Pesquisar este blog

12 de abril de 2017

{EDITORIAL} Diversidade à toda prova

O vice presidente da Marvel disse, justificando a (considerável) queda recente em vendas que o aumento na diversidade da Marvel foi a causa dessa queda de vendas.

Enquanto existe verdade nisso (NÃO PARE DE LER AQUI SÓ PARA ME CITAR COMO RACISTA!), o problema não é O QUE, mas COMO.

Veja bem, em um intervalo de dois ou três anos a Marvel apresentou: Uma Ms Marvel muçulmana, um Hulk asiático, um Capitão América negro, um Thor mulher (ou seria uma Thor?) e uma mulher negra como Homem de Ferro.
Além disso tem o ínfimo Gavião Arqueiro indígena (pqp) e o excelente Miles Morales que é o Homem Aranha negro do universo Ultimate.

Só que tudo isso veio junto de histórias cada vez mais ridículas que incluem a Feiticeira Escarlate alterando sua genética magicamente para não ser mais filha de Magneto (yep), ou o 'fim' do Quarteto Fantástico (uma vez que os direitos cinematográficos estão com a Fox) e a 'morte' do Wolverine (mesma coisa). Ah, e também tem uma meia dúzia de mutantes que viraram Inumanos enquanto os Inumanos ganham mais e mais destaque - mesmo sendo personagens bem menos interessantes.

O que isso quer dizer? Bem, que a Marvel está fazendo o que DC fez nos anos 90: matou o Superman e trouxe quatro substitutos - inclusive um deles sendo negro - assim como aleijou o Batman e trouxe um substituto mais violento que excluiu o Robin - algo que os fãs pediam à décadas - uma Mulher Maravilha também mais violenta chamada Ártemis - é tudo que eu sei - junto de um Aquaman que perdeu o braço e o fim da tropa dos Lanternas Verdes.

As diferenças, óbvias, estão no tempo e tratamento dessas situações.
Aquaman escrito por Peter David é uma das melhores fases do personagem, enquanto A Queda do Morcego de Chuck Dixon é um dos maiores mega-eventos de todos os tempos... (E outras das histórias são as maiores cagadas e/ou meras notas de rodapé da história).

No entanto, a Marvel de agora não acertou o tom nessas mudanças e tudo soa altamente forçado.
Forçado do tipo de incluir Deadpool nos Vingadores (ele é um mercenário assassino que não faz o menor sentido num grupo dos maiores heróis da Terra).

E claro, as mudanças por questão de mudança simplesmente não funcionam. É o caso da 'Nova Coca-Cola' que fracassou de maneira retumbante quando tentaram repaginar o produto para se aproximar do público (mesmo que, talvez o produto não fosse tão diferente assim).
Não acho que o problema É o aumento da diversidade efetivamente, mas sim a forma como foi conduzida em conjunto com toda a demais reestruturação da linha - e claro, uma gama cada vez menor de escritores competentes e qualificados para o mercado editorial de quadrinhos, que se demonstra nas fraquíssimas histórias produzidas nessa linha.

De toda a reestruturação, salva-se bem pouco (a Ms Marvel muçulmana é sensacional - ou era em sua primeira fase - e Jason Aaron fez um trabalho bastante competente com a Thor mulher), mas haviam maneiras beeeem melhores de conduzir tudo isso.
De preferência de maneira mais orgânica e natural, gradualmente sem parecer uma mera repetição de fórmulas (o Capitão América foi substituído alguns anos atrás e não foi tão memorável já lá, pra que fazer de novo?)

{EDITADO} Faltou o fim.

E acho que o melhor exemplo dessa forçação de barra e que demonstra de maneira inequívoca as equivocadas prioridades da estrutura de sua tomada de decisão.
Para 'resolver' problemas de tramas que vão se acentuando por décadas de cronologia - como o casamento de Mary Jane e Peter Parker, que desapareceu da memória geral após um pacto com o demônio.

É.
Para evitar uma 'controversa' decisão adulta de que dois adultos se divorciariam, um deles faz um pacto com o diabo (tá, o pacto com o diabo foi para remover uma bala mágica - com efeito colateral da remoção do casamento da existência - mas não venha tentar me convencer que isso é menos ridículo).
Depois vem falar que o problema é a inclusão de personagens de minorias...

Nenhum comentário:

Postar um comentário