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18 de setembro de 2022

{Deixa eu te explicar...} Porque a direita ODEIA o Superman...?

Depois de ouvir mais uma vez um broxonarista criticando DE NOVO o Superman eu precisei escrever esse texto por mais que um bocado dos argumentos sejam repetitivos e contextualizados em mais de uma vez.
A resposta simples talvez seja porque o Superman defende a verdade, justiça e jeito de vida americano, e, os broxonaristas odeiam os dois primeiros desses como nada mais nesse mundo (é só ver que continuam a criticar vacinas e a defender medicamentos que não funcionam). Mas tem mais que isso, inclusive porque não é um negócio de agora.

Se engana e muito quem vê o idiota do volei lá criticando o Superman em 2021 (sem nunca ter lido uma única edição de Superman, ou, e eu acho mais provável sem ser capaz sequer de escrever o próprio nome sem ajuda, mas aí já é mais opinião que fato). Não, o Superman é alvo de críticas desde o começo nos anos 1930.

Só pra não perder o fio da meada e para responder aos energúmenos que apontam o cenário do Jonathan Kent, primeiro a gente precisa apontar duas coisas:

1) O Superman não "virou gay" (esse é outro personagem, o filho do Superman original criado em 1933 e que continua sendo o que sempre foi). Essa é uma estrutura comum dos quadrinhos em que um novo herói assume a identidade de outro já existente ou surgem versões similares/derivadas, e, no caso em questão, tem sim a ver com a contínua e constante reformulação do personagem depois do longo e longevo processo do espólio dos criadores Siegel e Shuster, até porque, de acordo com as leis de direito autoral e domínio público norte-americanas, a DC tem mais uns 10-15 anos antes das histórias se tornarem domínio público. É algo bem complexo e complicado, com uma contenda judicial extensa de décadas com múltiplos processos que nem que eu quisesse, conseguiria explicar.

2) Jonathan Kent é talvez a melhor coisa que aconteceu com o Superman pelo menos na história recente com uma enorme lufada de ar novo, trazendo novos contextos, desafios e toda uma camada extra de contextos. Ele é um cara aprendendo a lidar com seus poderes, enquanto vive à sombra do maior herói que já existiu - e ainda de um relacionamento que é grande referência pra basicamente todo mundo. Ele tem que lidar com tudo isso, e, descobrir quem é e o que significa ser o Superman para o século XXI, e com maior liberdade inclusive para os autores se margearem, experimentarem e produzirem.
Honestamente do pessoal que critica, eu confesso que não vi nenhuma história em quase 90 anos de Kal El em que ele salvou o dia por ser heterossexual. Nunca teve um meteoro que só poderia ser destruído por um homem cis hetero ou um gato que não desceria de uma árvore pelo mesmo motivo... Então, sinceramente, o que muda com um jovem bissexual fazendo a mesma coisa?

Essa é aquela crítica vazia de quem não lê, nem histórias do personagem e, francamente, nem coisa alguma. Eu, que hoje em dia tenho bem poucos volumes de Superman em casa (acho que não chegam a dois dígitos, e eu diria até que tenho mais encadernados do Starman) acredito piamente que o pesssoal que faz esses comentários homofóbicos sobre o 'Superman gay' além de obviamente não lerem as histórias atuais (ou até mesmo as mais antigas mesmo), devem ter lido em todas suas vidas menos livros que eu possuo de volumes do Homem de Aço (apostaria inclusive que um dos livros que alegariam ter lido - mas sem sombra de dúvida não foi de começo ao fim - seria a Bíblia).

E claro que tem toda uma questão de ótica e percepção, com gente (inclusive vice-presidente da Marvel) criticando personagens mais inclusivos, quando, na verdade, é o processo lento e gradual dos quadrinhos e da sociedade mudar. Na década de 1940 a Mulher Maravilha não podia pertencer a um grupo de heróis como integrante, somente como secretária, enquanto nos anos 1980, a Tempestade se torna a líder (e eu diria até que líder definitiva) do grupo mais popular da Marvel, os X-men...
Sempre um passo de cada vez.

Agora, voltando ao tópico, dentre os motivos pelos quais o Superman é criticado - como comunista, má influência para as crianças e toda sorte de outros absurdos, e agora por ter 'virado' gay - vale destacar que está o fato que em sua origem, em sua edição de estreia, o personagem logo de cara impede 1) um sujeito de espancar a esposa, 2) um senhorio de aumentar desproporcionalmente aluguéis para gentrificar seu imóvel e ainda que na primeira edição mas logo ali no começo 3) encontra na JORNALISTA Lois Lane uma equivalente (enquanto ele luta pela verdade e justiça usando os punhos e seus poderes incríveis, ela usa sua inteligência e intrepidez para desnudar a mentira através do JORNALISMO). Acho que bastante coisa mudou nesse sentido, né? Mulheres jornalistas não são mais tratadas com desrespeito ou misoginia, né?

Lois, inclusive, é objeto de uma série das críticas conservadoras ao Superman (curioso que hoje eles ficam incomodados que o novo Superman tem um namorado mas nos anos 1930 não gostavam da Lois também... Difícil agradar essa direita raivosa, né?), dentre as quais, mas não limitadas a, existe o fato que ela é uma mulher trabalhadora e que é tratada como igual pelo Superman. Que absurdo, não?
Existe mais, claro, porque além disso ela é bastante independente e principalmente com os quadrinhos nos anos 1940 e 1950 ela tem sua personalidade melhor trabalhada para ser mais que a namorada do último filho de Krypton.

Ela inclusive nem é o único ponto que assusta os conservadores nesse período. Além do programa de rádio em que Superman caçava a Ku Klux Klan (inclusive as ações dos programas de rádio ajudaram a combater a organização conservadora e racista/terrorista no mundo real), ainda existe o ponto das histórias de Jimmy Olsen (o melhor amigo do Superman) com o personagem fazendo crossdressing. Vai além, é claro, com o fato que de o principal vilão do personagem É UM EMPRESÁRIO, mas nos anos 1930 e 1940 nas histórias de Siegel e Shuster o personagem era bem maior defensor de questões sociais (até porque ele, ao contrário de outros tantos heróis playboys milionários, é um mero jornalista da classe trabalhadora), mas isso acabou reduzindo com o Macartismo e Wertham (mas não vou me repetir nesse assunto, tem disponível um bocado já aqui).

Mas no fim se trata de uma ideia "nova" e assustadora para esse pessoal.
A de um homem que trata como iguais aqueles que a sociedade enxerga como menores, mais que isso, defendê-los e protegê-los de gananciosos, usurpadores, déspotas e toda sorte de canalha.
A de um homem que, apesar de seu poder imenso e incontestável, não usar esse poder para benefício próprio, nem para elogios, mas para defender e proteger a todos (sem ver a quem).
A de acreditar na bondade, mas saber que a justiça exige trabalho e perseverança.

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