Pesquisar este blog

24 de outubro de 2024

{Resenhas de Quinta} Em todos esses anos nessa Indústria vital...

Já com três temporadas, Industry é uma série que passou pelo radar de muita gente, e, sejamos honestos, com muitos motivos e muita razão... É uma série sobre o mercado financeiro e muito do material é tão cinza, sem sabor além de complexo mesmo pra quem entende bastante do assunto (que mesmo entendendo é capaz de ficar perdido e para quem não entende do básico é capaz de parecer que estão falando em um idioma extraterrestre), para ficar mais paleatável para o grande público o material acaba apelando para muito sexo (ainda que talvez 'sexo' não seja a palavra, talvez perversão sexual se aplique mais).

A primeira temporada é boa, apresentando os personagens e os conflitos (das personalidades deles todos e seus interesses) enquanto forma o cenário maior do contexto de como funciona o banco de investimentos Pierpoint (seu sistema de recrutamento e seleção, suas negociações e etcs). O primeiro episódio tem um final incrível (que eu realmente não esperava) e que acaba moldando os eventos do restante da temporada e mostrando muito (a falta) do caráter da empresa, mas sem entrar num território de spoilers. A primeira temporada termina em um ponto bem alto com o conflito entre duas das protagonistas e aí a pandemia aconteceu (literalmente).

A série entrou em um hiato de produção durante e causada pela pandemia e levou dois anos para retornar, perdendo parte do momento que conseguiu com o ótimo final da primeira temporada e acaba com uma algo que é difícil de assistir em dados momentos, se arrastaaaaaaando em tramas desinteressantes que não andam para lugar nenhum por seis ou mais episódios até os dois episódios finais que são realmente bons levando a um ótimo final de temporada que é o catalisador para os eventos da terceira temporada lançada em 2024, e, francamente a melhor da série.

Eu acho inclusive que é possível assistir somente à terceira temporada sem as demais e entender os pontos principais dos eventos que vão transcorrendo (um lançamento de IPO de uma empresa ESG - que dá muito errado e vamos ficar por isso para não ceder nenhum spoiler), enquanto tragédias e eventos pessoais começam a se desfraldar e até mesmo concluir do que a série apresentou nas temporadas anteriores.

Algumas coisas me incomodam, é verdade, com uma contextualização de um sistema honesto e íntegro de gente cortando as gargantas uns dos outros mas preocupados a todo momento com informação privilegiada... Isso, honestamente é o que mais me incomodou na série toda, diga-se de passagem, do quanto vemos esses personagens mentindo, enganando, passando rasteira em cobra e fraudando quando necessário mas de repente chegam a uma linha em que dizem que não podem cruzar (que honestamente é a linha que eles obviamente cruzariam a qualquer momento sem pensar duas vezes).

Mais que isso existe o fato de como esses personagens conseguem tal informação privilegiada que no geral é estúpido e patético (sim, o colega de quarto comodamente trabalha no escritório de uma pessoa que pode conduzir uma investigação sobre uma negociata que está sendo conduzida ou pessoas discutem no banheiro os aspectos altamente comprometedores de contratos)...

Ou um bilionário que vai preso por evasão fiscal (eu não sei se na Inglaterra isso acontece - talvez lá as leis sejam mais severas como Jimmy Carr pode apontar, mas eu ainda duvido que qualquer bilionário acabaria dois anos atrás das grades por evasão fiscal em qualquer lugar do mundo).

Compromete? Honestamente não, mas acaba distraindo e te tirando da trama porque é preciso aceitar cada vez mais desses detalhes para que a coisa toda funcione, e, pode resultar em diferentes graus de apreciação do material (ou de contentamento com sua conclusão).

Nenhum comentário:

Postar um comentário