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14 de novembro de 2021

{Resenhas} (Que seja) Eternos (enquanto dure) [Disney, 2021]

Eu vou confessar já de começo que eu nunca fui particularmente fã do projeto solo de Jack Kirby depois de sua saída para trabalhar na DC (e produzir alguns de seus melhores trabalhos como Novos Deuses, Etrigan e companhia). Os Eternos sempre soaram estranhos, destoantes e confusos pra mim no grande esquema das coisas.

O conceito de duas raças 'secretas' coexistindo no mundo juntamente aos humanos (os Deviantes e os Eternos) e que foram criadas pelos Celestiais (uma raça de alienígenas super poderosos e mais análogos a deuses espaciais que qualquer coisa) é por si só bastante estranho e bizarro. Além de não funcionar pelo fato de existirem outras raças secretas já no universo Marvel (os Inumanos que vivem no lado Azul da Lua ou os Atlantes vivendo embaixo do mar [pausa para as maracas, repete embaixo do mar], ou os mutantes que existem desde os tempos faraônicos e por aí vai), bem, não é exatamente como se eles acrescentassem algo realmente interessante para a mesa, né?

Não é como se em Desafio Infinito (sabe, quando Thanos conquistou as gemas do infinito e destruiu metade da vida no universo?) fosse Ikaris que salvasse o dia (não, foi o Surfista Prateado e Adam Warlock), ou em Guerra Civil fossem as palavras inspiradoras de Thea que trouxesse a união. Droga, não é nem como se alguém solicitasse para a Capcom colocar um dos personagens do grupo como desbloqueável ou jogável na longa franquia de jogos de luta Marvel vs Capcom (apesar do Shuma Gorath)...

Entende o que estou querendo dizer? Por mais que os personagens existam há um bom tempo, não fazem tanta diferença para o universo Marvel - mesmo que tenham muito poder e tudo mais... Indo de encontro com o grande chavão do Homem Aranha: Com grandes poderes vem grandes responsabilidades, certo? Mas qual a responsabilidade dos Eternos alheios a tantos eventos grandiosos por tanto tempo...?

No MCU, bem, os mesmos problemas aqui descritos cabem. Onde eles estavam durante os vinte e tantos filmes com todas as ameaças que transcorreram sobre a humanidade...? Desde a Segunda Guerra Mundial até as ações de Thanos, não há um atmo de ação dos personagens ativa ou nos bastidores, e agora, de repente, eles são jogados à ribalta com enorme foco e apresentados como a próxima grande aposta do muitíssimo bem sucedido universo cinematográfico. Uma aposta bastante ousada ao buscar gente do calibre de Salma Hayek e Angelina Jolie como coadjuvantes de luxo (e não apenas elas) para um único filme.

Ignorando tudo isso, e o filme?

O filme tenta estabelecer esses personagens NO universo Marvel ao mesmo tempo que SE estabelecer. (ah, e também tem o Cavaleiro Negro no filme e o Blade na cena pós-créditos pra também estabelecer no universo Marvel) e muito mais se parece com aquele brinquedo educacional de bebês em que se encaixam formas em uma superfície, sem que as formas ou a superfície sejam do mesmo conjunto.

Os Eternos durante toda a duração do filme não funcionam exatamente como personagens no conjunto e contexto em que existem (então não se estabelecem) ao mesmo tempo em que sua presença e existência não faz exatamente sentido no escopo maior do universo Marvel (portanto não se estabelecem no MCU), e no fim das contas é uma enorme bagunça com efeitos especiais.

Pra ajudar, o conceito todo (que está no segundo parágrafo aqui) é bastante alienígena e bizarro, exigindo bastante suspenção de crença e, pra ajudar, ele não é exatamente a coisa mais interessante do mundo. Tá, existem duas raças secretas vivendo no planeta e elas estão em guerra desde o início dos tempos até a chegada dos Celestiais...? E...?

Como todo esse pessoal não é humano e seus conflitos não fazem sentido num aspecto mais geral (quer dizer, porque exatamente essa guerra entre Eternos e Deviantes não terminou depois de tantos milênios? Um dos lados já deveria ter conseguido subjugar o outro), e num aspecto mais intimista, também não. Quer dizer, a menos que seu sobrenome seja Hatfield ou Mccoy a ideia de um conflito multigeracional não é exatamente o tipo de coisa com a qual seja fácil empatizar.

Então você tem personagens que não são exatamente interessantes ou relacionáveis num cenário que é estranho, bizarro e alienígena e que precisam funcionar num universo já bastante estabelecido (e convoluto)... Tarefa fácil, não?

Isso meio que resume a coisa toda. É difícil pra qualquer um, e a Disney desesperada por um sucesso fez um marketing pesadíssimo para produzir e vender Eternos como o próximo grande passo para sua enorme franquia - ou seja, alimentando hype e gerando expectativas que dificilmente seriam atendidas.

Eu diria para passar longe, mas, ei, espere para assistir no Disney+... Compensa mais que pagar uma entrada no cinema.

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