Nota: 5,0/10 |
Enquanto eu já falei quase tudo sobre a série do bruxinho que vai para uma escola de magia nas resenhas anteriores e acredito que muito do que eu poderia dizer aqui seria repetição.
O livro final não tenta criar nada de novo, pelo contrário: Se esforça perenemente a concluir tudo o que for possível e imaginável com um belo e lustroso laço.
Não funciona, é claro, tem uma série de problemas (prometo não falar mais de horcruxes que já tomaram as três resenhas anteriores), mas ao meu ver o maior problema reside justamente na falha em criar um senso de urgência na condução da história.
Sim, eles poderiam usar métodos diferentes (lembra da viagem no tempo no terceiro livro? Então...)
Sim, eles poderiam usar métodos diferentes (lembra da viagem no tempo no terceiro livro? Então...)
Harry e seus amigos ficam perambulando de lá pra cá revivendo os melhores momentos da série enquanto encontram vários dos personagens que figuraram livros anteriores até o ponto em que a autora resolve partir para o embate final com Voldemort, e é bem isso.
Não é uma continuação direta do sexto livro (que termina com uma morte crucial pra série e coloca os eixos para uma gigantesca missão para Harry e cia), ainda que traga esses elementos...
Deixe-me explicar: O livro tinha por missão colocar Harry e cia na caça de um grupo de artefatos mágicos que auxiliariam na destruição de Voldemort, e, bem, eles fazem isso ainda que passem boa parte do livro completamente perdidos e sem a menor ideia de onde procurar e qual o próximo passo a seguir.
SÓ QUE, lá pela metade do livro surgem NOVOS ARTEFATOS MÍSTICOS - que são ainda mais poderosos e podem desequilibrar todas as balanças do universo - e aí eles estão em duas caças ao tesouro simultâneos enquanto ainda tentam descobrir onde está a taça Jules Rimet e encontrar o talento remanescente nas piadas da Praça é Nossa...
Acaba sendo coisa demais, e, mais que isso, coisa demais que não parece minimamente necessária ou importante para a trama.
O ponto é derrotar Voldemort, pô. Impedir a ascensão do exército das trevas e destruir o bruxo do mal... Todo o resto é perfumaria.
E vejo inclusive com o saldo final de mortos e feridos incrivelmente alto (de ambos os lados) o quão anti-climático o final do confronto entre Harry e Voldemort efetivamente se torna, e, ao meu ver, em grande parte se deve a parca caracterização dos vilões secundários (que eu comentei no quinto livro).
O exército de Voldemort é tão largamente composto por gente incompetente ou pouco expressiva que parece inócuo em meio a ameaça do vilão - e sem nomes notórios ou dignos de algum feito/fato expressivo, a ameaça clara e inequívoca É do vilão... O que diminui o valor de sua ameaça.
Até porque em meio a todas as bravatas do bruxo das trevas temos o papo racista que une seus asseclas, e, o livro conclui com um epílogo que não tenta demonstrar que esses asseclas racistas tiveram muita dificuldade na vida após a derrocada do vilão (sério que alguém vê como spoiler que uma série infanto-juvenil traga a derrota do vilão no livro final?).
No fim, é o fim. Conclui a história tentando amarrar toda ponta solta possível - enquanto deixa uma brecha para voltar para esse universo quando a grana começar a apertar e precisar fazer uns trocos (tipo escrevendo uma peça ou uma nova franquia que se passa nos anos 1920 e tals) - mas fica difícil dizer que é a melhor conclusão imaginável e possível.
Talvez o confronto com Voldemort seria mais frutífero se seus asseclas tivessem maior destaque e reticência nos volumes anteriores, talvez o próprio vilão seria mais interessante se, bem, fizesse algo de notável durante a série além de ser a representação do mal que fica sentada esperando todo mundo mais tomar uma atitude...
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