{Resenhas de quinta} Abe Sapien Begins

Nota: 9,0/10

Não vou me dignificar a comentar se ou não o filme de Guillermo Del Toro é um plágio - que não acho nem que acrescente algo nem que valha a pena ponderar.

É um contexto bastante difícil e um terreno bem movediço que não vai levar a uma conclusão (da minha parte) que mude os fatos sobre o filme. Deixem os advogados e juízes e peritos em direito autoral/plágio que façam sua parte.

Ok? Ok.

Então vamos ao filme.

E enquanto eu realmente gostei de muita coisa - e muita coisa mesmo, que vai da forma natural como o filme tece sobre a sexualidade da protagonista que logo nos primeiros quinze minutos do filme tem uma cena bastante madura e sensível em que ela se masturba antes de ir para o trabalho até as formas como Del Toro vai delineando a trama e o(s) relacionamento(s) do(s) personagem(ns), permitindo cruzar estilos (como a belíssima cena em que a personagem de Sally Hawkins, que é muda, fantasia em declarar seu amor na forma de um musical da Broadway), eu tenho que voltar ao fato do título dessa resenha.

Por bem ou mal, mesmo que seja mera coincidência ou o simples fato que Del Toro dirigiu os filmes de Hellboy (de 2004 e 2008) mas não tecer os paralelos da agência governamental secreta que realiza experimentos secretos escusos com o BRPD e suas figuras - principalmente o homem peixe Abe Sapien, que, sim, foi vivido por Doug Jones tanto lá quanto cá na Forma da Água.

Sei que muita gente não fará a associação - ou se importará - mas para quem acompanhou a filmografia do diretor, é difícil não ver os paralelos e em alguns casos bem mais que meras coincidências...

Até acho que não é algo para se reclamar em meio a performances brilhantes de todos os lados, uma história envolvente com personagens carismáticos e interessantes e magistralmente dirigida para mostrar a vida, a solidão (e isolamento) e escolhas destas personagens.

Pena que me lembre Hellboy mais do que eu gostaria que lembrasse (nada contra Mignolia e sua criatura, diga-se de passagem).