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11 de fevereiro de 2024

{Em busca do pior...} Episódio dos Simpsons parte 2!

Ao contrário do primeiro episódio revisado, esse é para mim pessoalmente um dos piores episódios. Não é algo que os fãs geralmente comentem - não, não, provavelmente virão uns vinte ou trinta outros episódios antes de alguém lembrar que esse episódio existiu - mas foi o primeiro episódio em que eu genuinamente questionei profundamente o talento da equipe criativa.

Esse realmente é pessoal e foi o ponto em que eu parei definitivamente de acompanhar a série. Até esse ponto eu, mesmo que não assistisse a todos os episódios na estreia/lançamento, eu ainda acompanhava o material para pegar reprises ou ver todos os episódios da temporada em alguma maratona ou coisa do tipo. Sim, eu fiquei com a série por quase dezenove temporadas antes de resolver que não dava mais, e, olhando em retrospecto é verdade que é bem mais que a maioria admite que o material seja decente/bom.

Estou falando de Maridos e Facas (Husband and Knives) sétimo episódio da décima nona temporada e um episódio que traz Jack Black, Daniel Clowes e Alan Moore como vozes convidadas - numa parte da história que não tem nenhuma conexão direta com o título (dos maridos e facas) ou com o restante do episódio.

A sinopse geral é que surge um concorrente para o Cara dos Quadrinhos, na forma de Milo (com a voz do Jack Black e que deveria ser um personagem recorrente - mas vamos comentar mais disso de novo), que leva a loja dele à falência (e essa trama termina por aqui, diga-se de passagem, nem Milo nem o Cara dos Quadrinhos aparecem, são mencionados ou são relevantes para a outra história - ou tem sua história concluída, diga-se de passagem), o que faz com que Marge vendo o espaço vazio da loja resolva alugar para iniciar uma academia somente para mulheres, que vira um grande sucesso e instiga a insegurança de Homer. Diante dessa insegurança, Homer faz várias cirurgias plásticas (as facas do título), ficando cada vez mais disforme até que finalmente o episódio termina e descobrimos que foi tudo um sonho (induzido pela primeira cirurgia plástica que deu errado).

O primeiro ponto que é importante destacar é o quanto esse epiódio é sem-graça. Simplesmente eu não consigo pensar em uma piada sequer que seja interessante ou valha a pena.

Jack Black cantando uma versão de Tom Jones em coreano? Era para ser engraçado...? Por isso que ele canta quase a música inteira, né? Hilário!

Alan Moore cantando a música da Luluzinha? De novo, era para ser engraçado porque a voz dele é grave e ele está cantando algo bobo...? Você já ouviu a Marcha dos Patos Sinistros, né?

Uh, uh, sei! O Homer com o corpo completamente desfigurado usando prendedores para segurar o excesso de pele! Isso é engraçado, né? É? Sério? Ou quando ele começa a chorar pelos mamilos e passa a agir como King Kong? Hilário (e nenhum pouco repetitivo de algo da terceira temporada e de um videogame dos anos 1990, né?)

Droga, a única coisa que é minimamente engraçada ocorre quando Lisa pede um autógrafo para Daniel Clowes e ele se demonstra claramente desesperado e buscando uma oportunidade de emprego (ao ponto que pede para uma criança de oito anos ajudá-lo). E mesmo isso não funciona no conjunto do que o episódio propõe.

Veja, são duas histórias concorrentes que não tem nenhum elo ou ligação clara. O Cara dos Quadrinhos vai a falência - e nada disso tem a ver com a história de Marge montando sua academia (ainda que ela 'resolva' montar a academia por ver que sua silhueta é maior que de um papelão da Mulher Maravilha, ela literalmente poderia alugar ou montar a loja em qualquer lugar de Springfield), e a academia nada tem a ver com o Cara dos Quadrinhos (ele não se torna um funcionário da academia ou se junta ao lugar para emagrecer e mudar o rumo de sua vida ou algo do tipo). A história da falência do Cara dos Quadrinhos e da insegurança de Homer (e, sim, isso cai na categoria de episódios em que algo bom acontece com Marge mas o foco é a insegurança de Homer) são independentes e o que é pior nenhuma das duas tramas é resolvida!

Droga, vamos deixar bem claro: O episódio termina com a PIOR e mais PREGUIÇOSA conclusão de que tudo foi um sonho (porque aí nada do que aconteceu tem relevância ou consequência, então os eventos podem seguir todo tipo de maluquice que nos segundos finais você só joga um clichê preguiçoso que resolve tudo). Eu pessoalmente odeio esse tipo de desfecho e, honestamente, fora de Sandman (que diz claramente desde o começo que é uma história sobre sonhos e mais importante, inverte completamente esse pretexto de que nada tem relevância ou consequência) eu genuinamente não consigo pensar em um desfecho que diz que tudo foi um sonho que funcione por mais que eu tente considerar filmes de Bergman que usam os sonhos como metáfora e análise sobre o subconsciente do personagem (mas que, de novo, não jogam ao final a conclusão pregruiçosa de que foi tudo um sonho e ponto), eu acho que são cenários bem diferentes. Talvez A Origem, mas, de novo, o pretexto é diferente, mais próximo de Bergman (como metáforas e análise sobre o subconsciente dos personagens e com relevância e consequências para todos), o que mostra que não é só uma reviravolta preguiçosa para resolver uma trama ruim da qual os escritores não conseguiriam sair de outra forma além de apagar os eventos transcorridos.

Homer faz múltiplas cirurgias plásticas até ficar totalmente desfigurado mas é tudo um sonho - e seus problemas e inseguranças são resolvidos pura e simplesmente porque o episódio chegou ao final (sim, foi tudo um sonho e ele tem algum diálogo sem propósito ou sentido com Marge no qual nada se aprende e Homer não só não reconhece suas inadequações como não enxerga qualquer problema ou erro em seu comportamento a ponto de mudar qualquer coisa - até porque já estamos ao final do episódio, não é mesmo?). E apesar da falência, o Cara dos Quadrinhos volta a aparecer alguns episódios depois em sua loja como se nada tivesse acontecido. Literalmente (ele não muda a loja para se adaptar e criar algo mais legal como Milo fez ou sequer aprende alguma coisa no processo).

Inclusive, lembra alguns parágrafos atrás quando eu comentei sobre o Milo e como a ideia era que ele se tornasse um personagem recorrente na série - meio que o contraponto para o Cara dos Quadrinhos, mas ainda assim algo como o Tony Gordo (vivido pelo Joe Mategna) ou o Sideshow Bob (vivido pelo Frasier, Kelsey Grammer), sabe? O nerd legal e descolado? Então, Milo simplesmente não volta à série até a vigésima quinta temporada e depois em outras quatro ou cinco vezes (sem falar e mesmo na vigésima quinta temporada dublado por outro ator)... E mesmo que ele voltasse, o personagem é tão, droga, Poochie que é difícil enxergar qualquer potencial nele.

Sendo bem generoso, nota 2,0/10.

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