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31 de outubro de 2024

{Resenhas sem propósito de Quinta} Dragon Ball Daima

Talvez a série encontre seu tom e se torne melhor até do que Toriyama em seu auge, e é verdade que eu estou julgando o material com base em apenas dois episódios, mas e eu posso dizer sem pestanejar que eu genuinamente não consigo lembrar de um episódio tão ruim quanto o episódio 1 de Dragon Ball Daima (e o segundo não ajuda muito também, sem absolutamente nenhuma cena memorável além de vermos o Mestre Kame criança).

Eu genuinamente não consigo pensar em nada tão ruim quanto esse episódio incluindo toda uma série de coisas que eu não assistiria mesmo se pago e eu espero conseguir explicar nos próximos parágrafos os motivos disso - sem nostalgia, sem comparações desnecessárias com a série original ou Dragon Ball GT ou Super, somente olhando o material pelo que ele é.

E esse é o primeiro grande problema.

Dragon Ball Daima gasta boa parte de seu primeiro episódio com dois elementos que não são nada interessantes, um primeiro relembrando os eventos da saga de Majin Boo enquanto um segundo estabelece um retcon para contextualizar o mundo dos demônios (afinal um dos vilões da saga de Majin Boo era o rei dos Demônios), e, nenhum dos dois funciona.

Primeiro porque relembrar os eventos da série original é desnecessário - quer dizer, será que alguém que não conhece esses personagens assistiria a uma nova série com eles? - enquanto levanta questões de que talvez seria mais interessante rever o original não é mesmo?

Enquanto isso, o retcon estabelece um novo conjunto de vilões e suas motivações (sem conseguir muito bem). Eles não são exatamente diferentes do Rei Pilaf do começo da série (mais para alívio cômico que para uma ameaça séria), e seus planos igualmente não são nem diferentes e nem interessantes. Puta merda, parte do episódio se gasta com os vilões presos na burocracia na jornada para cumprir seu plano, e eu pergunto colega leitor: você consegue conceber isso? Você vai assistir a Duro de Matar e o filme gasta vinte minutos mostrando Hans Gruber pagando uma multa de trânsito, parece algo lógico para você?

De novo, eu entendo que é um propósito mais cômico, para tomar um tom mais humorístico que resgata esse aspecto que é base do começo de Dragon Ball quando Goku é criança - e que Dragon Ball Daima quer evocar, só que existe uma diferença enorme entre fazer piadas e gastar o tempo do espectador com algo que na melhor das hipóteses provoca um risinho amarelo (sabe, um dos vilões é fedido, e mesmo sendo os reis do inferno eles encaram burocracia... Quase um especial de comédia do Danilo Gentile).

Com isso os vilões são retratados como néscios o que nunca oferece qualquer grau de ameaça real a suas intenções, e vendo que o plano deles é transformar Goku e companhia em crianças para assim neutralizar o risco de sua reação só reforça esse argumento, não?

Nesse ponto de transformar Goku e companhia em crianças eu acho que reside o maior problema do episódio por ser exatamente a última cena dele, enquanto todo material promocional retrata exatamente isso (da imagem sobre a série no Crunchyroll, Netflix ou Max assim como o resumo nestess mesmos serviços e qualquer trailer sobre o material), então não é uma grande surpresa, revelação ou gancho para um final de episódio. É a bosta da premissa da animação!

Além disso (e sem contrariar o início do texto) fazendo uma comparação bastante necessária, em Dragon Ball GT eles fazem a exata mesma premissa em um episódio estabelecendo os riscos e motivos pelos quais isso é um perigo e mesmo Dragon Ball de forma geral não é estranha a fazer novos (re)começos e continuações. Goku encontra Bulma e partem em uma aventura até que ele vence Piccolo em um torneio de artes marciais e se casa, encerrando a primeira grande fase da história que recomeça na fase 'Z', com um Goku já adulto e com um filho lidando com ameaças cada vez maiores (e tem alguns intervalos e pausas como a saga dos Saiyajins que termina com a derrota de Freeza para ter novo início com os jogos de Cell e posteriormente a saga de Majin Boo).

Aqui nós temos um grupo de inimigos do reino dos demônios usando as esferas do dragão para transformar Goku e companhia em crianças sem saber porque isso é uma ameaça ou um problema (além do fato que as esferas do dragão não funcionariam por pelo menos um ano para reverter esse desejo - ainda que existam esferas do dragão em outros lugares) ou porque esse grupo de inimigos é uma ameaça real e perigosa. E isso leva mais de trinta minutos para chegar à premissa da série (que gasta boa parte desse tempo relembrando cenas de outra animação que é bem provável não veremos nada nem perto disso aqui). Empolgante, não?

Essa era a grande oportunidade de estabelecer uma direção diferente (afinal Dragon Ball GT já trabalhou com essa ideia de Goku criança de novo) e engajar o espectador para voltar semana após semana. Com esse ritmo glacial do primeiro episódio para chegar a lugar nenhum interessante, eu acho muito difícil de se animar com o material.

Ainda que eu acredite que a série se beneficiaria bem mais do lançamento de mais de um episódio para estabelecer sua premissa e apresentar sua ideia, o que ela faz com esses dois episódios não ajuda. O ritmo é lento e quase glacial e ao final dos dois efetivamente nada de significativo aconteceu...

Droga, o segundo episódio gasta todo um tempo tentando justificar que para Goku e companhia é mais difícil se acostumar em se mover agora que são crianças - algo que nas muitas condições da série original (da qual essa é uma continuação) Goku treinou com gravidade aumentada, passou pela fusão com outra pessoa e inclusive trocou de corpo com outra pessoa (só pra citar alguns) - mas de repente ter um corpo menor (afinal eles voltaram a ser crianças) é mais difícil que todas essas coisas?

Pode ser que engrene a partir do episódio vinte e cinco, mas será que ainda terá alguém acompanhando até ali para isso significar alguma coisa?

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