Pesquisar este blog

23 de outubro de 2024

{Editorial} Qual o propósito da Justiça Eleitoral?

Eu posso estar errado (e, deixemos claro desde o título que isso é um editorial), mas 2024 foi possivelmente o ano das eleições mais sujas literal e figurativamente (literal porque a quantidade de panfletos e santinhos entulhando as ruas e calçadas foi gigantesco), e, enquanto isso por si só já é motivo de consternação, o que efetivamente me assusta e eu acho que deveria assustar a bem mais gente é o quanto os crimes eleitorais são relativizados.

Quer dizer, se um candidato de esquerda der uma garrafa de água para um eleitor é crime eleitoral grave e acarretará na cassação da chapa (ou só do candidato caso o vice seja de algum partido do centrão)... Mas distribuir milhões para pessoas votarem no candidato "x" pode ser realmente considerado compra de voto? Acusar uma concorrente de matar o próprio pai ou forjar um laudo médico (assinado por uma pessoa falecida anos atrás) e divulgá-lo às vésperas de uma eleição, pode ser considerado crime eleitoral?

PORRA!

Não é nem como se fosse algo difícil de avaliar!

Elon Musk literalmente comprou votos para Trump, não tem área cinzenta ou confusão na interpretação. Ele deu dinheiro para pessoas votarem em alguém, se isso não é compra de votos por favor me explique o que é.

(Ainda que sejamos honestos o criminoso Trump não deveria ser candidato por motivo algum com as condenações e ficha corrida, mas aí tem algum ex-presidente dos EUA que não tenha?)

Marçal por outro lado já deveria ser impugnado por ser ficha suja e ser impedido de concorrer a qualquer cargo público - e depois novamente por cometer sucessivos crimes eleitorais e por isso perder os direitos políticos QUE ELE JÁ DEVERIA NÃO TER - mas no entanto não parece haver impedimento para torná-lo secretário em Barueri, não é mesmo?

E é assustador esse senso de impunidade seletiva.

"Ah, o candidato de esquerda ganhou na Venezuela, obviamente as eleições foram fraudadas!" (mesmo que lançaram um candidato tampão da direita para representar uma pessoa com candidatura impugnada)

"Ah, o candidato de esquerda ganhou na Colômbia e obviamente teve desvio de dinheiro nas contas eleitorais" (mesmo que quem levantou o argumento de desvio nas contas eleitorais seja investigador por crimes bem mais graves cometidos na Colômbia - e recebeu foro privilegiado justamente para escapar dessas investigações).

E não é uma impunidade somente eleitoral ou eleitoreira.

Apoiadores da direita como Leonardo ou Gustavo Lima recebem todo tipo de relativismo para a defesa de seuas crimes. Leonardo foi multado por trabalho escravo em suas propriedades mutlimilionárias e nenhum jornal trouxe a matéria por um ano (pelo contrário, caiu numa coluna de fofoca - porque trabalho escravo é FOFOCA!) enquanto Gustavao Lima cometeu crimes com empresas de apostas - recebeu em evento particular um ministro do supremo indicado por Bolsonaro... Mas nada disso é visto como sério ou problema. No máximo nota de rodapé para a revista Claudia ou Capricho, certo?

Rico de direita não comete crime - uma porque é 'alegadamente' e outra porque tem que ver que esse crime foi cometido para gerar empregos e obviamente é ótimo e positivo para a economia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário