toda a série) estão disponíveis para maratonar e assistir na sequência sem intervalos. Mas eu não vou comentar sobre eles além de que isso era algo costumeiro na época e fazia sentido na época para ganhar tempo e produzir um episódio novo sem precisar de conteúdo novo (além de permitir em alguns aspectos incluir material inédito, como os Simpsons fizeram com o 138º Episódio especial).

E enquanto eu concorde que nenhum destes episódios são brilhantes (com pouco conteúdo original e no geral somente uma pequena e nula conexão entre as cenas para moldar o episódio todo - exceto o 138º episódio que eu genuinamente acho espetacular, e Por trás das Risadas não é um episódio de clipes ainda que seja classificado dessa forma), tudo isso é apenas uma inconveniência de outro momento da história, como televisão de tubo, internet discada ou controles remotos (ei, além do celular que funciona como um deles, você pode comandar através da voz com uma Alexa).

No entanto, fingir que todos os episódios desse período glorioso de dez (quinze ou seja lá quantas) temporadas é impecável ou superior mesmo desconsiderando os episódios de clipes é um tanto parvo, e, na minha opinião nada demonstra isso com maior clareza que o segundo episódio da série, Bart, o gênio.

Uma coisa que fica bastante nítida quando assistindo aos primeiros episódios da série, é o quanto as arestas ainda estão afiadas e o material precisa de refinamento tanto em animação quanto em termos de roteiro. Existe um diamante bruto ali, mas ele com toda a certeza precisava de bem mais que uma simples lapidação. Em um episódio como Bart, o gênio, vemos que era necessário extrair esse diamante de algum subterrâneo para só então trabalhá-lo e dilapidá-lo.

A história não traz nada de particular interessante ou brilhante com Bart como um péssimo aluno trapaceando em um exame e sendo considerado um gênio (e nisso sendo transferido para uma escola para alunos geniais). E além da trapaça no teste de QI e de menções a nefrologia (em 1989, diga-se de passagem), o episódio cai em diversos clichês da estrutura de peixe fora-d'água enquanto caindo em vários clichês e bobagens sobre noções de inteligência (e por tabela de sofisticação intelectual) que fariam The Big Bang Theory parecer O Castelo Rá-Tim-Bum.

Mas é na segunda temporada com o irmão de Homer em que vemos algo que denota bem mais o quanto esse diamante se via enterrado e perdido sob uma montanha de lixo com o Irmão de Homer, um empresário de sucesso no ramo automobilístico que resolve ignorar toda a sua diretoria para permitir que seu irmão perdido de longa data desenvolva um veículo para o americano médio (e a noção do meio-irmão de Homer foi completamente defenestrada do canône da série nos anos e décadas seguintes).

Enquanto estes episódios são no geral melhores que muito do que eu comentei até agora sobre a série (afinal ainda existe o brilho de uma pedra preciosa em algum ponto mesmo que desvanescendo e se perdendo à distância), eles claramente precisavam de mais tempo para chegar a uma estrutura melhor e bem mais condição para inclusive fazerem sentido no contexto e mitologia da série como um todo.

Eu acredito que uma nota 5 seja alta para praticamente todos esse episódios, mas ainda assim, nenhum deles particularmente ficaria abaixo dos 3,5 necessários para ficarem no quartil inferior e categorizarem como os piores episódios de Os Simpsons. Cabe o comentário sobre o quanto faltava ainda um pouco para chegarem a um ponto ideal na construção de personagens, narrativas e episódios.

Talvez ainda mais importante, que nem tudo do passado era assim tão glorioso.

29 de agosto de 2024

{Derrapadas de Quinta} A 35ª temporada de os Simpsons e a 12ª de Futurama

Futurama é um dos mais bizarros zumbis da história da televisão. Iniciando sua jornada em 1999 com o bug do milênio se aproximando e cancelado duas vezes na sua primeira encarnação o material foi ressuscitado após uma leva de filmes (que viraram a sexta temporada), que levou ao reinício da série pelo Comedy Central com as temporadas 7 a 10 e novo cancelamento em 2013 para efetivamente a Disney ressuscitar o material novamente agora para o Disney+ com quatro temporadas já previstas desde o começo.

E esse reinício é uma bosta. A temporada 11 foi fraquíssima e até o presente momento com a 12ª temporada não mostrou a que veio, com um material que não consegue acertar o tom ao mesmo passo que se perde na ideia das histórias que tenta construir, que não funcionam ao lidar com temas de ficção científica (como o episódio horrível inspirado em Duna) ou tecnologia (como o episódio horrível sobre NFTs) ou mesmo onde a série sempre surpreendeu e prosperou no desenvolvimento de personagens e aspectos pessoais (e de novo um episódio horrível em que Fry revive um aniversário 'traumático' que é inspirado em Round 6).

A série perdeu sua personalidade única que claramente movia os personagens e suas histórias. Fry, Bender, Leela e os demais personagens não se parecem mais com eles mesmos e são apenas estruturas para mover a história conforme o episódio (da semana) pede, mais ou menos como a 35ª temporada de Os Simpsons!

Meu Deus... Eu tenho sérias dúvidas se a temporada 35 é uma séria concorrente para o posto de pior temporada da série! O primeiro episódio da temporada é praticamente inassistível (zero piadas, roteiro sem a menor graça e só vai piorando conforme progride), dali a pouco vem o obrigatório episódio ruim envolvendo o Sr Burns (e é pior do que você espera com o resumo 'Uma desistente de universidade que se tornou CEO encanta o sr Burns') e temos um episódio de dia das bruxas tão ruim que eu seriamente não conseguia imaginar algo nesse nível (acho que o último tão ruim é o da 20 ou 22 temporada) e continua com episódios ruins e terríveis (como da Lisa com karts). Se dois episódios ao todo se salvam ao todo eu acho que é muito!

Uma coisa que eu notei no que formou o que eu acho, inclusive, alguns dos piores episódios que eu assisti da série - e se não o são, de fato, se só me incomodou tanto (algo que aconteceu várias vezes nessa temporada que eu genuinamente não consegui assistir até o final alguns dos episódios) - é uma estrutura de repetição de ideias, só que pioradas.

Por exemplo, o primeiro episódio tem Homer assumindo um emprego sem importância e em pouco tempo transforma a situação e status do trabalho transformando em sua milícia particular/máfia. Eu já vi isso bem melhor antes (e nem tão melhor também). Mas ao invés do grupo de viligantes da rua ou de bombeiros voluntários, agora ele assume uma profissão voluntária inútil (que salvo engano só existe na 'Múrica) para ajudar a atravessar a rua, então totalmente diferente!

Aí você tem o episódio em que a Lisa tem algum tipo de transtorno psicológico (e isso é totalmente inédito por si só) que precisa ser resolvido através de alguma terapia radicalmente alternativa, sabe, como pilotar karts (e enquanto o episódio com Bart se tornando baterista para lidar com seus problemas psicológicos não é um episódio da Lisa, bem, não muda muito que é mesma estrutura narrativa).

E principalmente não ajuda que tanto os Simpsons como Futurama (que são da mesma Fox/Disney, do mesmo Matt Groening, com estilos artísticos e comédicos bastante parecidos e [com]partilham uma boa parte da equipe de roteiristas) produzem no mesmo ano/na mesma temporada um episódio que fala sobre NFT, com piadas bastante similares, e ambos incrivelmente ruins.

21 de julho de 2024

{Em busca do pior...} O que aconteceu com Lisa?

Eu adoro Bob's Burgers e acho que devo falar mais do show e que (muito) mais gente deveria assistir. É engraçado, os personagens são insuportáveis (mais justamente por isso incrivelmente próximos do mundo real - e de pessoas que você provavelmente conhece) e inegavelmente o show melhora conforme você conhece mais os personagens.

Não que eu acredite que as histórias melhores ou os autores se tornem melhores em construir histórias, mas sim que quanto mais o espectador conhece os personagens e se familiariza com seus hábitos, suas manias e talvez até principalmente seus defeitos, fica mais claro o que faz os episódios funcionar e o material funcionar.

Louise é um barril de pólvora sempre prestes a explodir de alguma forma caótica, Gene é musical e extrovertido enquanto a introvertida Tina passa por problemas com garotos lidando com a puberdade (e claro também tem os adultos, clientes, amigos e inimigos que aparecem aqui e ali também todos cheios de personalidade).

Com os Simpsons, as personalidades não são tão definidas (até porque mais de 30 temporadas, incontáveis roteiristas e equipes criativas e por aí vai), mas enquanto podemos olhar com clareza que alguns personagens mantiveram ao menos traços de suas personalidades (Homer continua um idiota com bom coração, Bart um pilantrinha ardiloso e Marge é a matriarca que tenta segurar a família junta de toda forma), mas alguns exemplos ficam extremamente claros e nítidos com o seriado da família amarela e não existe exemplo maior que a Flanderização (que de maneira geral é reduzir um personagem mais complexo à sua versão mais simples, ou, mais especificamente, a uma caricatura de si mesmo - Flanders nas primeiras temporadas é um vizinho bem sucedido e carola que exemplifica a frase que a grama do vizinho é mais verde, enquanto temporadas mais tarde ele é somente um carola, cada vez mais carola).

Mas Lisa era, de certa forma, a voz da razão da série, como a bússola moral apontando para o lado certo mesmo que nem sempre correta (sabe, como quando ela se torna vegetariana e impõe seu modo de vida ao restante da família), e não somente nas últimas temporadas mas há um bom tempo parece que os autores não sabem bem como trabalhar com a personagem.

Ou ela é tem algum de uma série de problemas (auto-estima, ansiedade, depressão e por aí vai) ou ela está vinculada a alguma trama da Marge (geralmente sobre como ela e a Marge não se dão bem), e muitas vezes são histórias da tal 'continuidade do futuro'.

Enquanto isso parece oferecer mais para a personagem - ela não é só a sabichona voz da razão, ela tem problemas - é curioso como tudo isso parece extremamente uma nota, e essa uma nota é que Lisa é mimada/mal agradecida.

Ela tem problemas de auto-estima? Muito mimada que não pode aceitar alguma crítica legítima por estar acima do peso.

Depressão e tomando ansiolíticos? Criança mimadinha.

Não se dá bem com a mãe? Não reconhece todo o esforço dela...

Parece sempre uma crítica às gerações mais novas que tem tudo de mão beijada e não valorizam, e, é onde eu comparo com a família de Bob e o quanto, por mais horríveis que sejam as crianças (e muitas vezes seja culpa delas o que acontece), a série tenta sempre e constantemente reconhecer as crianças e seus projetos (idiotas) não importa muito os motivos.

Honestamente eu não sei qual é o pior episódio da Lisa ou mesmo se o pior episódio dela chegaria a uma nota abaixo de 3,5 para qualificar (talvez aquele episódio sobre a corrida eleitoral na escola de Springfield contra uma menina republicana), ainda assim eu vejo que cabe um comentário sobre como a personagem foi mudando ao longo dos anos num caminho confusamente diferente da Flanderização (acredito piamente que ela tinha menos personalidade ou características fundamentais antes do que hoje), deixando de ser a menina tímida e inteligente que tinha dificuldade de fazer amigos para se tornar, bem, uma menina bastante arrogante, sabichona e essencialmente mimadinha.

23 de junho de 2024

{Em busca do pior...} Plagiarismo...?

Eu tentei assistir a Uma Família da Pesada algumas vezes. Seja em episódios aleatórios conforme passavam na tv (na época que eu tinha tv a cabo), fosse nos serviços de streaming desde o começo ou de algum ponto determinado e, verdade seja dita, nunca funcionou direito para mim.

O 'humor' de Seth MacFarlane nunca funcionou pra mim, e, revendo a primeira temporada (eu nunca consegui avançar na segunda), eu sempre me deparo com situações em que fica explícito que ele só conseguiu emplacar sua série com a promessa de entregar para a Fox algo mais ousado que os Simpsons, inclusive ao repetir piadas e noções exploradas na série da família amarela.

Marge tem um problema com o jogo? Ei, Lois perde o carro da família em um cassino!

Uma confusão com o conselho tutelar faz as crianças Simpsons serem adotadas pelos Flanders? Ei, o conselho tutelar acredita que o bebê Stewie é usuário de cocaína e o afasta dos Griffin!

Os Simpsons fazem especiais de dia das bruxas explorando conceitos de horror com a família amarela? Ei, os Griffin se deparam com o apocalipse, canibalismo e a destruição da sociedade em um episódio cheio de non-sequiturs!

Confesso que nunca me interessei em ir além para ver se MacFarlane desenvolve sua própria voz (e, honestamente pelo que vi das críticas e dos non-sequiturs (sabe, de dez minutos de uma briga com uma galinha gigante ou interromper uma cena para que um cantor folk apresente uma música) eu entendo bem que não seja exatamente pro meu paladar.

Acontece que na décima terceira temporada em 2014 Uma Família da Pesada iniciou sua temporada com um crossover em duas partes com a família amarela nas partes 1 e 2 de "Os Simpsons da Pesada" (ou no original The Simpson Guy), e, honestamente além do fato que a série da família amarela estava longe de seu auge (e eu particularmente nunca achei que uma família da pesada teve um 'auge'), é claro que é uma manobra de marketing desesperada para chamar atenção (droga tem uma piada extremamente gratuita e ofensiva sobre estupro que obviamene só existe para chamar atenção), mas cai em vários dos problemas com a escrita de MacFarlane. 

Pausas longas demais, piadas que não funcionam (e uma série de piadas longas demais que não funcionam como Peter e Homer sensualizando para lavar carros por dinheiro ou a parte 2 que traz Peter e Homer trocando socos por quase 10 minutos), forçação de barra (como a já citada piada de estupro mas tem muitos outros exemplos tanto com Homer e Peter trocando socos como sensualizando) e, claro, as sem graça piadas de transição que Uma Família da Pesada é tão famosa por fazer.

No contexto dos Simpsons é ruim, mas, é um crossover de outro seriado, e olha, eu até acredito que, no contexto de Uma Família da Pesada esse talvez seja um dos 10 melhores episódios da série (ou dois deles já que são duas partes), e nem sei se dá para comparar de fato como um dos piores episódios dos Simpsons...

Mas você pode estar se peruntando: Porque apenas uma manobra de marketing? Bem, só olhe os números de audiência, com 8 milhões de espectadores para o crossover enquanto menos da metade já no episódio seguinte - e quase um quarto por volta do episódio 10 da mesma temporada. Mas, sejamos honestos, existe outro motivo tanto pelo ego de MacFarlane quanto para agradar seus fãs... Os Simpsons que antes criticavam a(s) série(s) de MacFarlane como plágio (e sem imaginação, e sem graça e etc) agora precisavam reconhecer mesmo que forçadamene que estavam no mesmo patamar com a outra série animada - mesmo que não fosse porque MacFarlane elevou seu material ao nível da família amarela, mas porque ele os trouxe para a sarjeta com ele.

Sinceramente, até entendo que tenha gente que goste desse crossover (afinal o nível de crossovers tende a ser extremamente baixo - ou quando é bom as pessoas mal percebem que é um crossover como quando os Simpsons encontraram o Crítico do Jon Lovitz) e por mais que eu tenha plena certeza que se eu for congelado por mil anos para ficar longe desses episódios, eu ainda acharei que é pouco tempo, eu não posso criticar na mesma escala.

Então na classificação totalmente café-com-leite a nota é um sólido 2,5/10, quer dizer, sim, é péssimo mas ainda assim algo me diz (e eu não quero nem que me paguem o meu peso em ouro me atrever em descobrir se é) melhor que 90% do que o MacFarlane fez ou continua a fazer hoje em dia...

14 de abril de 2024

{Em busca do pior...} Episódios dos Simpsons. A lição do escorpião

Eu acho que a vigéstima segunda temporada de Os Simpsons é uma das piores temporadas do show, e possivelmente eu acabe falando de mais um ou dois episódios dessa temporada aqui neste mesmo espaço que busca o pior episódio da série (Sim, Pai Furioso, o filme, eu estou olhando para você), mas o 15º episódio, a Lição do Escorpião (ou The Scorpion's Tale) é provavelmente um dos piores episódios da série pelo motivo mais simples e claro que eu posso dizer: Ele não é um episódio de Os Simpsons.

Certo, feito o sensacionalismo e o choque da revelação do parágrafo anterior, vamos deixar claro que o argumento não é que o episódio não pertence à série ou qualquer coisa tão ou mais idiota nesse estilo (que envolveria chapéus de alumínio). Nada disso. É só que o roteiro parece muito mais algo rejeitado de South Park do que um roteiro de Os Simspsons.

Veja pelo enredo: Uma criança consegue desenvolver um produto que todo mundo quer (mas em virtude de sua ética se recusa à vender para a indústria farmaceutica) enquanto outra criança enxerga a oportunidade e lança o produto no mercado assim mesmo. No entanto consequências não previstas se dão e escatologia se segue.

Se ao invés de Lisa e Bart as crianças fossem Kyle e Cartman, possivelmente pouco ou nada seria diferente (talvez a escatologia mais grotesca do que somente olhos saltando dos glóbulos oculares, mas, bem, são os Simpsons afinal de contas). E enquanto o aspecto da escatologia é um problema substancial - que me incomodou na primeira vez vendo o episódio e ainda hoje quando revi para fazer esse comentário - não é tanto o fato que ele está ali que é o problema.

Episódios do Dia das Bruxas ou de Comichão e Coçadinha produziram imagens muito mais chocantes e "fortes" (e honestamente eu sou alguém que cresceu com jogos de Mortal Kombat e filmes de terror como Halloween e Sexta-feira 13), então é mais o tom cômico para as cenas escatológicas que é o problema e que não encaixa.

Idosos saltitando alegremente enquanto seus olhos estão para fora do rosto porque estão sob efeito de alguma medicação mágica criada por Lisa, e tudo isso para uma conclusão estúpida e ridícula que nem efetivamente podemos chamar de conclusão (que essencialmente é a de que os Boomers são espetaculares e incríveis e todo mundo que vem depois deles é patético?).

Droga, eu realmente odeio esse episódio. Ele não funciona, as piadas não são engraçadas, a ideia e conceito não é interessante, e, mesmo se fosse um episódio de South Park (como eu disse antes) ainda seria um episódio ruim e sem graça de South Park.

E como eu disse antes, essa é uma temporada com episódios bem ruins como o do Pai Furioso (que eu pretendo falar mais sobre ele), o episódio com Cheech e Chong (sabe, dois humoristas que faziam piada sobre maconha dos anos 1970 até atualmente...?) e pelo menos mais uns dois ou três episódios bem fracos. Mas esse realmente é extraordinariamente ruim.

Ruim porque várias das ideias já foram trabalhadas antes em episódios muito melhores. Um Simpson inventa algo que faz as pessoas felizes e com potencial de muito dinheiro e/ou consequências desastrosas? Moe Flamejante? Vovô Simpson contra a Inadequação Sexual? Homer, o fazendeiro (com a mistura de tomate com tabaco, tomaco)?

Quer dizer, além dos olhos saltando para fora das órbitas (e do final puxando saco dos boomers) o que esse episódios apresenta de interessante, original ou diferente? Exatamente...

Nota: 1,0/10 (somente por ter Werner Herzog).

10 de março de 2024

{Em busca do pior...} Episódio dos Simpsons parte 3!

Lágrimas de um palhaço é o primeiro episódio da 26ª temporada (e 553º episódio) de Os Simpsons e não é tão ruim. Quer dizer, não é exatamente uma obra prima e dificilmente alguém vá dizer que é eu favorito.

Droga, em comparação com vários dos outros episódios já listados e que ainda serão apresentados, ele até que é bom (ou pelo menos parece), então porque estamos falando desse episódio meramente razoável aqui?

Bem, porque existe uma pegadinha aqui.

Durante o intervalo entre a 25ª e 26ª temporadas, como parte do material promocional para chamar atenção para a nova temporada (e ciente da drástica queda dos números de audiência) a ideia era criar uma grande campanha de marketing para gerar atenção para a nova temporada por vir, e, eles se esforçaram com dicas sobre um personagem que morreria no primeiro episódio.

Dicas e mais dicas e atencipação para divulgarem que morreria o pai de Krusty (que possivelmente apareceu em uns dez episódios se muito)... Você consegue imaginar que retiveram muito da audiência nos próximos episódios, né?

E, olha, enquanto fãs especularam sobre vários outros personagens que seriam mais interessantes (como o vovô Simpson ou a mãe do diretor Skinner), a verdade é que Krusty é uma celebridade de televisão que pouco tem relevância para a história da família amarela e a morte do pai (com quem ele pouco lidava ou interagiu em episódios anteriores), só serve para desinflar expectativas.

Tá, tá, mas e o episódio? É bem medíocre com uma tentativa de humanizar o Krusty e a relação dele com o pai de maneira (extreeeeeemamente) piegas, desmerecida (de novo, o personagem apareceu umas dez vezes durante vinte e cinco temporadas anteriores - e o próprio Krusty tem um histórico muito maior de ser um baita escroto que não se importaria com a morte do pai do que, bem, que estaria abalado com o evento) além de, francamente sem um pingo de imaginação. Talvez funcione para alguém, não sei, mas quem assistiu a qualquer outro episódio envolvendo Krusty (sabe, como aquele em que ele aposta o violino da filha, ou o que ele devendo dinheiro para a máfia ou o fato que ele faz o assistente de palco dele se tornar um psicopata assassino depois de anos de maustratos - e nem é como se ele tratasse melhor o substituto -... Será que eu preciso continuar?).

Krusty, inclusive, era um comentário sobre programação voltada para o público infantil (e mais que isso a exploração do público infantil em busca de audiência e lucros), além da indústria de entretenimento em geral (com tentativas constantes para chamar atenção e conseguir maiores índices de audiência). Olhando pelo aspecto pessoal do personagem...? Francamente eu não vejo funcionar e aqui nem parece que estejam tentando ou se esforçando.

Bem fraco, nada digno de nota além da jogada de marketing que não funcionou muito bem.

Francamente é bem esquecível e sem graça - como eu disse antes - mas nada que entre na lista dos piores episódios. Talvez existam episódios piores com/do Krusty (e eu francamente acho que aquele em que ele ganha o prêmio Nobel - e sim, sei que não é bem isso - é uma das piores histórias em qualquer episódio da série até hoje, e, que só se salva porque tem a trama da Lisa com o Flight of the Conchords, que talvez se fosse o episódio só com eles seria um dos meus favoritos do show), mas, aqui vale a história de como a ideia de tentar criar expectativa no público para entregar algo fraco e sem graça pode, e geralmente vai, ser lembrado como algo ruim.

Nota 4,0/10.

11 de fevereiro de 2024

{Em busca do pior...} Episódio dos Simpsons parte 2!

Ao contrário do primeiro episódio revisado, esse é para mim pessoalmente um dos piores episódios. Não é algo que os fãs geralmente comentem - não, não, provavelmente virão uns vinte ou trinta outros episódios antes de alguém lembrar que esse episódio existiu - mas foi o primeiro episódio em que eu genuinamente questionei profundamente o talento da equipe criativa.

Esse realmente é pessoal e foi o ponto em que eu parei definitivamente de acompanhar a série. Até esse ponto eu, mesmo que não assistisse a todos os episódios na estreia/lançamento, eu ainda acompanhava o material para pegar reprises ou ver todos os episódios da temporada em alguma maratona ou coisa do tipo. Sim, eu fiquei com a série por quase dezenove temporadas antes de resolver que não dava mais, e, olhando em retrospecto é verdade que é bem mais que a maioria admite que o material seja decente/bom.

Estou falando de Maridos e Facas (Husband and Knives) sétimo episódio da décima nona temporada e um episódio que traz Jack Black, Daniel Clowes e Alan Moore como vozes convidadas - numa parte da história que não tem nenhuma conexão direta com o título (dos maridos e facas) ou com o restante do episódio.

A sinopse geral é que surge um concorrente para o Cara dos Quadrinhos, na forma de Milo (com a voz do Jack Black e que deveria ser um personagem recorrente - mas vamos comentar mais disso de novo), que leva a loja dele à falência (e essa trama termina por aqui, diga-se de passagem, nem Milo nem o Cara dos Quadrinhos aparecem, são mencionados ou são relevantes para a outra história - ou tem sua história concluída, diga-se de passagem), o que faz com que Marge vendo o espaço vazio da loja resolva alugar para iniciar uma academia somente para mulheres, que vira um grande sucesso e instiga a insegurança de Homer. Diante dessa insegurança, Homer faz várias cirurgias plásticas (as facas do título), ficando cada vez mais disforme até que finalmente o episódio termina e descobrimos que foi tudo um sonho (induzido pela primeira cirurgia plástica que deu errado).

O primeiro ponto que é importante destacar é o quanto esse epiódio é sem-graça. Simplesmente eu não consigo pensar em uma piada sequer que seja interessante ou valha a pena.

Jack Black cantando uma versão de Tom Jones em coreano? Era para ser engraçado...? Por isso que ele canta quase a música inteira, né? Hilário!

Alan Moore cantando a música da Luluzinha? De novo, era para ser engraçado porque a voz dele é grave e ele está cantando algo bobo...? Você já ouviu a Marcha dos Patos Sinistros, né?

Uh, uh, sei! O Homer com o corpo completamente desfigurado usando prendedores para segurar o excesso de pele! Isso é engraçado, né? É? Sério? Ou quando ele começa a chorar pelos mamilos e passa a agir como King Kong? Hilário (e nenhum pouco repetitivo de algo da terceira temporada e de um videogame dos anos 1990, né?)

Droga, a única coisa que é minimamente engraçada ocorre quando Lisa pede um autógrafo para Daniel Clowes e ele se demonstra claramente desesperado e buscando uma oportunidade de emprego (ao ponto que pede para uma criança de oito anos ajudá-lo). E mesmo isso não funciona no conjunto do que o episódio propõe.

Veja, são duas histórias concorrentes que não tem nenhum elo ou ligação clara. O Cara dos Quadrinhos vai a falência - e nada disso tem a ver com a história de Marge montando sua academia (ainda que ela 'resolva' montar a academia por ver que sua silhueta é maior que de um papelão da Mulher Maravilha, ela literalmente poderia alugar ou montar a loja em qualquer lugar de Springfield), e a academia nada tem a ver com o Cara dos Quadrinhos (ele não se torna um funcionário da academia ou se junta ao lugar para emagrecer e mudar o rumo de sua vida ou algo do tipo). A história da falência do Cara dos Quadrinhos e da insegurança de Homer (e, sim, isso cai na categoria de episódios em que algo bom acontece com Marge mas o foco é a insegurança de Homer) são independentes e o que é pior nenhuma das duas tramas é resolvida!

Droga, vamos deixar bem claro: O episódio termina com a PIOR e mais PREGUIÇOSA conclusão de que tudo foi um sonho (porque aí nada do que aconteceu tem relevância ou consequência, então os eventos podem seguir todo tipo de maluquice que nos segundos finais você só joga um clichê preguiçoso que resolve tudo). Eu pessoalmente odeio esse tipo de desfecho e, honestamente, fora de Sandman (que diz claramente desde o começo que é uma história sobre sonhos e mais importante, inverte completamente esse pretexto de que nada tem relevância ou consequência) eu genuinamente não consigo pensar em um desfecho que diz que tudo foi um sonho que funcione por mais que eu tente considerar filmes de Bergman que usam os sonhos como metáfora e análise sobre o subconsciente do personagem (mas que, de novo, não jogam ao final a conclusão pregruiçosa de que foi tudo um sonho e ponto), eu acho que são cenários bem diferentes. Talvez A Origem, mas, de novo, o pretexto é diferente, mais próximo de Bergman (como metáforas e análise sobre o subconsciente dos personagens e com relevância e consequências para todos), o que mostra que não é só uma reviravolta preguiçosa para resolver uma trama ruim da qual os escritores não conseguiriam sair de outra forma além de apagar os eventos transcorridos.

Homer faz múltiplas cirurgias plásticas até ficar totalmente desfigurado mas é tudo um sonho - e seus problemas e inseguranças são resolvidos pura e simplesmente porque o episódio chegou ao final (sim, foi tudo um sonho e ele tem algum diálogo sem propósito ou sentido com Marge no qual nada se aprende e Homer não só não reconhece suas inadequações como não enxerga qualquer problema ou erro em seu comportamento a ponto de mudar qualquer coisa - até porque já estamos ao final do episódio, não é mesmo?). E apesar da falência, o Cara dos Quadrinhos volta a aparecer alguns episódios depois em sua loja como se nada tivesse acontecido. Literalmente (ele não muda a loja para se adaptar e criar algo mais legal como Milo fez ou sequer aprende alguma coisa no processo).

Inclusive, lembra alguns parágrafos atrás quando eu comentei sobre o Milo e como a ideia era que ele se tornasse um personagem recorrente na série - meio que o contraponto para o Cara dos Quadrinhos, mas ainda assim algo como o Tony Gordo (vivido pelo Joe Mategna) ou o Sideshow Bob (vivido pelo Frasier, Kelsey Grammer), sabe? O nerd legal e descolado? Então, Milo simplesmente não volta à série até a vigésima quinta temporada e depois em outras quatro ou cinco vezes (sem falar e mesmo na vigésima quinta temporada dublado por outro ator)... E mesmo que ele voltasse, o personagem é tão, droga, Poochie que é difícil enxergar qualquer potencial nele.

Sendo bem generoso, nota 2,0/10.

7 de janeiro de 2024

{Em busca do pior...} Episódio dos Simpsons!

Começando o ano novo com novidades eu quero inaugurar um novo formato (inicialmente mensal, mas que talvez intercale com outras listas) que tem o propósito de analisar e buscar o pior entre os piores e, na minha opinião não exista particularmente nenhum outro lugar mais interessante para começar que com eles, a família amarela favorita da América, os Simpsons.

Com mais de 750 episódios divididos em mais de 34 temporadas, os Simpsons tem uma longa lista de episódios horrorosos e odiados pelos fãs, ao ponto que muitos acreditam piamente que quase nada (se é que alguma coisa) se salve após um determinado ponto e/ou temporada da série, geralmente depois da nona ou décima temporada... O que singifica mais de 20 temporadas de material ruim para analisar!

Eu acho isso um exageiro por diversos motivos - incluindo o fato que o primeiro grande episódio ruim vem justamente da nona temporada e é o objeto de análise na primeira coluna. Isso mesmo, o segundo episódio da nona temporada O Diretor e o Soldado (ou no original, The Principal and the Pauper) que é, honestamente, até que um episódio bastante bom considerando o que mais veremos nessa lista.

Sério, muitas das piadas são bem engraçadas, e uma em particular (mais tarde no episódio quando Homer começa a se perguntar porque determinada pessoa está em seu carro) está entre uma de minhas piadas favoritas do show, e, de novo, isso é bem mais do que poderemos dizer para vários dos episódios dessa lista - muitos dos episódios sequer tem alguma boia de salvação que faça deles engraçados, inteligentes ou qualquer outra coisa além de episódios ruins.

Mas existe um ponto que é notável nesse episódio em particular e é o quão ruim ele é em termos narrativos, de estrutura e principalmente no contexto geral do personagem Seymour Skinner, e, os três elementos se intercalam para formar esse caldo nojento e malcheiroso.

A ideia central do episódio é a de que o diretor da escola elementar de Springfield não é quem ele diz ser - na verdade ele é um soldado que se passou por Seymour Skinner por todos esses anos e o verdadeiro Skinner volta para tomar seu lugar. Sabe, tipo Mad Men faria anos mais tarde?

Narrativamente é uma bagunça, nada faz muito sentido e claramente não existe algum propósito maior para a revelação de que o personagem que conhecemos não é a pessoa real, e isso só serviu para uma menção ou outra em momentos futuros (e não, isso não é um positivo).

O problema é que, além disso não ser particularmente engraçado e o episódio não propor nada minimamente interessante com a premissa em momento algum - isso ainda contraria toda uma série de pontos importantes sobre o caráter e a personalidade de Skinner que conhecemos das oito temporadas anteriores.

Skinner é um ex-soldado que serviu no Vietnam (onde episódios diferentes apontam cenários diferentes mas todos deixam bem claro que ele lida com problemas sérios pelo que ele passou por lá), e que ao chegar à América tudo o que conseguiu com seus anos de experiência no exército foi um cargo para o qual claramente não estava preparado, numa vida que seguiu em frente e o deixou para trás. Isso serve como uma série de críticas e comentários sobre a sociedade americana sobre o tratamento aos ex-soldados (principalmente da guerra do Vietnam que é uma das quais os EUA não venceram - e portanto não se orgulham), incluindo a dificuldade para readaptação e realocação (onde vemos em diversos episódios Skinner agindo tradicionalmente como um soldado implacável para cumprir sua missão - que se tornou a de cuidar de arruaceiros, mas mesmo em aspectos sociais na dificuldade do diretor em estabelecer conexões e relacionamentos).

Ao tirar esses aspectos do personagem e, bem, resumí-lo a um mentiroso que se passou por outra pessoa por décadas, ele não se torna um personagem mais completo e interessante (o exato oposto ocorre), e, de novo, isso sequer é interessante, engraçado ou é utilizado de qualquer maneira minimamente criativa.

O episódio termina de maneira parva ao tentar estabelecer que a cidade prefere o mentiroso Skinner ao verdadeiro e tudo volta a ser como antes - exceto que, bem, isso só acontece de maneira truncada e forçada para chegar a esse ponto.

Mas, verdade seja dita, está longe de ser o pior episódio da série. Acredito que fique na nota de corte, num sólido 3,5/10 em que qualquer episódio ruim que esteja um pouco acima está à salvo mas qualquer episódio que sequer chegue a esses 3,5, bem, forme algo realmente desprezível.