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1 de outubro de 2015

{RESENHAS DE QUINTA} O sonho acabou (de novo)

Nota: 9,5/10
Sandman Overture# 6
(Roteiros: Neil Gaiman; Arte: J.H. Williams III. Vertigo Comics, 61 páginas - só porque tem uma prévia)

Dizer que eu me lembro de todos os detalhes das 5 edições pregressas de Sandman Overture é aquela grande e temerosa mentira que eu diria se eu fosse um resenhista sério. Eu não sou.
A primeira edição saiu em dezembro de 2013 e desde então seguiu aquele excelente cronograma de 'de-vez-em-quando-nal' e foi assim que quase dois anos depois estamos contemplando a edição 6.
Verdade seja dita, não é nem de longe motivo para reclamar...

Gaiman já terminou Sandman TRÊS vezes (quando a série acabou em 1996 e com os dois especiais 'Caçadores de Sonhos' e 'Noites sem fim' de 1999 e 2003 respectivamente), além de ser um autor bem mais respeitado e com uma carreira muito bem consolidada, obrigado. AH, e vale lembrar que o roteiro faz questão de apontar claramente que a série terminou três vezes já (sério, tem um pequeno momento no texto em que isso é dito com todas as letras).

É chato, sem dúvida, que demore, mas é compreensível, e, para o fim de um prólogo (que todo leitor um pouco mais atento - e mesmo os menos atentos) já tinha plena convicção de onde a história rumava, não há como causar desapontamento. Não que faltem surpresas e belíssimas passagens, que mesmo seguindo alguns dos 'clichês' da narrativa literária de Neil Gaiman, elas funcionam belamente. 
Ainda mais quando o grande mote e fascínio deste prólogo nem de longe é a narrativa do autor e sim a impecável e monstruosa arte de J H Williams III! Desde as primeiras edições já ficava evidente, e parece que ele foi ficando cada vez mais confortável no assento de motorartista e tenho dificuldades em definir afinal quando e onde Williams está se suplantando ou se é a exposição de seu vasto talento que deixa mais confusa a condição dos limites de sua qualidade.
Veja um exemplo:

J H Williams para Sandman Overture# 6

Destaque também para os monumentais easter eggs que valerá re-releituras em busca de todos (eu vi o personagem Concreto - de Paul Chadwick lançado pela Dark Horse - Morbius - vilão do Homem Aranha - e pelo menos umas três ou quatro homenagens), mas confesso que precisarei reler as outras edições para reparar se não perdi nenhum detalhe (nessa pareceu que o pai dos Perpétuos fora levemente inspirado no barbudo autor Alan Moore, mas não me pareceu assim na edição em que ele tem alguma participação).

O roteiro amarra bem com a série titular (aponta para algumas coisas que eram mencionadas aqui e acolá nos diversos capítulos mas nunca devidamente explicados), ainda que eu não vá dizer nem de longe que entendi o que aconteceu afinal de contas. Faz bastante sentido e é uma explicação devidamente coerente com o canone da série, e é tudo que eu posso dizer por agora.
No fim, quando se trata de Sandman, esse é o único ambiente em que eu tolero a explicação 'foi tudo um sonho'...

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