Nota: 4,0/10 |
Dark Knight III - The Master Race
Frank Miller, Brian Azzarello, Andy Kubert.
Há uns doze anos, numa brincadeira (que foi levada a sério demais) eu e uns amigos projetamos a realização de uma peça de teatro chamada 'Dom Casmurro 2: Comi muito a senhora sua mãe'.
Escrevemos esboços, fizemos vários finais alternativos (com finais surpresa para manter a peça durando e sem ser previsível depois da estreia), e chegamos ao ponto de até ensaiar algumas vezes e buscar um elenco pequeno para o projeto.
Acontece que, ainda que soubéssemos que a peça era uma continuação absurda e esse fosse o ponto (e inclusive a grande alegoria da coisa toda), verdade seja dita, nos empolgamos demais e levamos o negócio todo um pouco a sério demais, até porque para vender a ideia sempre se fez necessário levar a sério a piada e explicar os motivos e motivações.
Pra quem não conhecia esse trechinho de minha biografia e está se perguntando 'que momento senilidade é esse?' deixe-me frisar que isso é um óbvio paralelo com a situação da obra de Frank Miller em suas subsequentes continuações de 'O Cavaleiro das Trevas' (The Dark Knight Returns) de 1986. A série de 86 é um estudo sobre o fascismo super-heroico, sobre o poder e a corrupção do mesmo, sobre os valores de uma geração violenta (a dos anos 80) e é fácil uma das obras mais importantes dos quadrinhos de todos os tempos.
É o magnum opus de Frank Miller que quando publicou esse trabalho estava no auge e em seu momento de 'em vias de se tornar uma lenda dos quadrinhos'. Vinha da série Demolidor (que salvou do cancelamento e recriou toda a mitologia do personagem para algo muito mais interessante), trabalhou com Batman em algumas de suas mais icônicas histórias recentes e era o escritor norte-americano mais conceituado da época.
A história de 1986 é perfeita em si própria, contida e auto-suficiente, e é com certo choque que surgem os rumores no início de 2000 de que a série ganharia uma continuação (ainda mais choque quando se trata de Frank Miller, um homem que passara vários dos anos anteriores criticando a ultracomercialização na indústria de quadrinhos, com severas críticas à revista Wizard, por exemplo - rasgando um fascículo do periódico em uma coletiva de imprensa). Em 2001 sai a primeira edição de 'O Cavaleiro das Trevas 2' (The Dark Knight Strikes Again) e, o que diabos foi aquilo?
Com uma colorização quase tão artificial quanto o roteiro, personagens menos dimensionais que... Olha, eu acho que Frank Miller conseguiu inclusive criar uma nova dimensão com suas caracterizações ao ponto dele estabelecer sua própria 'zerodimensionalidade' (que é o máximo que eu vejo de aprofundamento e reflexão nestes indivíduos: 0).
É um troço horrível, forçado (pra mim é mais forçado que Sin City, mas até certo ponto É Sin City com os personagens da DC e não os da cidade do pecado), sem ideias e chega ao ponto de fazer parecer que os sucessos dos anos 80 foram mais um acidente que de fato talento (algo que fica ainda mais acentuado quando Miller toma o acento de diretor para produzir o que só pode ser a mais ridícula adaptação já feita baseada em quadrinhos "The Spirit" de 2008 - e vai por mim, com o elenco e orçamento pro filme, produzir uma bomba desse naipe é incompetência).
Então, o que é a segunda continuação para uma obra que viveria muito bem sem ao menos a primeira?
Bem... É um tristíssimo fim e legado.
É tão estúpido e medíocre que se faz necessário chamar gente realmente talentosa como Brian Azzarello e Andy Kubert para mitigar as contribuições ridículas de Frank Miller, e tentar de alguma forma oferecer certa dignidade e quiçá uma conclusão que nos faça esquecer da escabrosa história de 2001. E é isso.
Não há nada de efetivamente brilhante, não há nada revolucionário e genial... É uma história fraca e sem motivos para existir (não deixe resenhas como a do IGN com um '9,5/10' te enganar)... Mas, verdade seja dita, seria uma continuação muito melhor e digna que o capítulo lançado quinze anos atrás (o que não significa exatamente muita coisa, afinal é muito melhor pisar num cocô de cachorro que pisar num caco de vidro ou num prego enferrujado).
No dia que efetivamente aprendermos o que Alan Moore vem dizendo há décadas sobre Watchmen, talvez a indústria dos quadrinhos se torne um lugar melhor.
Até lá, espere por Maus 2 - A vingança dos ratos, e Lobo Solitário 2100 (opa)...
Daredevil 1 - Charles Soule (roteiros) Ron Garney (arte).
E aqui estamos de novo.
Prum primeiro número é bem ruim.
De volta a Nova Iorque sem qualquer tempo para justificar o retorno após a fase de Mark Waid, um uniforme novo e um parceiro mirim com um uniforme tecnológico meio esquisito.
Difícil gostar, mas é fácil ver potencial para futuras edições e arco. Achei inclusive que é uma noção dessa nova Marvel chupinhar o máximo que dá das versões cinematográficas (ou no caso de série do Netflix) de seus personagens e eu não sei ainda que opinião tenho disso. Até o momento não vi nada efetivamente bom nas mudanças (não, não gosto do Coulson nem nos filmes, vou gostar dele nos quadrinhos?) e particularmente não vejo motivos para elas (ainda que o mercado tenha que se adaptar, acho muito bobo presumir que alguém que não leia quadrinhos vá se animar/empolgar mais se estes forem mais próximos da versão cinematográfica)..
Típico material para esperar um encadernado daqui uns seis meses...
<EDITADO> É... Eu acho que eu não prestei muita atenção na leitura e vi um material morno quando está inclusive abaixo disso...
Somado aos itens do primeiro parágrafo (voltar para NY, a sumida da coadjuvante Kristen McDuffie - Ah, que por sinal Charles Soule já tenta substituir por OUTRA advogada, mas admito que pode ser presunção minha essa suposição - o parceiro mirim) temos o fato que agora a identidade pública do Demolidor, que passou inclusive os últimos anos escrevendo uma biografia e esse foi todo o mote de sua fase na ensolarada Califórnia, voltou a ser secreta!!!
Yep... Não vou mentir, não me empolga pra voltar nem daqui a seis meses. Parece aquela horrível fase do Andy Diggle (inclusive também tinha um uniforme preto naquela época... Coincidência?)
É um troço horrível, forçado (pra mim é mais forçado que Sin City, mas até certo ponto É Sin City com os personagens da DC e não os da cidade do pecado), sem ideias e chega ao ponto de fazer parecer que os sucessos dos anos 80 foram mais um acidente que de fato talento (algo que fica ainda mais acentuado quando Miller toma o acento de diretor para produzir o que só pode ser a mais ridícula adaptação já feita baseada em quadrinhos "The Spirit" de 2008 - e vai por mim, com o elenco e orçamento pro filme, produzir uma bomba desse naipe é incompetência).
Então, o que é a segunda continuação para uma obra que viveria muito bem sem ao menos a primeira?
Bem... É um tristíssimo fim e legado.
É tão estúpido e medíocre que se faz necessário chamar gente realmente talentosa como Brian Azzarello e Andy Kubert para mitigar as contribuições ridículas de Frank Miller, e tentar de alguma forma oferecer certa dignidade e quiçá uma conclusão que nos faça esquecer da escabrosa história de 2001. E é isso.
Não há nada de efetivamente brilhante, não há nada revolucionário e genial... É uma história fraca e sem motivos para existir (não deixe resenhas como a do IGN com um '9,5/10' te enganar)... Mas, verdade seja dita, seria uma continuação muito melhor e digna que o capítulo lançado quinze anos atrás (o que não significa exatamente muita coisa, afinal é muito melhor pisar num cocô de cachorro que pisar num caco de vidro ou num prego enferrujado).
No dia que efetivamente aprendermos o que Alan Moore vem dizendo há décadas sobre Watchmen, talvez a indústria dos quadrinhos se torne um lugar melhor.
Até lá, espere por Maus 2 - A vingança dos ratos, e Lobo Solitário 2100 (opa)...
<<<BONUS ROUND>>>
Daredevil 1 - Charles Soule (roteiros) Ron Garney (arte).
E aqui estamos de novo.
Prum primeiro número é bem ruim.
De volta a Nova Iorque sem qualquer tempo para justificar o retorno após a fase de Mark Waid, um uniforme novo e um parceiro mirim com um uniforme tecnológico meio esquisito.
Difícil gostar, mas é fácil ver potencial para futuras edições e arco. Achei inclusive que é uma noção dessa nova Marvel chupinhar o máximo que dá das versões cinematográficas (ou no caso de série do Netflix) de seus personagens e eu não sei ainda que opinião tenho disso. Até o momento não vi nada efetivamente bom nas mudanças (não, não gosto do Coulson nem nos filmes, vou gostar dele nos quadrinhos?) e particularmente não vejo motivos para elas (ainda que o mercado tenha que se adaptar, acho muito bobo presumir que alguém que não leia quadrinhos vá se animar/empolgar mais se estes forem mais próximos da versão cinematográfica)..
Típico material para esperar um encadernado daqui uns seis meses...
<EDITADO> É... Eu acho que eu não prestei muita atenção na leitura e vi um material morno quando está inclusive abaixo disso...
Somado aos itens do primeiro parágrafo (voltar para NY, a sumida da coadjuvante Kristen McDuffie - Ah, que por sinal Charles Soule já tenta substituir por OUTRA advogada, mas admito que pode ser presunção minha essa suposição - o parceiro mirim) temos o fato que agora a identidade pública do Demolidor, que passou inclusive os últimos anos escrevendo uma biografia e esse foi todo o mote de sua fase na ensolarada Califórnia, voltou a ser secreta!!!
Yep... Não vou mentir, não me empolga pra voltar nem daqui a seis meses. Parece aquela horrível fase do Andy Diggle (inclusive também tinha um uniforme preto naquela época... Coincidência?)
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