Pesquisar este blog

16 de março de 2018

{Resenhas} Wicked - Gregory Maguire

Nota: 6,5/10
Wicked é a história nunca antes contada da bruxa dos livros (e obviamente o antológico filme) do Mágico de Oz. Não que isso seja alguma grande revelação (está logo na capa bem abaixo do título).

Ah, e sim, também é o título de um musical de sucesso da Broadway que foi importado e começou a fazer acentuado sucesso no Brasil...

Além disso, o livro é bem interessante na medida (ou desmedida) do possível. E digo 'desmedida' pelo(s) tanto(s) que me perturbou a dúvida se isso é um livro de verdade ou apenas e mera fanfic (ficção de fã).

Sei que enquanto leitor de quadrinhos isso é bem mais difícil de discutir com as décadas e mais décadas de histórias e cronologias que se passam bem depois do falecimento dos criadores dos personagens e onde é normal essa ideia de que a continuidade e o pós-vida de um personagem e seu universo bem depois de sua história já contada é algo normal (os deuses de Apokolips e Nova Gênese já concluíram e reiniciaram sua guerra umas vinte ou trinta vezes desde que Jack Kirby concluiu sua saga...)

A saga de Oz, boa ou não (algo que não me cabe dizer pois mal li o primeiro livro) é para mim associada a L Frank Baum e bem ou mal é algo que eu associo de imediato com aquela visão bem infantil e infantilizada que o filme de 1939 imortalizou. O livro de Gregory Maguire não se prende muito a essa visão infantilizada e bem no primeiro capítulo já vemos a mãe da bruxa má retratada como uma mulher lasciva (que literalmente vai pra cama com qualquer um que se atreve cruzar seu caminho) casada com um padre/pastor charlatão que se vê como alguém maior do que jamais poderia ser.

Maguire segue aquela revisão pós-modernista como o Witcher de Andrzej Sapkowski por exemplo (que trazia a Branca de Neve se prostituindo para sobreviver) e enquanto às vezes acerta na mosca em buscar caracterizar uma personagem com maior detalhamento que lhe coube em suas versões mais famosas, cabe uma série de revisionismos e condições que fazem e trazem questões muito maiores que somente o conteúdo e qualidade do texto.

Então, sim é bom, mas minha grande dúvida é será que se sustenta sozinho?
Essa é onde eu caio no debate e nas dúvidas sobre ficção de fã de de revisionismo pós-modernista como finalidade e não como método e é onde tenho e tendo a questionar o trabalho numa questão mais abrangente e clara: A história funcionaria SE a ambientação fosse outra?
Sem o revisionismo acerca de uma história famosa que serve para pilar para alavancar a atenção do público, ainda existe uma história que é capaz de se manter sozinha?

Francamente eu creio que sim neste âmbito também, e que segue aproveitando essa cauda de cometa mais para garantir notoriedade mais rapidamente, mas facilmente essa história se ambientaria em outro contexto trazendo os vislumbres sobre a mente sofrida de um personagem visto comumente como o demônio em pessoa mas que, bem, tem os seus motivos...

Não que com a narrativa de Maguire se sustentaria com grande valor literário (passa longe do talento literário de muito autor rejeitado pelo Nobel de literatura), mas seria ao menos mais ousado e não apenas mais um produto ambicionando alavancar vendas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário