Nota: 8,5/10 |
Enquanto eu achei o primeiro volume (A Parábola do Semeador) bastante fraco por ser bem genérico, eu acredito que o segundo volume seria menos impactante se eu o tivesse lido alguns anos atrás.
O livro, publicado originalmente em 1998, se chegasse a minhas mãos em 2000 ou mesmo em 2015, o livro pareceria bastante com uma continuação sem muito sentido ou propósito do primeiro. Mais, pareceria com o que eu reclamei do primeiro volume: Outra ficção genérica de futuro pós-apocalíptico.
O que torna o livro bastante próximo da realidade em 2019 (ou ao menos após 2016) com seus 'fazer a América grande de novo' que são o slogan do racista candidato a presidente instilando o medo na população para angariar votos mostra mais que qualquer outra coisa um cenário em que a realidade imita a ficção.
As analogias religiosas também funcionam bem melhor no segundo livro, tecendo comentários bem mais coerentes com a situação assim como criando um contexto bem mais interessante para a Semente da Terra e suas ideias assim como o contraste deste agrupamento para os demais neste mundo desolado. E, acredito inclusive que as analogias funcionam melhor em grande parte pela estrutura narrativa melhor construída nesse livro que conta menos com um diário agrupando acontecimentos e mais com um trabalho casi-arqueológico da filha da protagonista do primeiro livro (e igualmente deste) reunindo trechos e fragmentos compostos para formar o quebra-cabeças tanto de sua mãe como do mundo em que ela viveu.
Quando o livro faz isso ele prospera e dá muito dos seus melhores momentos... Mas ainda cai em uma série dos abismos deixados pelo volume anterior que coloca o livro num universo pós apocalíptico genérico e com seus problemas que já viraram lugar-comum (e menos interessantes que em qualquer representação audiovisual ou interativa) e muitos dos capítulos longos que a autora cria acabam desinteressantes pelas conclusões óbvias que acabam se prolongando bem mais que o necessário (porque, ressaltando, o livro traz um trabalho arqueológico da filha da protagonista, então o senso de perigo até ao menos o nascimento dessa criança está ausente).
Isso, inclusive, é um dos maiores reveses do livro ao meu ver, principalmente porque em momento algum de minha leitura pareceu minimamente relevante considerar o fato que ele é o volume 2 de uma série (creio que qualquer um possa ler este volume sem o mínimo conhecimento do anterior e entendê-lo plenamente)
Como disse, é um livro melhor que o primeiro, tem muitas ideias bem interessantes, mas no frigir dos ovos comete um bocado dos mesmos erros e, facilmente poderiam ambos os livros serem compilados em uma única, mais compacta e bem mais interessante história.
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