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13 de fevereiro de 2024

{Resenha Lixo} Assassinos da Lua das Flores

Uau. Dois anos depois do patético pedido e extremamente atrasado de desculpas para a atriz Sacheen Littlefeather que foi vaiada (e isso é só o que ouvimos na versão que foi ao ar, imagine o que não aconteceu nos bastidores incluindo o Nack Jicholson - sim, nome alterado por sugestão do jurídico para evitar processos - pulando e fazendo a dança da chuva) em 1973 por, e vamos deixar bem claro, Marlon Brando boicotar a cerimônia pelo retrato de nativos americanos no cinema, Martin Scorcese (que eu não ficaria nenhum pouco surpreso se estivesse na cerimônia de 1973 - ano em que lançou Caminhos Perigosos) lança um filme em que Leonardo DiCaprio (invocando seu Nicholas Cage interior) chama de vaca uma atriz nativo americana após pular e dançar imitando a dança da chuva numa história sobre o povo branco explorando nativo americanos - dirigindo e estrelado por caras brancos - e que apesar de quase 3 horas e meia, gastas em cenas como a já citada ou o protagonista sendo espancado por De Niro por ferir alguma regra da maçonaria e um ator branco (cujo papel eu genuinamente não sei qual é) dançando por quase três minutos, enquanto diversos dos personagens nativo americanos mal ou sequer tem algum tempo relevante de tela (muitos dos quais sem falas ou aparecendo mais que alguns segundos - bem menos que Brendan Fraser, pra se ter uma ideia que só aparece depois das 3 horas do filme). Sim, 10 indicações ao Oscar para isso...

U-A-U!

Eu nem sei por onde começar nesse vespeiro além de, porque caralho alguém pensou que 2023 seria um bom ano para lançar um filme com essa temática (além do pedido de desculpas ridículo feito em 2022 pela academia que eu citei no primeiro parágrafo)? Mas, e aí é onde eu realmente fico encucado, onde está a controvérsia sobre esse filme (que de novo, foi indicado a 10 Oscars), quando alguns anos atrás nós tivemos toda uma série de controvérsias sobre Scarlett Johansson fazendo um papel de um andróide (que no original tem traços japoneses) sobre whitewashing mas Leonardo DiCaprio chamando uma mulher de vaca e imitando nativos americanos de maneira racista num filme dirigido por um cara branco contando a história de nativos americanos (muitos dos quais sequer tem falas - ou nomes ditos na história - e deixa eu reforçar porque talvez eu não seja claro o suficiente, NUM FILME DE TRÊS HORAS E MEIA NÃO HÁ TEMPO SUFICIENTE PARA ATORES NATIVOS AMERICANOS TEREM FALAS OU SEQUER SEUS PERSONAGENS TEREM OS NOMES CITADOS! Droga, um deles é assassinado pelas costas e sequer mostram o rosto dele! Mas temos tempo para DiCaprio levando uma raquetada na bunda!)

E o filme é uma droga mesmo se descartarmos tudo o que eu disse nos parágrafos anteriores. Longo demais, um roteiro que não engrena (e nem se esforça), decisões questionáveis (pra dizer o mínimo, mas considerando os parágrafos anteriores com toda a certeza cabem outras palavras) em termos de direção... Tudo isso para contar uma história pela perspectiva errada e da forma errada (sabe, o FBI com seus agentes brancos chegando no final para salvar o dia - porque os selvagens bonzinhos não conseguiriam resolver esse caso sozinhos com seu conselho tribal). Scorcese parece fazer todas as decisões erradas ou estúpidas para montar a narrativa (e algumas que me parecem para fingir que ele é versátil - sabe, como o final com um programa de rádio explicando o filme e todas as cenas inspiradas por cinema dos anos 1920). E C@R@LH0, o filho da put@ não aprendeu nada com o rato do final de Os Infiltrados e literalmente se insere na cena final para explicar o filme para quem não conseguiu entender, né?

Mas aqui eu ainda tenho que concordar com a explicação do filme na cena final, porque genuinamente boa parte do público deve tirar um cochilo durante a loooooooooooonga duração do filme. Pelo menos acordando no final eles tem o resumo e conclusão da história.

Mesmo que algumas coisas se salvem (como a atuação de De Niro e Lily Gladstone - por menos que ela tenha para atuar), mas a gente tem que lembrar que esse é mais um filme de Scorcese sobre alguma organização criminosa/mafiosa, e, principalmente que apesar de cobrir aproximadamente 25-30 assassinatos de nativos americanos o foco do filme é a organização criminosa responsável por esses crimes!

Permita um pequeno exercício que pra mim mostra o quanto esse filme é ruim. Mude o cenário do filme para, vamos dizer, a África do Sul durante o Apartheid, com literalmente os mesmos atores e a mesma trama, você consegue acreditar que mudaria alguma coisa?

Certo, alguns elementos seriam diferentes (afinal você muda a época de 1920 para 1948-1994 - o que mudaria vestuário e tecnologia utilizada) mas a história funciona da mesma forma sem a necessidade de alterações porque ela foca na organização mafiosa/criminosa e não na trama e nas pessoas que sofreram esse tipo de agressão. Então facilmente esse mesmo filme (ou a história se preferir) poderia retratar eventos em diversos momentos do planeta, e isso não é um elogio ao filme ao destacar que é uma história universal, pelo contrário.

O fato que o filme tem essa história complexa sobre povos indígenas sendo usurpados de seus direitos por uma organização criminosa e a história retrata os brancos criminosos e não os eventos e escolhas que usurparam os nativos de seus direitos é assustadoramente cretina (e condescendente, afinal é extremamente comum em cenas vermos os indígenas retratados como os 'selvagens bonzinhos' que facilmente são dobrados e enganados por um grupo que nem de longe é retratado como habilidoso ou inteligente!).

Pra mim esse é o grande problema, e, em grande parte o maior problema das escolhas de Scorcese. Ele tem uma história (extremamente) interessante aqui, mas escolhe o ângulo errado para contá-la. Nisso, foca nos personagens errados e gasta tempo demais para fazer isso (você sabe que um filme é longo demais quando você percebe que no tempo de duração do filme daria para assistir ao filme Fargo e o Grande Lebowsky na sequência - e você sabe que o filme é extremamente ruim quando você lembra disso e sabe que se divertiria bem mais fazendo isso).

Imagine que o filme focasse somente na personagem Molly (de Lily Gladstone) numa espécie de thriller em que ela tenta entender melhor o que está acontecendo ao seu redor e montar as peças do quebra-cabeça... Esse filme seria interessante!

Infelizmente não é o que temos aqui.

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